sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Um texto imperdível...

Quando hoje por volta do meio-dia cheguei ao Casal da Formiga, após uma manhã a despachar a longa lista de compras que a Lurdes Rata reivindicou em tom de ultimato – “ou me arranja material em condições para lhe limpar o curral, ou nunca mais cá ponho os pés!”, notei um inusitado movimento de massas, um aglomerado de vizinhos agitando forquilhas, sachos e podoas, mesmo em frente ao meu portão de chapa zincada castanho-ferrugem.

Por via das dúvidas parei o Ford Capri a uns bons trinta metros do portão e avancei para a pequena multidão sem perceber exactamente o que se passava. “Querem ver que apanharam algum marmelo a fanar-me uma Barca Velha ou um par de alheiras de Mirandela?” – atirei eu a adivinhar. Mas à medida que me aproximava conseguia perceber a disposição hostil da comissão de boas-vindas. Sentia-se no ar um ambiente tenso e começava a cheirar-me a levantamento popular e a sovacos mal lavados.

Encabeçando o povo indignado, a vizinha Carmélia, uma solteirona roliça e de focinho vermelho rubi, que nunca me perdoou não a ter “assediado” numa ocasião em que apareceu lá em casa meio descascada a pedir “um raminho de salsa”, enquanto lânguida passava as mãos pelas mamas e me piscava o olho, dirigiu-se a mim de dedo em riste e tom irado – “o senhor vai ter de nos explicar como é que arranjou dinheiro para comprar um cão novo!” - roncou grosso e curto a líder do movimento. Meio atónito repliquei – “mas… o que é que se passa com o cão?”. A mulher não se fez rogada e continuou – “o senhor tem de explicar ao povo como é que tinha um rafeiro, o Piruetas ó lá que raio é que era, e agora tem um pastor alemão?”.

Como não estava a perceber nada do que se estava a passar, corrigi a mulher – “primeiros não era Pirueta, era Piruças e morreu debaixo dum pneu do Maloio, e segundos o que é que lhe interessa onde arranjei o meu Fidalgo?”

Visivelmente enervada, Carmélia lá continuou a inquirição em “nome do povo” – “e ainda por cima é Fidalgo, vistes!... Deve ter sido baratinho, deve!... O senhor já ouviu falar de “inriquecimento inlícito”, já? Como é que um pelintra como você que nem dá dinheiro à mulher a dias para comprar lixívia, comprou um cão destes que deve ter custado um dinheirão? Só de viagem da Alemanha para cá eu imagino quanto é que não ficou! A ver o que se paga daqui até ao cemitério de Casal Galego no Tumg, eu imagino da Alemanha para cá... upa, upa…”.

Atrás dela o povo parecia acentuar o que a mulher dizia acenado a cabeça de forma concordante e fuzilando-me com o olhar.

Já meio incomodado com o espectáculo a que me estavam a submeter, argumentei – “numa coisa tem razão, sou pelintra, pois se não fosse, já há muito tempo que me tinha mudado para o Pêro Neto, só para não ter de aturar gente desbocada e mal formada como vocês. Alguém tem alguma coisa a ver com que dinheiro é que comprei o cão? Enriquecimento ilícito, eu? Isso só se aplica às pessoas que exercem cargos políticos. Isso é lá mais uma daquelas trapalhadas só para inglês ver e para dar tudo em águas de bacalhau. Os nossos políticos são tão burros e têm tão pouca confiança uns nos outros que não percebem que a credibilidade e a integridade não se decreta, praticasse. Mas afinal o que é que vocês me querem? Querem inverter o ónus da prova?”.

Fez-se silêncio. O “ónus da prova” parecia ter sido disparado com uma bazuca, tal foram os efeitos devastadores sobre a moral dos manifestantes. Carmélia ainda tentou recompor-se e reagrupar as tropas – “você não é político mas pensa nisso todos os dias, ou julga que a gente não sabe que gostava de ser presidente da junta?”.

Assumindo o ar confiante de candidato a presidente da junta levantei o queixo e, colocando a voz declarei alto e bom som: “vêem ao que um homem de bem se tem de submeter só porque foi sério e não quis apalpar aqui a vizinha Carmélia? Vêem o que é que uma pequena velhaca pode fazer para pôr em causa o meu bom nome, só porque tem inveja de eu ter um cão novo?”. Senti que estavam a ser sensíveis aos meus argumentos, só faltava a estocada final. Virando-me de súbito em direcção ao quintal, juntei polegar e indicador e, levando-os à boca, assobiei com quanta força tinha. “Fidalgo, ataca!” - gritei a plenos pulmões. O cão respondeu pronto ao meu sinal e, saltando o muro de um pulo, correu em direcção aos revoltosos, procurando companheiros para a brincadeira. Num ápice todos os vizinhos desapareceram do meu campo visual, deixando no ar um cheiro a derrota e aos tais sovacos mal lavados.

Fidalgo, um pastor alemão com pedigree, brincalhão, divertido e fiel, que apenas se queria divertir, correu para mim de cauda a abanar. Baixei-me e afaguei-lhe a enorme cabeça lustrosa – “nada como um alemão para os pôr na ordem” – segredei-lhe ao ouvido. “Lindo menino!”

Relaxoterapeuta

Este texto foi-me enviado via mail pelo relaxoterapeuta, autorizando-me a fazer dele o que quisesse. É evidente que é esta a melhor utilização que lhe posso dar. Partilhando-o com os meus leitores.Obrigado meu caro.

"Perfilados de medo"

É sabido, Portugal é um país de bons poetas e maus ministros. Pior do que os habituais estadistas, apenas os poetas quando se tornam políticos. No século XIX, resolvia-se a coisa dando aos bardos do regime a pasta do Mar. A Cavaco Silva a poesia é coisa que não lhe assiste, como se diz agora, mesmo tirando algumas tiradas dignas de um surrealismo tardio sobre o “sorriso das vacas”. Em entrevista à TVI, o Presidente-economista deu como adquirido que Portugal necessita fazer esta política de cortes cegos e que está condenado a perder a sua soberania económica. Alexandre O’Neill era poeta e as sua palavras fizeram a autópsia de um país de governantes medíocres e pessoas cujo silêncio cobarde sustentava qualquer ditadura. “Ah o medo vai ter tudo. Tudo (penso que o medo vai ter tudo e tenho medo que é justamente o que o medo quer). O medo vai ter tudo, que se tudo e cada um por seu caminho havemos todos de chegar quase todos a ratos. Sim, a ratos”, escreveu.

O único argumento que os chanceleres europeus e os nossos governantes têm, para impor uma política que vai destruir a economia de todos para dar mais riqueza a muito poucos, é o medo. Depois do estado de choque, da negação, virá a raiva. E algumas pessoas terão a coragem de dizer que preferem ser livres a ser submissas, mesmo que isso seja um caminho mais difícil. A caminhada começa amanhã com as manifestações de 1 de Outubro. Nem toda a gente acha normal ser governada pela Alemanha devido a dívidas que não contraiu e a lucros especulativos que não teve.

Ao jornal i e ao autor desta crónica a devida vénia.
Por Nuno Ramos de Almeida, publicado em 30 Set 2011 - 03:00 Editor-executivo
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Inspiração surripiada daqui

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Hoje é o primeiro dia...


Já por diversas vezes publiquei esta canção do Sérgio Godinho. Hoje faço-o novamente talvez porque, para mim é um dia em que a canção faz mais sentido que nunca.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Manual de Poupança de Água (incompleto)

Água pode aumentar para evitar desperdício
Eu como nunca acreditei que este governo e as personalidades que o compõem resolveriam com alguma eficácia os problemas do País, nem sequer lhes concedi o estado de graça (até porque não achei graça nenhuma à vitória eleitoral que os levou ao poder) tive ontem uma primeira surpresa.

Sim. Disse a nossa ministra do ambiente (e de mais qualquer coisa) a propósito do "eventual" aumento da água «Este recurso tem de ser devidamente valorizado. As pessoas têm de saber que a água custa dinheiro, a água não é para desperdiçar, a água é para ser usada com todo o cuidado e com toda a parcimónia e associar um preço a água favorece comportamentos mais cuidadosos, mais sustentáveis no que diz respeito ao uso do recurso da água».

Eu até já tinha suspeitado que esta ministra ia dar nas vistas com aquela ideia dos desengravatados. Mas agora sim fiquei impressionadíssimo, a pasta está bem entregue. Até porque sabemos que os recursos deste precioso líquido são escassos e também sabemos que a água custa dinheiro. Assim e porque aquela intervenção deixou-me impressionado, peguei num bloco de notas e fiz o esboço de um manual de procedimentos a pôr em prática rapidamente.

1- Banhos: 1 vez por semana e com sabão macaco, para que a espuma não seja abundante e não seja necessária muita água para a retirar do corpo.

2- Fazer a barba: só ao Domingo antes de ir à missa.

3- Utilização da sanita. Só em casos de emergência. Como vivo junto a uma floresta, sempre que possível as necessidades fisiológicas passam a ser lá feitas (dupla poupança, pois também o papel higiénico passa a ser dispensável)

4- Água para cozeduras. Como lá em casa se consome bastante Peixe passa a consumir-se cru (claro que temos que mandar vir um livro de receitas Japonês, espero que haja uma tradução acessível.

5- Beber 1,5 lt de água diariamente como aconselham os médicos (que se lixem os médicos porque não são eles que pagam a respectiva conta). Passa a beber-se só com sede e pouca.

Pronto este vai ser o manual de procedimentos lá de casa no que toca a poupança de água. Claro que ainda é só um esboço, haverá certamente ainda mais qualquer coisa a acrescentar.

Espero que a inspiração “divina” que a Ministra me deu seja acompanhada pelos seus pares nas outras (muitas) poupanças que vou ter que fazer.

Desculpem a "vaidade". Mas esta ministra, foi eleita deputada pelo meu Distrito.

"Uma estratégia para Portugal"

Novo livro
Empresário Henrique Neto apresenta 'Uma Estratégia para Portugal'

Livro 'Uma Estratégia para Portugal', de Henrique Neto, é apresentado amanhã em Lisboa, e dia 6, em Leiria. Mais do que um livro sobre como pagar as dívidas, o empresário da Marinha Grande pretende "dar ideias para fazer crescer a economia" e "desencadear um debate sobre o que fazer" pelo País
Chama-se 'Uma Estratégia para Portugal', é o mais recente livro de Henrique Neto, onde o empresário da Marinha Grande apresenta um conjunto de propostas que podem contribuir para resolver algumas questões relacionadas com a crise "a curto prazo".

"É uma tentativa de resposta à situação de crise, com algumas propostas e estratégia, que é uma das coisas que tem faltado a Portugal", refere Henrique Neto, a propósito do seu livro, apresentado amanhã, em Lisboa, dia 6 de Outubro, em Leiria, e dia 10, no Porto.

Mais do que um livro sobre como pagar as dívidas, Henrique Neto pretende "dar ideias para fazer crescer a economia" e "desencadear um debate sobre o que fazer por Portugal". Um "contributo" em tempo de crise, que pode também ser uma ferramenta de trabalho, pelo que já foi enviada a vários governantes e políticos, nomeadamente ao primeiro-ministro Passos Coelho, ao líder da oposição socialista António José Seguro, e ao ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira.

(Mais informação na edição impressa) Diário de Leiria

Comentário:
Era ainda adolescente quando comecei a ouvir Henrique Neto com atenção. Pela vida fora fui lendo quase tudo o que foi escrevendo, e dizendo. Tive a sorte de ter com ele algumas conversas individuais. Trata-se de uma personalidade controversa. Aliás provoca mesmo a controvérsia para que as soluções apareçam.

Para além de uma grande dose de teoria H.Neto. Fez obra, não se ficando pela teoria. Pela vida fora Estudou, discutiu e propôs opções. Lembro-me de duas entre muitas. O Porto de águas profundas na zona de Peniche e o aproveitamento das vias ferroviárias para o transporte de camiões carregados com um sistema revolucionário de plataformas giratórias que permitia a saída individual de um camião em qualquer uma das gares, sem ter que mover os outros. Claro que não se ficou por aqui. Para além de ter aplicado muitas das suas teorias à prática na sua actividade empresarial (quando se tornou empresário) antes como Director Comercial da primeira empresa de moldes a A.H.Abrantes. Já estava a léguas. Foi já nessa altura que levou a vários cantos do planeta o saber (palavra que usa com grande frequência dando-lhe consistência) dos operários e técnicos da indústria de moldes.

Claro que vou estar numa das apresentações, do livro.

domingo, 25 de setembro de 2011

"Saudade"


Após uns curtos dias de férias pelo meu Oeste, onde me desforrei a ver, ouvir e cheirar o mar, mais uns abusos na rica gastronomia da região e ainda umas valentes sestas, cá estou de volta. No regresso com um desvio por Sintra e uma visita ao cabo da Roca, ainda deu para assistir em Lisboa ao lançamento do livro “Sargos para o jantar", do nosso amigo A.Tapadinhas.

Nesta manhã de Domingo lá estou a tentar pôr a escrita em ordem, tomando contacto com algumas questões de ordem profissional e com o estado das coisas do nosso País. Sinceramente, o pouco que vi não me agradou nada. Dos problemas existentes há uma semana atrás, nenhum foi resolvido, antes pelo contrário. Os desenvolvimentos são bastante desagradáveis.
Estou naquela fase em que apetece ir de férias definitivamente, talvez para a minha imaginária ilha deserta onde não chegassem jornais, televisões e até rádios, nem contas correntes dos bancos, fornecedores e clientes.

Claro que o anterior parágrafo, não passa de um desabafo, até porque não sei nadar e podia ter um ataque de saudade da chamada civilização e também não tenho lá muito jeito para o “faça você mesmo” para construir um barquito capaz de chegar a bom porto.
Pronto cá estou. A luta continua!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mais Um "Ultimo Adeus"

José Niza, médico, político, músico, poeta e produtor musical faleceu esta sexta-feira num hospital em Lisboa, aos 73 anos
Creio que a última vez que publiquei um vídeo com o “ultimo adeus” foi no dia em que partiu o maestro José Calvário. Orquestrador desta canção que vai ficar para sempre na história da música Portuguesa e no seu papel, naquela noite e madrugada libertadora.
Hoje volto a publicá-la com profunda tristeza porque partiu mais um dos que a fizeram. Precisamente o seu autor. José Niza.
Escrevi num comentário no facebook que por trás de um grande cantor há sempre um grande autor. Até sempre José Niza! Obrigado pelo legado que nos deixaste que em parte é desconhecido para muitos de nós.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

CANÇÃO DO MAR


Vou andando por aqui…
Há largos anos que a areia da praia me  faz cócegas nos pés, no entanto não dispenso a vista, o som e o cheiro do mar. Tenho a sorte em viver e trabalhar a poucos minutos do dito. Apesar disso, nestas curtas férias estou junto ao mar. Embora não dispense umas boas sornas, também não dispenso umas voltinhas. Em 3 dias já corri quase todos os cantos de Peniche até à Ericeira. O mar é uma coisa linda. Cada canto tem a sua personalidade, o seu som e o seu cheiro. Talvez no regresso, Sábado dê um salto a Lisboa e vá comprar “Sargos para o Jantar”. Até lá!

domingo, 18 de setembro de 2011

Amanhã


Se não aparecer por aqui uns dias, apenas se deve ao facto de presumivelmente estar de férias. Mas vou andando por aí.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

“Porra” deixem-nos ser felizes!

Uso como titulo deste post parte dum comentário que ontem fiz num blogue amigo.
Creio que a não ser que enterremos a cabeça na areia, as notícias que nos vão chegando das mais variadas formas, contribuem para que a tristeza se esteja a instalar no quotidiano dos Portugueses. Se as coisas já não estão fáceis e muitos de nós já sentimos directamente o efeito da chamada “crise” o que está para vir aumenta a nossa ansiedade colectiva, como há muito não se via.

Interrogo-me todos os dias sobre o meu (previsivelmente curto) futuro. Ao ler, ouvir e até a escrever, não consigo já esconder as lágrimas que teimam em aparecer. Os sonhos que acalentei durante uma vida de trabalho (já lá vão 46) teimam em tornar-se  pesadelos.
Sei que muitos, mas mesmos muitos dos Portugueses passam por muitos maus dias. Sei que a esperança de dias melhores é uma miragem. Todos os vaticínios que vamos ouvindo só aumentam a nossa angústia.

Mas a grande questão é o que fazemos para alterar o sentido das coisas. Costumo defender a ideia de que na nossa Democracia os políticos têm um papel determinante no destino do País.
Será que só nos resta esperar pelas próximas eleições para como dizia Saramago “escolher um governo que talvez seja melhor”. Não! É necessário fazer mais!

Lembro as três palavras que a revolução Francesa consignou como princípios universais: Liberdade, Igualdade e fraternidade.
Que usemos a nossa liberdade (duramente conquistada) para “forçar” a que haja mais igualdade e que a fraternidade não seja uma palavra vã.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Utopia

As canções, cantigas e músicas de Zeca Afonso vão estar presentes no nosso quotidiano durante muito e muito tempo. No meu post anterior tentei chamar a atenção para o descrédito em que a “nossa” classe política caiu e os perigos a que isso nos pode levar.

Zeca Afonso esteve em todas. Onde se lutava contra o Fascismo ele estava lá. Onde, já depois de Abril, se lutava pela construção e consolidação da Democracia ele estava lá. Onde se construía (ou tentava) a unidade popular, também. Zeca esteve em todas. Zeca foi um “desalinhado”. Zeca nunca se deixou agarrar por uma qualquer oligarquia política partidária. Lutou junto, com toda a esquerda.

Talvez esta canção, deva mais do que nunca de ser lembrada. Zeca teve a utopia de que um dia a esquerda estaria unida e construiria um mundo novo sem exploração do homem pelo homem. Zeca teve a utopia de que se construiria um mundo em que os homens fossem tratados de igual por igual. Zeca teve a utopia de que um dia não haveria mais guerras e não havia mais seres humanos a matar os seus irmãos. Deixou-nos sem ver isso realizado. Ouçamos então Zeca cantar a “Cidade sem muros nem ameias”.

Clique no botão da direita para ver o vídeo

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Acreditar ou não, nos políticos?

Uma das expressões muito ouvida e lida hoje em dia é da que “não Acredito nos políticos” com as mais diversas variantes.
Na verdade, o comportamento de uma remessa de políticos que nos têm calhado na rifa não abona nada em favor dos políticos em geral. Mas isto deve levar-nos a achar que o nosso regime democrático pode prescindir desta “classe”? Sem políticos quem é que nos governaria?
Talvez optássemos por militares como em parte da América latina e África. Talvez por burocratas (o que já acontece em parte). Sendo assim também prescindiríamos de eleições.

Estou convicto que o problema não está nos políticos. O problema está na nossa capacidade de os escolher, ou seja de escolher os mais sérios e mais capazes. Quando falo em escolher, incluo também a escolha no interior dos partidos (pelo menos naqueles onde aparentemente isso é possível).

Vivemos tempos em que a militância política está adulterada. Vivemos tempos em que a luta pela defesa das ideologias que cada um “professa” tem sido substituída pela troca de favores e a luta por lugares no chamado aparelho de Estado. Sim também eu detesto estes Políticos.

Está na nossa capacidade de discernimento, sempre que a isso somos chamados, escolher os melhores. Até porque qualquer outra solução podia-nos sair muito cara. Da última vez custou-nos 48 anos de ditadura fascista.

Ontem mesmo, aqui e muitos outros lugares foi recordado o golpe militar de 11 de Setembro de 1973 no Chile, onde os políticos foram duma forma sangrenta, substituidos pelos militares.

PELO FIM DAS GUERRAS

domingo, 11 de setembro de 2011

Os 11 de Setembro(s) que povoam as nossas Memórias...

Não sou muito de recordar datas, prefiro (ou habituei-me mais a fixar-me nos acontecimentos) mas hoje as más recordações de 2 datas coincidentes no dia e no mês fazem-nos lembrar 2 acontecimentos que a humanidade dispensava. Se os trago aqui não é por qualquer vontade de os lembrar e muito menos de fazer lembrar. Mas olhando para o Mundo e as manifestações de intolerância que vemos por aí, fazem-me temer que as "razões" que fizeram com que no Chile se abafasse uma jovem democracia num banho de sangue às mãos dos Fascistas comandados pelo sanguinário Pinochet com o apoio, colaboração e financiamento (hoje mais que comprovado dos então dirigentes dos EUA) e o outro 11 de Setembro levado a cabo por um grupo de fundamentalistas às ordens do sanguinário Osama Bin Laden, usando a Al Qaeda como exército movido por princípios fundamentalistas, mandou executar.

Nestes 2 acontecimentos que a humanidade hoje recorda com mágoa e em que muitos choram a perda de milhares de vidas humanas, seria de bom tom que os homens de boa vontade, se unissem para que este tipo de acontecimentos fosse abolido para sempre dos "medos" que infelizmente teimam em acompanhar-nos.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

XVIII Congresso Nacional - Partido Socialista

Realiza-se este fim-de-semana o congresso do PS.

Talvez porque não se esperam grandes novidades a imprensa pouco eco tem dado a esta iniciativa Partidária.

Por mim que de vez em quando meto o bedelho em questões internas de outros partidos, nomeadamente neste, considero que apesar do pouco “falatório” à volta do congresso referido, este é dos mais importantes. Pois o mesmo realiza-se quando o PS se encontra fora da área do poder. Os delegados, os batedores de palmas “militantes”, desta vez não o vão fazer para dar nas vistas com a esperança de que alguém neles repare e assim fiquem a jeito de um lugarzito, que quando se está no partido do poder, sempre se arranja nem que seja como adjuntos de uma qualquer governador Civil ou Presidente de Câmara Municipal.

Espero que para além dos órgãos a ser eleitos, da moção de estratégia ganhadora, o PS consiga fazer neste congresso as pazes com o seu passado recente. Seria quanto a mim muito mau que não houvesse a coragem e lucidez de analisar as razões que levaram a que o PS fosse apeado do poder o que levou a que hoje tenhamos o governo mais à direita e mais liberal (para não dizer (ultra) do Portugal de Abril. Passar uma esponja para só tirar a poeira à superfície não chega, sob pena de não conseguir recuperar os apoios eleitorais e não só, de que tanto precisa.

Estou atento e vou esperar com alguma expectativa.

Pois...

Não sei porquê mas algumas notícias de ontem a propósito do corte na comparticipação da pílula contraceptiva, só me faziam lembrar este poema da saudosa Natália Correia.
“Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -

Uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.”

(Natália Correia - 3 de Abril de 1982)

João Morgado, Deputado do CDS disse na Assembleia da Republica, no Dia 3 de Abril de 1982, no debate obre a Despenalização do Aborto, assim:

«O acto sexual é para ter filhos»
A resposta de Natália Correia, Deputada, disse como resposta e em poema, o anterior descrito que fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção!
Foi publicado depois, pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Cidade

15º tema do novo álbum de António Crespo. Letra de Ary dos Santos, música de José Afonso, arranjo e acompanhamento de Rui Pato. (Setembro de 2011)

Ary dos Santos

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O trabalho “sujo”. Palpites…

Enquanto os principais “chefes” do actual governo vão andando por aí sem dar muito nas vistas, os holofotes vão sendo focados no Ministro das Finanças, que tem o “pesado fardo” de ir anunciando e explicando (mal) o conjunto de medidas tomadas e a tomar para que não só seja cumprido o acordo com a Troika, mas que o mesmo o seja por excesso.

Esta noite consegui ouvir do princípio ao fim a entrevista que concedeu ao jornalista José Gomes Ferreira. Ao contrário do efeito habitual, desta vez conseguiu foi tirar-me o sono.
Estamos perante alguém que tem mostrado não só uma insensibilidade social sem precedentes, um desconhecimento da realidade (fora das folhas do Excel) e deve usar tampões nos ouvidos pois nem os seus pares parece ouvir.

Palpito que é o homem que foi “contratado” para fazer o trabalho sujo. De tal forma que o seu eventual substituto a curto ou médio prazo, até fique com alguma folga para vir a fazer “boa figura” tal a gravidade das medidas que o Dr. Vítor Gaspar vai tomando. Cheira-me que é um Ministro a Prazo.

Não podemos é esquecer que todo o Governo é com ele solidário e igualmente responsável pelas consequências desastrosas deste ataque à nossa débil economia.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

3 Meses depois

Faz precisamente hoje 3 meses que a correlação de forças se alterou em termos eleitorais. A direita depois de fazer eleger o seu Presidente também ganhou as eleições. Um sonho perseguido durante décadas, foi atingido. Uma Maioria, um Governo e um Presidente.
Sou dos que pensa que esta “vitória” não se deveu ao mérito da direita, mas sobretudo ao desmérito da esquerda.
Falar do passado só faz sentido se for para perceber e corrigir os erros ou encontrar desculpas e justificações para a aplicação das tais medidas ”necessárias” consoante o campo em que nos encontremos.

Pode-se questionar se em termos democráticos é correcto começar a virar a artilharia para um governo que praticamente ainda não aqueceu as cadeiras dos lugares onde se sentam os seus Ministros.
Infelizmente este é daqueles casos em que não dá tempo para o tradicional estado de graça, tal a desgraça que já se começa a sentir por um conjunto de medidas que ainda nem deu tempo para sentir na pele (na generalidade) mas que cujos efeitos já são mais que evidentes e ainda são só uma amostra.

Põe-se a questão. Será legítimo que a oposição, quer a Política-Partidária quer a das organizações sindicais, mais as desenquadradas dos sistemas tradicionais, mas que têm surgido e mostrado alguma dinâmica, deve ser tida em conta?

Apologista da intervenção política e social também fora do âmbito Partidário, no nosso sistema político terão que ser os partidos a tomar em mão “aquilo que tem que ser feito”.

Há de facto que fazer algo para travar o passo àquilo que dá pelo nome de governo mas mais se assemelha a uma comissão liquidatária. Estarão os Partidos tradicionais de esquerda em condições de o fazer? Acho que sim. Mas primeiro têm que fazer as pazes com o seu passado, assumir os erros que não estão esquecidos e sobretudo vencer o “vício” que pelos vistos ficou do “orgulhosamente sós”.
Estão programadas algumas acções de protesto. É de lamentar a divisão e que não se façam esforços para que a unidade de objectivos seja conseguida. Talvez assim se vão mantendo ocupados os profissionais destacados para ir fazendo render a fruta e aí talvez se possa dar mais força à ideia de que as receitas do passado estão dentro de prazo.

domingo, 4 de setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

Está na hora da caminha!

Alguém devia reduzir a voz do Vítor Gaspar a comprimido e vendê-la nas farmácias.

Mas doses moderadas, muito daquilo pode meter uma pessoa em coma!
Se virmos bem, deve ser uma competência que o homem adquiriu depois de se tornar Ministro deste governo. Uma mutação derivada da Selecção Natural. Alguém que nos dá tantas más notícias e de uma forma tão concentrada, tinha mesmo que ter uma voz indutora de sono. As pessoas bem querem atirar-lhe coisas ou cortar os pulsos, conforme se encontrem ou não perante a sua pessoa, mas o super poder do Gaspar mantêm-no, a ele e a nós, a salvo.

Admirável, é o que vos digo!
Este homem devia ter sido enviado para o meio dos tumultos de Londres. Qual canhão de água, Vítor Gaspar neles!

Surripiado aqui

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Há festa na outra Margem...


Há 35 anos um grupo de jovens subia pela primeira vez a um palco. O evento era a 1ª festa do Avante. Nunca confirmado mas diz-se que o nome da banda TROVANTE foi escolhido de propósito para a festa: Trova +Avante.

Na verdade o 35º Aniversário dos Trovante coincide com o 35º Aniversário da Festa do Avante, sem dúvida o maior acontecimento Político – Cultural do nosso País. Partilho da expressão "não há festa como esta”.

Muito se tem escrito e estudado sobre este acontecimento que desde 1976 se repete (se a memória me não falha, apenas foi interrompida 1 ano). Embora organizada pelo PCP esta é uma festa que recebe a visita de pessoas de todos os quadrantes políticos e aí sim é possível ver como o PCP consegue mostrar que é um grande partido quer se goste muito, pouco ou até nada. Mas é sem dúvida um partido insubstituível na sociedade Portuguesa.

Para os interessados aqui fica o Programa.  

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Que Força é essa amigo!


Sergio Godinho (o Irmão do Meio) um dos grandes cantautores Portugueses fez ontem anos. Soube-o aqui. Quando nos apetece dizer algumas coisas e não saem, nada como ouvir uma canção que apesar de já ter uns anitos está perfeitamente actualizada. (digo eu).