segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Só sai derrotado, Quem Vira as Costas à Luta

As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967



5 comentários:

Fê blue bird disse...

Caro amigo:
Este para mim é o mais belo poema de Manuel Alegre.
"De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade."

Enfrentemos de frente a luta!

Beijinhos

Mar Arável disse...

Na verdade Sócrates e Mário Soares

foram os vencedores
Oremos

Anónimo disse...

Os portugueses são pouco dados à poesia. Gotam mais de trafulhas, porque são mais reais.

Anónimo disse...

Como podem perder tempo com alguém que nunca na vida fez nada?

Pedro Coimbra disse...

Manuel Alegre chegou ao final do seu percurso político.
A emoção, que tentou conter, representou a certeza desse desfecho.
Sou sincero - sempre me encantou mais como poeta do que como político.
Um abraço