sexta-feira, 12 de agosto de 2011

“Vamos fazer aquilo que tem que ser feito”.

Ainda a procissão está no Adro e já se começa a perceber o sarilho em que estamos metidos. (isto para quem tivesse duvidas)

Pelos vistos passámos com distinção a primeira fase do “célebre” acordo assinado com a Troika pelo governo de José Sócrates tendo por avalistas do dito, o PSD e o CDS.

Começa a questionar-se se José Sócrates, se mantivesse como primeiro ministro, as coisas não se tornariam tão gravosas para Portugal e Portugueses. Questiona-se mesmo se o tal de PEC IV não tivesse sido chumbado por toda a oposição de direita e esquerda unanimemente (coisa rara ou até inédita) estaríamos a enfrentar uma tão dificil e complicada situação

Dando razão ao velho ditado de que “atrás de mim virá quem bom de mim fará” está a passar-se de uma certa diabolização de que José Sócrates foi vítima, com todas as atoardas e invencionices, para uma certa desculpabilização de erros de que efectivamente foi responsável. Quando falo em José Sócrates incluo o chamado núcleo duro que avalizou os erros, que afirmo terem sido cometidos.

Como é certo que a mesma água não passa duas vezes por baixo da mesma ponte, também é certo que a situação actual de correlação de forças não será alterada com um passa culpas, criando ainda maiores crispações na sociedade Portuguesa.

Por declaração de interesses, convém dizer que embora tenha votado (como sempre fiz) não votei em qualquer dos partidos de direita (como nunca fiz) também não votei no PS (o que fiz durante mais de 20 anos). Procurei sim dar alguma utilidade ao meu voto, tentando contribuir para a manutenção de um deputado do BE no meu Distrito (objectivo não conseguido). Pronto. Não aqueci nem arrefeci.

Quanto a mim, há é que criar alternativas. Embora a actual maioria tenha legitimidade Democrática para governar, não tem legitimidade para se tornar numa comissão liquidatária do País. Os Portugueses também têm legitimidade, para de muitas e variadas formas dizerem que não. De se opor áquilo que parece ser o objectivo de quem “dirige Portugal”.

Portugal tem uma maioria de esquerda que só numericamente não se expressou por razões mais do que escrutinadas.

Que o PS não fique calmamente à espera, 4 longos anos para se substituir na “lógica “ da alternância Democrática. Que o PCP perceba que há mais vida para além dos sindicatos e respectivas centrais que dirige. Que o BE se recomponha do trambolhão, por insistir numa liderança desgastada e encontre o seu rumo certo. Ou seja . O nosso destino não está "dramáticamente" traçado. “vamos fazer aquilo que tem que ser feito”.

9 comentários:

Teófilo Silva disse...

Amigo folha seca, gostei desse seu texto, pois ele descreve a situação gravosa por que estamos a passar. Neste texto quero realçar a frase que considero mais relevante: “atrás de mim virá quem bom de mim fará”

Um bom fim de semana.

Um abraço.

Rogério G.V. Pereira disse...

Meu Caro,

Não questiono a seriedade que põe na sua análises e posições (e ainda menos das opções de voto). E é por isso mesmo, por o saber o honesto (e sériamente empenhado na mudança) que lhe digo que seu texto, em minha opinião, enferma de um erro de análise. A questão central é de substancia: quais as politicas que servem as classes mais desfavorecidas, ponto. O resto é conversa desviante. Outro aspecto, não separável da questão de fundo e que tem a ver com a minha própria metodologia de pensamento, nada ortodoxa (diga-se) Quem silencia, coloca-me sempre (mais) solidário com os silenciados... Domingo vou trabalhar na festa do Avante. Não há festa como essa e ela não é o resultado da obra e graça do divino "Esprito" santo...

Nota Final:
Pedi ao CBO que fosse dando
a devida separação entre o PEC IV e o Memorando... (para bom entendedor...)

folha seca disse...

Caro Teófilo
Os ditados populares contém uma grande sabedoria. Neste caso não me parece que acertem muito.
Abraço

PS: eliminei os comentários a mais.

folha seca disse...

Caro Rogério
Acredite que percebo a sua "sensibilidade" quando toco no PCP. Mas se alguma crítica faço, não é pelo que faz, mas pelo que não faz.
Sim não há festa como essa.
Abraço

Maria de Fátima Filipe disse...

Caro Folha Seca
Básicamente concordo com a sua análise, mas não concordo que o seu voto "não aqueceu nem arrefeceu". Se me permite, a verdade é que arrefeceu. Não é indiferente o PS ter uma derrota com com score acima ou abaixo dos 30%. Amarrado ao acordo da troika, e com uma derrota clamorosa, o PS não tem, para já, grande margem de manobra, outro galo cantaria, se tivesse perdido pela diferença mínima para o PSD..., por outro lado o BE não existe, não representa nada nem ninguem que não seja melhor representado pelo PCP ou pelo PS. Não souberam construir um espaço alternativo, esgotadas que foram as questões fracturantes. Sobra-lhes a legalização da eutanánia. Por mi, podem começar a praticá-la.

Abraço

Unknown disse...

Bom dia
Li com maior atenção este artigo e partilho a tua preocupação. Continuamos a viver num país que se luta para ser o primeiro ministro e o partido de governo, mas esquecem-se da força dos partidos quando unidos em causas justas, por um ideal e pelo bem de todos os portugueses.
Parecem ser uns galináceos que se desunham por substituir o poder mas não trabalham na união de esforços e de politicas justas e verdadeiras.
Esta desunião até é explorada pelos que os querem ver em guerras retirando-lhes a razão e a força...
Votos de um bom domingo.
Aproveita o bom tempo nesse canto de silêncio e de encanto.

folha seca disse...

Cara Ariel
Não pretendo justificar o meu sentido de voto.
Mas encarei as coisas da seguinte maneira. Os votos elegem deutados por cada um dos circulos eleitorais. Nas anteriores eleiçõee o BE elegeu um deputado pelo meu circulo. Pensei que ao contribuir para a eleição de um deputado que tinha mostrado trabalho na anterior legislatura era a forma de dar utilidade ao meu voto. Objectivo não atingido, mas como dizia o poeta "a razão mesmo vencida não deixa de ser razão". Claro que esta minha atitude não representou uma adesão ao BE.
Abraço

folha seca disse...

Caro Luis
Obrigado pela tua contribuição.
Acho que Portugal tem vindo a ser gradualmente atingido por um fenómeno de "umbiguismo" que está a atingir cada vez mais gente. Os partidos não escapam. Fecham-se cada vez mais sobre os seus interesses corporativos. O pior ainda é que até os membros desses partidos que não "alinham" são progressivamente afastados, deixando de haver massa crítica.
Abraço e bom Domingo.

Anónimo disse...

Estive estes dias no Porto e só hoje tive oportunidade para responder ao seu pedido. Peço que me releve a falta, mas não a tome como desconsideração, caro Rodrigo.
Infelizmente não tenho grandes expectativas em relação ao PS. Seguronão me dá segurança nenhuma e entusiasma-me tanto com Sócrates. Talvez seja ainda um bocadinho pior...
O que espero é que a esquerda assuma o seu papel e as suas responsablidades, não defraudando quem neles votou e deixaando, de uma vez por todas, de se aliar à direita para derrubar o PS. Mas, no fundo, compreendo porque reagem assim. Afinal Sócrates sempre recusou aliar-se à esquerda, privilegiando alianças à direita. Com Seguro, pouco ou nada mudará,em minha opinião...