sábado, 28 de abril de 2012

Memórias (outra vez)

Sempre que não tenho compromissos ao sábado, fico por casa. Especialmente quando o tempo não está de feição. De manhã abro a janela do quarto e fica logo decidido se o dia vai ser caseiro ou não. Há dias (hoje foi um desses) que não largo o pijama e o roupão. Tinha um comprometimento moral de ir assistir a um evento em Mira em jeito de homenagem a Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira. Algumas razões de ordem pessoal e profissional tiraram-me uma certa vontade de sair de casa e por aqui fiquei a curtir algumas tristezas e incertezas ligadas aos tempos que correm e mais tarde ou cedo a muitos de nós atinge.


No entanto enquanto vou lendo um dos semanários que para aí já há 40 anos se tornou uma referência e quase que um vício, vão vindo à memória os tempos que mais entusiasticamente comemoramos por estes dias. Falo naturalmente de Abril/ Maio de 1974 e a junção que os acontecimentos nessa altura se fundiram de tal forma que as grandes manifestações se realizaram no 1º, 1º de Maio em liberdade. Os acontecimentos verificaram-se de tal forma a uma velocidade estonteante que em termos de memória não os consigo distanciar.

Mas recordo uma verdade inquestionável. Nestes dias em que muitos de nós conhecemos a liberdade, estávamos todos juntos, não havia divisões era um Povo a afirmar o direito à sua liberdade e o direito de a exprimir. As divisões viriam depois e lamentavelmente, hoje mantém-se, nalguns aspectos estupidamente.

Este texto está seriamente afectado por acontecimentos verificados na noite, que na minha Marinha Grande é o ponto maior das comemorações do 25 de Abril, que me deixaram triste e quase me levaram a perder a ilusão de que só com a unidade da esquerda se pode pôr termo à escalada ultraliberal com sintomas fascizantes que por ai se fazem sentir.

Junto um link e mais abaixo uma opinião expressa sobre actos que no mínimo me envergonham, O facto de só hoje me referir a eles, deve-se ao "hábito" de confirmar normalmente  aquilo que afirmo.




Talvez por vergonha ou qualquer outro sentimento que não sei explicar, não me tinha ainda referido às comemorações do 25 de Abril na minha Marinha Grande. Há largos anos que o grande momento é às 24 horas de 24 para 25. Antes dos espectáculos há sempre uma concentração e normalmente uma intervenção do presidente da Camara em funções. Embora lá tenha estado, fiquei na retaguarda a fazer companhia a um amigo. Inexplicavelmente mal consegui ouvir algumas palavras do discurso, dado que um conjunto de verdadeiros "energúmenos" decidiu e hoje sei, que de forma organizada, sabotar com vaias, assobios e apupos o actual presidente da camara, tornando inaudível o seu discurso.
 
Goste-se muito pouco ou nada do presidente eleito, não tem explicação o miserável acto cometido neste dia. Se alguém ficou mal na “fotografia” foram os militantes do PCP que demonstraram o que de pior por lá ainda sobrevive e emporcalha o honroso papel deste partido no próprio 25 de Abril. Espera-se uma demarcação pública da sua direcção, sob pena deste partido ficar seriamente comprometido com estas tristes atitudes.

3 comentários:

mfc disse...

Importa respeitar todos... e só assim se conseguirá a unidade que pode dar a volta a isto!

antónio veríssimo disse...

Lamento que não tenhas podido juntar-te aos muitos companheiros, vindos de vários pontos do país,que se juntaram no sábado em Mira.
A festa correu muito bem e o Zeca e o Adriano estão agora "presentes" no Jardim Municipal de Mira.

Flor do Liz disse...

Não fui ás comemorações na Praça Stephens, parece que estava a adivinhar, já no ano passado, também observei, sempre dos mesmos, situações menos próprias, mas eram feitas entre dentes.
E o que se passou no almoço comemorativo da ASURPI?
Um elemento a fazer gestos impróprios ao Presidente de Câmara, deve ter sido tão vergonhoso, que a Direcção, da dita Associação, teve que vir publicamente, ao Jornal da Terra, lamentar o sucedido.
Só espero, que não voltem a pôr famílias contra famílias, só por pertencerem a partidos diferentes.