sábado, 31 de janeiro de 2015

Servir ou servirmo-nos?

Embora não me tenha apetecido muito escrever neste local nos últimos tempos, na verdade não deixei de ser um cidadão atento ao que por aqui e ali  se vai escrevendo. Na verdade tudo o que podia dizer já o foi dito e não acho que tenha jeito para dar a volta aos textos e por isso vou-me limitando a ler, aprovando ou deixando passar.

Retirado há largos anos da política activa (directa) nacional e local nunca deixei de estar atento e intervir quando para isso o meu dever de cidadania mo impõe.
Habituado desde muito cedo às referências de mulheres e homens que deram o melhor de si próprios para que um dia pudéssemos usufruir do melhor que a democracia conquistada naquela gloriosa madrugada de 25 de Abri de 1974, é sobre a política local que hoje me apetece deixar umas notas de tristeza e desalento.
Naqueles dias a seguintes em que a estrutura do estado fascista ruíam, recordo que havia que substituir a estruturas autárquicas fascistas por as que emanavam da nova ordem democrática não havia tempo para escolher entre os oferecidos mas sim escolher entre os democratas com provas dadas para preencher os lugares deixados vagos pelos serventuários do regime deposto (muitos deles em fuga). Sem qualquer pesquisa e usando só a memória, recordo infelizmente com saudade os primeiros homens (certamente que vão passar alguns) que constituíram a 1ª comissão administrativa da camara municipal da Marinha Grande. O Vareda Pedroso, o Barata, o José Bizarro (presumo quem também já o Emílio Rato) e outros que neste exercício de memória não recordo e nem este texto tem esse objectivo.
Poderia também incluir aqui, mas tornaria este post demasiado longo, os grandes autarcas que a Marinha grande conheceu, eleitos nas eleições que se seguiram.

Mas no fundo, no fundo o que me motiva a escrever estas linhas é o facto de 40 anos depois de Abril, 40 anos depois de haver eleições locais democráticas constatar que numa terra com as tradições que servem para que esta terra se afirme no panorama nacional, como um exemplo no panorama do poder local, deixou de o ser. Apesar de manter com todos os eleitos no executivo municipal, amizades criadas ao longo do tempo e em determinadas circunstancias, não posso deixar de transmitir uma sensação de tristeza e até uma certa vergonha pela actual situação que bloqueia os interesses da minha terra.

Citei alguns nomes que deram muito ao poder local, podia citar muitos outros nos tempos em que estar na política era para servir e não para se servirem. 

Nota: A foto ( retirada da net.) que uso para ilustrar este post está ligeiramente inclinada. Podia ter escolhido outra, entre muitas disponíveis, mas foi de propósito.