Tenho visto por aí muitas criticas aos votantes da actual
coligação governamental como se residisse aí o problema.
Partindo da convicção de que haverá inevitavelmente eleições
antecipadas era bom que quando acusamos aqueles que votaram no PSD/ CDS de toda
a culpa voltar atrás e pensar no momento que vivíamos quando decorreu esta
eleição.
Temos que nos situar no conjunto de acontecimentos que deram
origem a eleições antecipadas. Na verdade para além da 2ª eleição presidencial
de cavaco Silva (convém não esquecer o porquê de esta figura ter chegado a P.R
não na 2ª mas na primeira) que claramente abriu as hostilidades no dia
da vitória eleitoral e ficou claro que ao primeiro pretexto dissolveria a A. Republica.
Não devemos também esquecer que o PS insistiu em candidatar
ao lugar de 1º Ministro, o seu Secretário-geral que quanto a mim foi até agora o
mais desprestigiado e desgastado líder do PS a enfrentar uma eleição. As razões
não cabem neste post. Mas na verdade muitos eleitores socialistas deixaram
claramente de se rever no PS de Sócrates.
Já disse (algures) que não foi a direita que ganhou, mas sim
a esquerda que perdeu, em boa verdade por não ter sabido a tempo fazer as
escolhas acertadas no que respeita aos protagonistas.
O passado pode e deve sempre ser analisado até para que não
se repitam alguns dos erros cometidos, não sendo naturalmente o objectivo deste
post pareçe-me que isso está longe de ser feito.
A razão principal deste escrito é combater a ideia “fácil”
de atirar para os 50,35% dos eleitores que votaram na direita (que é diferente
de dizer eleitores de direita) e mesmo que o fossem, devemos situar-nos
sobretudo no número de abstencionistas que atingiram nessas eleições a
percentagem de 41.93% ou seja um número muito superior ao total de votantes na
coligação que nos (des) governa.
Parece-me que enquanto os actuais partidos não forem
capazes de mobilizar o eleitorado (ou parte considerável) abstencionista,
voltaremos a ter situações idênticas, os vencedores são-no por falta de
comparência, não do adversário mas por quem pode alterar as coisas.
Embora se saiba que todos os partidos têm uma parte que vota
sempre nos mesmos, há outra que é móvel, será que a culpa deve ser atribuída a
esse eleitorado? Vamos passar o tempo a chamar-lhes nomes, a culpá-los pelo que
está a acontecer. Vamos fixar-nos só no efeito esquecendo a causa? Acho que não!
A mim parece-me que se pensamos que a causa que defendemos é
a mais justa, tratemos de trazer para ela, aqueles que julgamos enganados.
Para Lembrar.
Para Lembrar.
5 comentários:
Posso assinar por baixo, Rodrigo?
Abraço
O Carlos tirou-me as palavras, Rodrigo!
Excelente reflexão com a qual não podia estar mais de acordo!
Parabéns pela clareza e lucidez de raciocínio. Nem mais!
Um beijo.
Bem visto! Mas, caro Rodrigo, e se houvesse eleições hoje e voltasse a ganhar esta gente, como explicaria?
Fazendo bem as contas, os nossos governantes estão no poleiro com menos de 30% (29,2361815864%) do povo inteiro...
O resto, se não está certo, para lá caminha... só que há que sair da Aritmética dos arrependidos e enganados. O problema é de Ética. Ética e Português...
"não foi a direita que ganhou, mas sim a esquerda que perdeu, em boa verdade por não ter sabido a tempo fazer as escolhas acertadas no que respeita aos protagonistas."
Pois é, Rodrigo.
Foi isso mesmo.
Apresentar um PS, com Sócrates como secretário-geral, a sufrágio, foi puro suicídio.
Tinha escrito na altura, repito-o agora - com este adversário, o PSD, se não ganhasse, passava a ser o novo cumulo da lentidão - correr sozinho e ficar em segundo!!
Mesma coisa com o PR.
Aquele abraço
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