As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967
5 comentários:
Caro amigo:
Este para mim é o mais belo poema de Manuel Alegre.
"De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade."
Enfrentemos de frente a luta!
Beijinhos
Na verdade Sócrates e Mário Soares
foram os vencedores
Oremos
Os portugueses são pouco dados à poesia. Gotam mais de trafulhas, porque são mais reais.
Como podem perder tempo com alguém que nunca na vida fez nada?
Manuel Alegre chegou ao final do seu percurso político.
A emoção, que tentou conter, representou a certeza desse desfecho.
Sou sincero - sempre me encantou mais como poeta do que como político.
Um abraço
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