Ao longo da vida lá foi aceitando os pedidos para ser
padrinho de uns tantos rapazes e raparigas a que por tradição tinha que dar o
folar que se traduzia num folar (propriamente dito) mais um pacote de amêndoas
e uma verba em dinheiro vivo.
Até à anterior Páscoa (embora na ultima já tivesse sido difícil)
conseguiu dar a cada um dos afilhados solteiros (os outros perdem o direito
quando casam) um folar de quatro ovos. Um pacote de amêndoas de ½ Kg e uma nota
de 50 euros. Isto a multiplicar por 7 o que foi uma despesa bastante
considerável para os tempos que corriam.
Nesta Páscoa há tempo que a consciência lhe pesa, pois cedo
percebeu que não estava em condições de gastar o mesmo. Fez contas e mais
contas e decidiu que não podia ser. Todo o dinheiro que tinha de parte, foi-se
com os investimentos que nos últimos anos teve que fazer para manter o seu
negócio a funcionar dada a pressão das autoridades sanitárias e afins e agora
mal está a dar para as despesas.
Depois de muito remoer e fazer contas lá decidiu que tinha
que reduzir para metade os gastos anteriores e assim cumprir o seu dever de
padrinho e não deixar os afilhados sem o tradicional folar da páscoa. Pensava
que reduzindo para metade, os custos seriam suportáveis.
Comprou 7 pacotes de amêndoas de 0.250 Kg e logo aí as
contas ficaram furadas. Pois o custo era muito superior à metade que pensava
gastar. Lá
distribuiu por 7 envelopes
não os 50€ mas 25 em cada .
Complicado foi quando foi à padaria encomendar os folares.
Pensava que reduzindo de 4 para 2 os ovos o custo também seria de metade. Mas
não, ali não funcionava a lei da proporcionalidade. Conversa mais conversa com
o padeiro acabaram por encontrar uma solução. Em vez de 7 folares de 4 ovos
como costume, fazia pelo mesmo preço do ano anterior, sete folares de três ovos
mas em massa de pão. Massa de pão, sim com o mesmo feitio, mas uma carcaça com
3 ovos.
Lá passou a noite de Sábado de Aleluia a pensar como iria
explicar esta redução e arranjar uma desculpa para a falta de cor e açúcar daquela
imitação de folar de Páscoa. Mas claro que lhes ia prometer que lá para o ano
de 2015 as coisas voltavam a ser como dantes. Pensava ele sem grande convicção
e também achava que não ia convencer os afilhados.
7 comentários:
A intenção que deveria contar. Penso que os afilhados ficariam felizes.
Um grande bj e uma linda Páscoa para todos os teus.
O que conta, encerra grande lição
Os afilhados são indignos de tanta preocupação
Cinquenta euros só se dá a quem tem idade para compreender o que está a a acontecer... Tudo aumenta...
Sabe que o meu post de hoje tem a ver (muito) com isto?, com a omissão dos problemas que ninguém confessa ter?
Mesmo crucificados, cantamos o lado brilhante da vida, como se nada estivesse a acontecer...
Gisa
Grato pela visita. Não sei bem como é por aí a Páscoa, mas por aqui também já não sei.
Beijinho
Rodrigo
Caro Rogério
Embora ficcionada é uma estória que tem muita verdade em fundo. Penso que já não tanto. Mas noutros tempos havia uma certa "vaidade" no valor a dar aos afilhados.
A estória do pão é que é verdadeira. O meu padrinho dava-me sempre uam carcaça com 2 ovos e uma daquelas moedas de 10 escudos. Ficava lixado, pois a madrinha emigrou e o padrinho era um semítico (que me perdoe lá onde está) ainda por cima era gozado pelos meus irmãos que tiveram mais sorte do que eu.
Abraço e já agora Boa Páscoa!
Meu querido amigo
Hoje passando para desejar uma Páscoa Feliz e cheia de amor e paz, junto de todos que lhe são queridos.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
Uma Páscoa FEliz :)
Abraço
Bom dia Rodrigo
Este ano tinha dito aqui em casa que só daríamos um chocolate.
Mai nada...
Dinheiro nem pó...
Ela a Maria entendeu que não...que isso não se faz...que são crianças...
Muito bem.
Organiza as coisas como quiseres.
Já não temos afilhados e são os filhos dos meus sobrinhos que nos enchem a casa à procura de uma nota... amêndoas e chocolates nem pensar...dinheirinho...
Para quê ...? nunca se sabe...
Enfim são crianças...elas ou nós???
Enviar um comentário