quarta-feira, 30 de maio de 2012

Vitorino moda revolta 1

Como isto de inspiração e tempo anda fracote, vou-vos dando musica, com conteúdo (penso eu)
Música e letra: Vitorino
piano e arranjo musical: Sérgio Costa

terça-feira, 29 de maio de 2012

Nova Feira da Ladra


Letra de Ary dos Santos. Originalmente cantado por Carlos do Carmo, com musica de Frederico de Brito.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Assassínio Premeditado


Embora me pareça que micros, pequenos e médios empresários não andem muito pela blogosfera, parece-me que este é um assunto pertinente.

Gosto pouco de pessoalizar, mas na verdade depois de descontar para a S.Social, 45 anos 24 dos quais por conta de outrem, se a situação económica continuar a degradar-se à velocidade do ultimo ano, sou um sério candidato a ser mais um pequeno empresário a falir e naturalmente com a actual lei, não terei direito à reforma e muito menos a subsidio de desemprego, situação em que estão neste momento dezenas de milhares de pequenos empresários, especialmente aqueles que ao longo da vida não conseguiram amealhar o suficiente para uma velhice com o mínimo de dignidade.

Mas se os meus caros pensam que esta noticia me agrada alguma coisa, enganam-se. Antes pelo contrário. Não passa da confirmação de que para as bandas do actual governo é ponto assente de que as falências vão continuar com todas as consequências que conhecemos. Medidas para evitar este verdadeiro “assassínio premeditado” é que eram necessárias e aí o que vamos vendo não passa de  pura retórica.
Que País é este, que "gente" é esta que o “governa”?

sexta-feira, 25 de maio de 2012

José Mário Branco 70 anos

Para quem nunca deu grande importância aos seu próprios aniversários e passou muitos, quase sem dar conta, não fosse um ou outro telefonema de um familiar ou amigo, hoje graças às novas tecnologias começa a ser difícil a gente esquecer-se (ou fazer-se esquecido) do aniversário dos mais próximos e daqueles que não sendo próximos em termos sanguíneos ou de intimidade acabam por nos ser muito queridos.
De facto acho que assisti a 2 ou 3 espectáculos ao vivo com o José Mário Branco, o mais próximo que dele estive foi da plateia para o palco.
No entanto o J.M.B faz parte dum leque de cantores que marcou a minha vida e a forma de nela estar.
Muito se poderia escrever sobre este cantaautor, maestro, compositor, orquestrador encenador e mais uma série de coisas que não faço intenção de para aqui trazer, porque outros mais conhecedores e entendidos certamente o farão.
No entanto não poderia deixar de prestar aqui a minha homenagem ao José Mário e agradecer-lhe o facto de um dia me ter feito perceber que a “Cantiga é uma Arma”



Nota:
José Mário Branco compôs para a peça "A Mãe" de Bertolt Brecht  pelo grupo de teatro A Comuna e gravou um disco com o nome da peça, i em 1978. Esta é uma das canções que como todas tem música do Zé Mário e as letras também baseadas nos textos de Brecht.

As canseiras desta vida

As canseiras desta vida
tanta mãe envelhecida
a escovar
a escovar
a jaqueta carcomida
fica um farrapo a brilhar

Cozinheira que se esmera
faz a sopa de miséria
a contar
a contar
os tostões da minha féria
e a panela a protestar

Dás as voltas ao suor
fim do mês é dia 30
e a sexta é depois da quinta
sempre de mal a pior

E cada um se lamenta
que isto assim não pode ser
que esta vida não se aguenta

-o que é que se há-de fazer?

Corta a carne, corta o peixe
não há pão que o preço deixe
a poupar
a poupar
a notinha que se queixa
tão difícil de ganhar

Anda a mãe do passarinho
a acartar o pão pró ninho
a cansar
a cansar
com a lama do caminho
só se sabe lamentar

É mentira, é verdade
vai o tempo, vem a idade
a esticar
a esticar
a ilusão de liberdade
pra morrer sem acordar

É na morte ou é na vida
que está a chave escondida
do portão
do portão
deste beco sem saída
qual será a solução?

Obrigado José Mário Branco por tudo o que nos deste e que assim continueis por muito, muito tempo!

Pedro Barroso-Partido

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Na Grécia, o povo é quem mais ordena


Carta aberta aos Presidentes do Parlamento Europeu, da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional


Nas eleições de 6 de Maio o povo grego exprimiu democraticamente a sua vontade, manifestando a sua oposição às condições impostas pelo programa de assistência financeira. Essas condições lançaram os gregos no desespero e na miséria. Pela sua brutalidade, as medidas do programa estão a dilacerar a sociedade grega, provocando rupturas incompatíveis com uma recuperação social e económica que salvaguardem padrões de vida aceitáveis para a dignidade de todo o povo.

Goradas as negociações para a constituição de um governo, os gregos vão regressar às urnas no próximo dia 17 de Junho. Trata-se de uma decisão enquadrada nas regras democráticas daquele país. Porém, está a assistir-se da parte dos mais altos representantes das instâncias internacionais a declarações que em nada facilitam uma solução ajustada à situação que se vive naquele país. Pelo contrário, as tomadas de posição já conhecidas vão no sentido de influenciar e condicionar a liberdade de escolha e decisão dos gregos, ao colocar na agenda política, ao arrepio dos tratados europeus, a sua saída da zona euro com todas as consequências daí decorrentes.

Por outro lado, no mesmo sentido da consulta eleitoral na Grécia, os resultados das consultas eleitorais realizadas recentemente em França, na Alemanha, em Itália e no Reino Unido deram um sinal inequívoco de que também naqueles países as populações estão a rejeitar as medidas de austeridade que lhes querem impor em nome de um ajustamento orçamental cujos exemplos já conhecidos em nada estão a contribuir para melhorar as economias, nem sequer se revelam úteis para atingir o apregoado objectivo de resolver o problema das suas dívidas públicas.

Por estas razões, os signatários desta carta aberta entendem que nas actuais circunstâncias se deve expressar todo o apoio e solidariedade ao povo grego, exigindo o cancelamento das medidas de austeridade que lhe foram impostas. Entendem também que os governos europeus não devem poupar esforços junto da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu para serem encontradas soluções que aliviem a tensão vivida em toda a Europa. Exigem, finalmente, que sejam respeitados os resultados das eleições de 17 de Junho enquanto escolha democrática do povo grego. 

Lisboa, 23 de Maio de 2012

 

terça-feira, 22 de maio de 2012

Os globos de trapo

Que tenho a ver com tamanha enormidade de pífia imitação de riqueza?
Que temos que ver com a fortuna esbanjada em vestidos e smokings perfumados, provavelmente emprestados, alugados, trocados por favores, proclamadores de griffe?

Quantos destes tecidos são apenas anúncio sem jeito de uma fama que brilha factuamente por uma noite na constelação de estrelas sem norte, numa sociedade sem azimutes?

Que me importa que se badalem e estimem, que se proclamem e exibam, que se flagelem de prendas e elogios, que levantem prémios designados por quem sabe o segredo maior de todas as coisas, ultima porta ao lado das entradas de cavalo, favor de todos os lóbis, concentração pouco plural de pesadelos e serviços?
 Que linda e fútil é a nossa sociedade, construída com fundamento na moda, no mostra hoje que amanhã não sabemos, e na post modernice mais larvar e imbecil da criação?
 Que artistas tao geniais recebem tantos elogios, sempre os mesmos?

Que gente é esta, vestida de boa, esmoleres criaturas ignorando a crise e o desemprego, ignorando os próprios sem abrigo que mais logo à noite, na mesma rua do Coliseu, farão de uma caixa de cartão apartamento e da raiva loucura e do sonho bebedeira, para esquecer e não lembrar a vida perdida?

Quantos são afinal os que mandam nesta fantochada requentada e triste? Quem acredita que aqueles sejam mesmo os maiores do ano, da vida, da década ou do Mundo que dê o primeiro passo.
Ali nunca premiariam nem Gil Vicente, nem Luiz Pacheco; nem Zeca, nem Adriano; nem Damião de Gois nem o pobre Luiz Vaz. Nem Jorge de Sena nem Vergilio Ferreira. Provavelmente, arrisco de propósito - para acusação maior de hipocrisia total – se calhar ali nunca venceria em vida Bernardo Sassetti.

Ali vive-se a aurea mediocritas do que temos. E tenta ocultar-se a pobreza por um dia, como se o pais fosse a TV e o sucesso uma pilha de favores encadeados sob a forma de um êxito vago e sem memória. Algumas editoras escolhem entre elas e distribuem o grupo do ano. Poucas. Para o ano a coisa roda e seremos todos felizes.


Oh senhores! Querem a canção do seculo? A pedra Filosofal, talvez. A coragem do século? Humberto Delgado, talvez Salgueiro Maia. O letrista do seculo? Ary!
Esses sim; esses são os meus maiores.
Esses serão para sempre os Globos de ouros de uma outra Gala, de um outro país que não é aquele que ali, só muito supostamente, está presente.
Pedro Barroso

domingo, 20 de maio de 2012

Vida Tão Estranha


Do álbum de Rodrigo Leão, «A Mãe» apresentado em concerto no Casino Estoril. Em palco, o compositor esteve acompanhado do Cinema Ensemble, da Sinfonietta de Lisboa e de dois convidados internacionais.

Diabo na Cruz - Fronteira

sábado, 19 de maio de 2012

Barregues ou não barregues…

Quem me contou esta estória garante que é verdadeira, portanto vendo-a ao mesmo preço.
 Algures numa terrinha aqui perto um pequeno agricultor tinha uma Cabra (a que deu o nome de Môcha) todos os dias tirava o leite necessário para as necessidades da casa. Era auto-suficiente em leite e queijo.

Um dia a cabra já idosa acabou por morrer.

Imediatamente tratou de a substituir. Procurou nas imediações, uma substituta e lá comprou uma Cabra em idade de rapidamente substituir a anterior nas necessidades lacticinosas lá de casa.
Habituado a todos os dias mugir duas vezes  a Cabra anterior, tentou instituir a mesma rotina .
Mas nada! Bem apertava a presumível teta do animal. Nada nem um pingo. A única coisa que conseguia obter eram uns lancinantes barregos do animal ao que respondia já desesperado: Barregues ou não barregues hás-de dar tanto como a Môcha!

Um vizinho já cansado de ouvir o animal barregar tanto, aproximou-se do curral onde o agricultor andava há vários dias ingloriamente a tentar obter o precioso líquido, perguntando o que é que se passava. O Homem lá contou a estória, a Cabra velha morreu, comprou uma nova e a dita não se dispunha a dar leite.
O vizinho olhou, deu uma espreitadela e rematou. Ó vizinho! Você a apertar os tomates ao bicho dessa maneira ainda mata o animal.

Conclusão: É preciso saber onde espremer!

Lembrar Catarina Eufémia 58 anos depois do seu cobarde assassinato.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Até apetece "Vir para a rua Gritar"

Conselho de Redacção do "Público" acusa Relvas de pressões.

O ministro adjunto dos Assuntos Parlamentares terá ameaçado promover um boicote de todos os ministros ao jornal Público e divulgar na internet detalhes da vida privada da jornalista Maria José Oliveira, revela um comunicado assinado hoje pelos membros eleitos do Conselho de Redação do jornal. As ameaças, confirmadas pela direção do jornal, terão sido feitas para o caso de ser publicada uma notícia que desenvolvia o tema das contradições no testemunho do ministro na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, na passada terça-feira. VER MAIS

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Coro dos Mineiros de Aljustrel e uma 5ª Feira da Ascenção que povoa as minhas memórias

Hoje por aqui na minha Marinha Grande gozou-se o feriado municipal. Um feriado tem sempre uma razão de ser e existir. Sei que é a quinta Feira da Ascensão que se comemora na quinta-feira, 40 dias depois da Pascoa. Trocado por miúdos quer dizer que … fica para os entendidos.

Na verdade desde muito miúdo que me lembro de ser um dia especial. Dia de pic nic expressão mais modernaça., na altura era de almoço e consequente merenda. De facto foi e ainda é um dia especial.

Pena que por razões político-ideológicas a seguir ao 25 de Abril o local de eleição para a comemoração deste dia, o lugar do Tromelgo ( um local de intenso arvoredo na mata nacional de Leiria) tenha sido trocado por vários locais consoante a opção politico partidária de cada um dos comensais e respectivos acompanhantes. Claro que a Mata é muito grande e dando uma volta acaba por se ver isoladamente mais gente fora dos habituais locais de concentração do que nos tradicionais. Injustamente, não referi o parque das merendas na Portela que acabou por se tornar o local de eleição e ali ninguém “manda” visto que a organização tem sido da junta de freguesia independentemente da força política que a dirige.

O vídeo que acima publiquei mostra um dos grupos corais do nosso Alentejo. A primeira vez que os vi e ouvi ao vivo foi precisamente numa da quintas feiras de ascensão gozadas em liberdade. Não recordo se a primeira ou a segunda. Recordo sim de ter sido um dos motoristas de um dos carros que foi a Aljustrel, busca-los e levá-los de volta. Dado que não havia auto-estradas, calculo que terá sido para aí um percurso de ida e volta de 800/900 Km. Valeu a pena!

Antes do adeus

Antes do adeus
Cipriano Justo (Dirigente da Renovação Comunista)

É antes do adeus que se prepara o dia seguinte.
Ao fim de pouco mais de dez meses, a direita e o seu governo mostraram o resto do programa político que não ousaram revelar durante a campanha eleitoral de Junho passado. O rol das medidas já aplicadas e as intenções já enunciadas passaram a fazer parte do quotidiano dos portugueses, acordam com elas, deitam-se com elas, são o seu pesadelo constante. A incerteza e a imprevisibilidade são diariamente servidas em doses tais que tornam qualquer plano de vida um exercício especulativo. Quando a um programa de austeridade se associa um plano de transformação profunda da sociedade, dificilmente se pode deixar de pensar nos piores momentos da história europeia e de recordar o que eles representaram para milhões de homens e mulheres.

Nem se pode dizer que a direita e o seu governo não desejassem esta oportunidade e a tivessem aproveitado para por em prática o seu programa ideológico extremo. A partir da declaração de um alto dirigente do PSD, a 11 de Março de 2011, de que “ou há eleições no país ou no partido”, articulada com o discurso de Cavaco Silva na sua tomada de posse, a 9 de Março, ficou claro que, qualquer que fosse a conjuntura daí para diante, a direita só tinha um objectivo: a tomada do poder. É, por isso, de uma inusitada cobardia política andar a esconder-se sistematicamente atrás de José Sócrates, qualquer que seja o juízo que se faça sobre a sua governação, sempre que tem elevar o programa de ajustamento ao quadrado. Ela sabia o que a esperava. Tinha acesso privilegiado à informação sobre a situação do país, e sob a capa de um elevado espírito patriótico negociou o orçamento de Estado para 2011, discutiu com os representantes da UE, FMI, BCE os termos da assistência financeira e rubricou o respectivo memorando de entendimento.

Estando as medidas do governo a gerar as piores rupturas sociais de que há memória em trinta e oito anos e sendo crescente o seu isolamento político, de que os acontecimentos que rodearam as celebrações do 25 de Abril são só um sinal, é legítimo começar-se a questionar desde já como vai ser o dia seguinte. Porque, ao contrário do que se possa imaginar, os efeitos das medidas de austeridade não se fazem sentir exclusivamente na altura em que são tomadas, elas têm um efeito multiplicador, durando e deixando marcas indeléveis muito para além  da sua duração. Se não se voltarem a repor as garantias sociais que foram sendo conquistadas e construídas, a sociedade portuguesa dificilmente conseguirá reconhecer-se de mais uma longa noite que esta política está a provocar, tal é a violência das suas consequências. É sobre isto que o centro-esquerda e a esquerda têm a obrigação de pensar. O patamar em que os portugueses se encontram está tão baixo e já são tão básicas as necessidades de cooperação, que fazer das divergências partidárias o essencial das diferenças programáticas é, nas actuais circunstâncias, deixar os respectivos eleitorados sem resposta à actual situação. Quando do que se trata é de examinar o que de comum existe e em que medida pode representar uma alternativa ao programa da direita.

Iniciando-se em finais de 2013 um novo ciclo eleitoral, que se irá prolongar até 2016 se os calendários se cumprirem nas suas datas, o que não é certo, sobretudo no que respeita ao de 2015, é avisado que o centro-esquerda e a esquerda comecem desde já a deitar contas ao seu significado político. Para que a estabilidade e a previsibilidade regressem à vida dos portugueses, e a austeridade veja os seus dias contados.

Publicado no jornal ( Publico de ontem)

quarta-feira, 16 de maio de 2012

"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"

Francisco Fanhais interpreta uma canção de Geraldo Vandré

Para não dizer que não falei de flores"

Caminhando e cantando
 E seguindo a canção
 Somos todos iguais
 Braços dados ou não
 Nas escolas, nas ruas
 Campos, construções
 Caminhando e cantando
 E seguindo a canção

Vem, vamos embora
 Que esperar não é saber
 Quem sabe faz a hora
 Não espera acontecer

Pelos campos há fome
 Em grandes plantações
 Pelas ruas marchando
 Indecisos cordões
 Ainda fazem da flor
 Seu mais forte refrão
 E acreditam nas flores
 Vencendo o canhão

Vem, vamos embora
 Que esperar não é saber
 Quem sabe faz a hora
 Não espera acontecer

Há soldados armados
 Amados ou não
 Quase todos perdidos
 De armas na mão
 Nos quartéis lhes ensinam
 Uma antiga lição:
 De morrer pela pátria
 E viver sem razão

Vem, vamos embora
 Que esperar não é saber
 Quem sabe faz a hora
 Não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas
 Campos, construções
 Somos todos soldados
 Armados ou não
 Caminhando e cantando
 E seguindo a canção
 Somos todos iguais
 Braços dados ou não

Os amores na mente
 As flores no chão
 A certeza na frente
 A história na mão
 Caminhando e cantando
 E seguindo a canção
 Aprendendo e ensinando
 Uma nova lição

Vem, vamos embora
 Que esperar não é saber
 Quem sabe faz a hora
 Não espera acontecer

terça-feira, 15 de maio de 2012

MANIFESTO PARA UMA ESQUERDA LIVRE

Portugal afunda-se, a Europa divide-se e a Esquerda assiste, atónita.
As raízes desta crise estão no desprezo do que é público, no desperdício de recursos, no desfazer do contrato social, na desregulação dos mercados, na desorientação dos governos, na desunião europeia e na degradação da democracia.

Em Portugal e na Europa, a direita domina os governos, as instituições e boa parte do debate público. A direita concerta-se com facilidade, tem uma agenda ideológica e um programa para aplicar. A direita proclama que o estado social morreu e que os direitos, a que chamam adquiridos, são para abater.

Em Portugal e na Europa, a esquerda está dividida entre a moleza e a inconsequência. Esta esquerda, às vezes tão inflexível entre si, acaba por deixar aberto o caminho à ofensiva reacionária em que agora vivemos, e à qual resistimos como podemos. Resistir, contudo, não basta.

É necessário reconstruir uma República Portuguesa digna da palavra República e construir uma União Europeia digna da palavra União.

É preciso propor aos portugueses, como aos outros europeus, um horizonte mais humano de desenvolvimento, um novo caminho para a economia e um novo pacto de justiça social.

É possível fazê-lo. Uma esquerda corajosa deve apresentar alternativas concretas e decisivas para romper com a austeridade e sair da crise, debatidas de forma aberta e em plataformas inovadoras.

A democracia pode vencer a crise. Mas a democracia precisa de nós.

Apelamos a todos aqueles e aquelas que se cansaram de esperar – que não esperem mais.

É a nós todos que cabe construir:

UMA ESQUERDA MAIS LIVRE, com práticas democráticas efetivas, sem dogmas nem cedências sistemáticas à direita, liberta das suas rivalidades, do sectarismo e do feudalismo político que a paralisa. Uma esquerda de cidadãos dispostos a trabalhar em conjunto para que o país recupere a esperança de viver numa sociedade próspera e solidária.

UM PORTUGAL MAIS IGUAL, socialmente mais justo, que respeite o direito ao trabalho condigno e combata as injustiças e desigualdades que o tornam insustentável. Um país decidido a superar a crise com uma estratégia de desenvolvimento económico e social, com uma economia que respeite as pessoas e o ambiente, numa democracia mais representativa e mais participada, com um Estado liberto dos interesses particulares que o parasitam.

UMA EUROPA MAIS FRATERNA, à altura dos ideais que a fundaram, transformada pelos seus cidadãos numa verdadeira democracia. Uma Europa apoiada na solidariedade e na coesão dos países que a formam. Uma Europa que ambicione um alto nível de desenvolvimento económico, social e ambiental. Uma União que faça do pleno emprego um objetivo central da sua política económica, que dê um presente digno aos seus cidadãos e um futuro promissor às suas gerações jovens.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

A Culpa é (sempre) dos Outros


Tenho visto por aí muitas criticas aos votantes da actual coligação governamental como se residisse aí o problema.

Partindo da convicção de que haverá inevitavelmente eleições antecipadas era bom que quando acusamos aqueles que votaram no PSD/ CDS de toda a culpa voltar atrás e pensar no momento que vivíamos quando decorreu esta eleição.
Temos que nos situar no conjunto de acontecimentos que deram origem a eleições antecipadas. Na verdade para além da 2ª eleição presidencial de cavaco Silva (convém não esquecer o porquê de esta figura ter chegado a P.R não na 2ª mas na primeira) que claramente abriu as hostilidades no dia da vitória eleitoral e ficou claro que ao primeiro pretexto dissolveria a A. Republica.

Não devemos também esquecer que o PS insistiu em candidatar ao lugar de 1º Ministro, o seu Secretário-geral que quanto a mim foi até agora o mais desprestigiado e desgastado líder do PS a enfrentar uma eleição. As razões não cabem neste post. Mas na verdade muitos eleitores socialistas deixaram claramente de se rever no PS de Sócrates.
Já disse (algures) que não foi a direita que ganhou, mas sim a esquerda que perdeu, em boa verdade por não ter sabido a tempo fazer as escolhas acertadas no que respeita aos protagonistas.

O passado pode e deve sempre ser analisado até para que não se repitam alguns dos erros cometidos, não sendo naturalmente o objectivo deste post pareçe-me que isso está longe de ser feito.
A razão principal deste escrito é combater a ideia “fácil” de atirar para os 50,35% dos eleitores que votaram na direita (que é diferente de dizer eleitores de direita) e mesmo que o fossem, devemos situar-nos sobretudo no número de abstencionistas que atingiram nessas eleições a percentagem de 41.93% ou seja um número muito superior ao total de votantes na coligação que nos (des) governa.

Parece-me que enquanto os actuais partidos não forem capazes de mobilizar o eleitorado (ou parte considerável) abstencionista, voltaremos a ter situações idênticas, os vencedores são-no por falta de comparência, não do adversário mas por quem pode alterar as coisas.

Embora se saiba que todos os partidos têm uma parte que vota sempre nos mesmos, há outra que é móvel, será que a culpa deve ser atribuída a esse eleitorado? Vamos passar o tempo a chamar-lhes nomes, a culpá-los pelo que está a acontecer. Vamos fixar-nos só no efeito esquecendo a causa? Acho que não!
A mim parece-me que se pensamos que a causa que defendemos é a mais justa, tratemos de trazer para ela, aqueles que julgamos enganados.

Para Lembrar.

PAULO DE CARVALHO - 65 Anos..


"Paulo de Carvalho dispensa apresentações, mas a sua faceta fadista será porventura a menos conhecida, embora tenha gravado fados, não só com o acompanhamento tradicional, como até com "The London Philharmonic Orchestra". Lembro, na Voz deste grande Homem da Música, dois temas que, não sendo embora dos mais representativos da sua já longa e bem sucedida carreira, bem ilustram as suas qualidades enquanto cantautor. Concluindo, estes dois fados, belissimamente interpretados por Paulo de Carvalho, têm, para além de tudo, o fascínio de uma enorme actualidade temática, no que às letras respeita, e o encanto do apreço por uma vestimenta melódica tradicional”.
Retirado do You Tube.

domingo, 13 de maio de 2012

Um comentário que gostava de ter escrito.

vinagrete disse...


Caro Rodrigo

Vivemos um tempo "sem tempo".
Sem tempo para pensar.
Sem tempo para ter esperança.
Sem tempo para acreditar.
Sem tempo para protestar.
Encurralados numa argumentação ultra liberal de que a culpa é do déficite e da dívida que é dele consequência, reagem muitos como rebanho entre arame farpado.
Muitos de nós, por ventura da classe média baixa, ou até desempregados, precários e indigentes, aceitam esta explicação e atiram-se, como lobos, aos funcionários públicos, ao Sócrates e ao sistema social que é a nossa matriz, acusando-os de gastarem de mais e para além do que não tinham.
Alguns saudosistas começam a recuperara a imagem de Salazar,o impoluto, que terá deixado o Banco de Portugal a abarrotar de ouro, as finanças equilibrados, esquecendo-se de dizer que também deixou as prisões cheias de homens e mulheres privados de liberdade e sem julgamento, só por delito de opinião. Deixou um País pobre, com os grandes grupos económicos entregues a 3 ou 4 famílias, devidamente protegidas pelo estado.
Deixou uma esmagadora maioria da população no mais degradante analfabetismo, um indice de mortalidade dos mais altos do Mundo civilizado e milhares de mortos e estropiados por uma guerra colonial condenada ao fracasso.
Temos agora um primeiro ministro que demonstra querer seguir a receita dos velhos caudilhos.
Para este Betinho, que fez carreira política na JSD, que nunca esteve desempregado, "estar no desemprego ou ser despedido não é um drama, pode até ser uma oportunidade". Esta caricatura de político, que nos acusa de termos gasto de mais a comprar casa, ou carro, ou a recorrer ao SNS, é uma figura sinistra de aprendiz de tirano, que não pode ser menosprezada. Em condições políticas normais, no quadro do funcionamento democrático das sociedades modernas, este Governo já deveria ter sido regeitado pela maioria da opinião pública e as sondagens deveriam mostrar isso mesmo. Infelizmente não acontece assim, porque a "oposição eficaz", entenda-se o PS, navega em águas turvas e com um timoneiro que tirou a sua licença de navegação à vista, na mesma escola do 1º ministro.
Aqui chegados, a maioria de nós sente-se à deriva. Procura desesperadamente uma tábua onde se agarrar, sem olhar à volta, para os outros náufragos da sorte e sem acreditar que juntos, poderíamos "remover" a besta.
13 de Maio de 2012 01:04


O "Vinagrete" é um homem que conheço há bastante tempo. Quer na actividade politica, quer na profissional acompanhámo-nos por diversos caminhos. Ainda hoje temos relações, profissionais. Acresce que há uns anitos foi ele que me sugeriu a visita a um blogue de que me tornei "escriba". Pena não ter mais tempo, pois sem duvida tería muito a dizer-nos.
Abraço amigo (e desculpa)

"Como Se Faz Um Canalha"



Conheci-te ainda moço
 Ou como tal eu te via
 Habitavas o Procópio
 Ias ao Napoleão

Mas ninguém sabia ao certo
 Como se faz um canalha
 Se a memória me não falha
 Tinhas o mundo na mão
 Alguma gente enganaste
 (A fé da muita amizade
 Tem também as suas falhas

Hoje fazes alianças
 A bem da Santa União
 Em abono da verdade
 A tua Universidade
 Tem mesmo um nome: Traição

Um social-democrata
 Não foge ao Grão-Timoneiro
 Basta citar o paleio
 O major psicopata

Já são tantos namorados
 Só falta o Holden Roberto
 Devagar se vai ao longe
 Nunca te vimos tao perto
 Nunca te vimos tao longe
 Daquilo que tens pregado

 Nunca te vimos tao fora
 Da vida do Zé Soldado
 Ninguém mais te peça meças
 No fulgor dos gabinetes
 Hás-de acabar às avessas
 Barricado até aos dentes
 És um produto de sala

Rasputim cá dos Cabrais
 Estas sempre em traje de gala
 A brincar aos carnavais
 Nos anais do mundanismo
 A nossa história recente
 Falará com saudosismo

Dum grande Lugar-Tenente
 São tudo favas-contadas
 No país da verborreia
 Uma brilhante carreira
 Dá produto todo o ano

Digamos pra ser exacto
 Assim se faz um canalha
 Se a memória Não me falha
 Já te mandei pró Caetano