Durante e depois do processo eleitoral das presidenciais de 2006, a criação de um Partido Político formado a partir dos apoiantes e votantes do candidato Manuel Alegre, esteve na ordem do dia.
Era claro que o PS tinha entrado numa deriva de direita e José Sócrates encarregou-se de a partir dos imensos Boys que foi recrutando, dominar o aparelho partidário para que se pudesse perpetuar no lugar “conquistado”, até que o PS reagisse e o pusesse fora. Coisa que está dependente dos resultados eleitorais do dia 5 de Junho.
Trago para aqui a ideia entretanto posta de parte, porque é minha convicção que à falta da existência de um partido Político da área Socialista de esquerda, muitos eleitores sentem-se órfãos e não me parece que rejeitando o voto em José Sócrates o transfiram para a Direita de Passos Coelho ou afins.
Parece-me que o PCP e o BE têm aqui uma boa parte do eleitorado que se souberem fazer o discurso certo e direccionado, deles poderão sair beneficiados. Quem sabe se a necessária inflexão à esquerda que será necessário fazer não passará por um aumento significativo de votos nestes dois partidos. Não é nenhuma “loucura” nem ilusão pensar que PS, PCP e BE possam vir a ter uma maioria absoluta de deputados na próxima A. República.
Assumo que sou daqueles que ainda não decidi qual será o meu voto. Mas sei que nunca vai para a direita e muito menos para a abstenção. Como eu, sei que há muitos mais. Como eu, sei que há muitos mais à espera de ouvir as palavras certas, para decidir o voto, também certo.
PS: Apesar do teor aparentemente anti-PS deste texto, ressalvo que reconheço, existirem no PS, mesmo ao nível dos órgãos de Direcção e nas candidaturas a Deputados muito Socialista convicto.Critico sim o silêncio a que se têm remetido, durante demasiado (e se calhar irrecuperável) tempo.
14 comentários:
Caro Folha Seca, a questão é mesmo essa.
A ala direita do PS, aquela que tanto poderia estar com o PS, como com o PSD, encantou-se com o “élan” do Eng. Sócrates e deu-lhe a liderança do Partido, negando-a a Manuel Alegre, que considerou uma espécie de cavaleiro andante, um romântico da ala esquerda, sem a modernidade, o dinamismo e as potencialidades de Sócrates.
Aí começou a deriva à direita do único partido que tinha por vocação congregar a esquerda democrática portuguesa.
Quando Manuel Alegre foi a votos sem o apoio do PS, essa ala direita que apoiou Sócrates, seguidora da disciplina partidária, deu ao candidato do partido a menor percentagem de sempre obtida em qualquer circunstância, sem contar com os votos de fora da esfera do PS no candidato Mário Soares.
E aí, azar dos Cabrais, Manuel Alegre, não soube ou não quis tentar unir essa esquerda democrática que nele se reviu, dentro ou fora do partido. Manuel Alegre, sucumbiu mais uma vez aos seus princípios de lealdade, e talvez também às lembranças do passado, Salgado Zenha, PRD, Cravinho, etc.
Quanto aos partidos à esquerda do dito bloco central, nem PCP nem BE pretendem alguma vez assumir responsabilidades no poder. Não é a sua vocação, ou ter-se-iam ajustado às novas realidades socioeconómicas no contexto nacional e internacional.
E isto que temos. Ou mais do mesmo, algo improvável, ou terá a direita liberal que ganhar o poder, situação em que o PS partirá para a reflexão e, se não aparecer um qualquer vendedor de paraísos, talvez se refaça a “casa” de tantos portugueses da esquerda democrática actualmente sem abrigo.
Sem abrigo, mas ainda com esperança.
Meu Caro,
O seu desejo não é configurável com o projecto, neste momento. Acho que é apenas(um justificado) lamento. Não estão reunidas condições para um projecto de unidade de esquerda. Nem mesmo com fortes dessidências (assumidas) no PS. A ideia de o nucleo duro que deu suporte a Manuel Alegre ser esse projecto teve o seu timing e caiu. Não sei se teria condições para o fazer... Acho que no Trindade, o comicio da "unidade" substimou um passo importante e (sempre necessário) de ser dado, discutir-se por igual uma plataforma minima de entendimento. Não foi assim. O risco maior é o esfrangalhamento total do PS daqui por dois ou três anos. O pacote assinado empurra definitivamente a Direcção do PS para uma politica de subserviência a uma União Europeia confrontada com sucessivas convulções mas onde a direita assumirá possições ainda mais à direita. A Internacional Socialista está desfeita (nem dela se fala). As pessoas honestas e de esquerda estão em grande desnorte e se PCP e BE não reforçarem posições entraremos num processo de grande retrocesso Democrático (iniciado com as negociações com a troika por parte de um governo de gestão e com um parlamento sem poderes para o acto). No plano económico e financeiro seguiremos o caminho da Grécia... Não há saída à vista...
Ou melhor, há, votando à esquerda. Só com um PCP forte a esquerda encontrará o norte. É o que eu penso...
Caro Vento Norte
A esperança nunca morre ou é a ultima a morrer.
Penso que Portugal, a europa e o Mundo estão numa encruzilhada cujo desfecho é difícil de prever. Agora o que sinto é que as ideias de esquerda são válidas e têm em si projectos que adaptados às novas realidades continuam válidas. Pena que a esquerda "moderada" não esteja a perceber isso e a agir em conformidade. Mas por aqui e ali a gente vai deixado umas "bocas" cujo efeito nunca conheceremos. Mal ou bem pensamos.
Caro Rogério Pereira
Não sou de chorar sobre leite derramado. Tudo tem um tempo para ser feito. O projecto de um Partido com base na dinâmica da candidatura em 2006 de Manuel Alegre, passou à história.
Talvez (subrepticiamente) o que quiz dizer foi precisamente que quem não quer votar no PS actual e na sua liderança, à direita,em branco ou ficar em casa, resta-lhe o voto no PCP ou BE. Agora o que muito destes potenciais eleitores precisam é que lhes digam atempadamente o que vão fazer com o seu voto. Falo de eleitores que querem que o seu voto sirva mais do que "um voto de protesto". Perdoe-me mas acho que o PCP ainda não percebeu isso. Esta esquerda tem que assumir que é capaz de exercer o poder. Esta esquerda tem que nos convencer (aos orfãos) que o nosso voto é verdadeiramente util, para o obter.
Abraço
O seu post não é de todo políticamente incorrecto... tem razão naquilo que diz. Eu por acaso até vou dar voto útil ao PCP e não acredito que a Esquerda, dê corda aos sapatos com o poder nas mãos. Pelo menos para mim, o Jerónimo tem demonstrado ser uma pessoa extremamente séria e de espinha dorsal bem fixa...
Ah esqueci-me de dizer que vou saír de uma esquerda mais radical, para dar força ao PCP. Talvez haja também muitos como eu.
E o Rodrigo, que quer que a Esquerda, essa que mencionou, lhe diga?
Caro Folha Seca,
De tanto ouvirmos uma ideia errada, acabamos por a interiorizar e aceitar como certa. Num estado democrático, que este nosso ainda (por enquanto) formalmente é, o que está em causa é a divisão de poderes repartidos entre uma Assembleia da República, um Governo e um Presidente. O acto eleitoral próximo destina-se a eleger deputados e só em consequência um Primeiro Ministro. O objectivo do PCP (o BE parece ter "mais olhos que barriga" e, por isso quer mais) é um objectivo realista (no actual contexto) e passa por fazer eleger o número máximo de deputados e, assim, influênciar o poder legislativo no sentido de o influênciar e fazer aprovar (ou chumbar) leis. O que tem vindo a acontecer é a desvalorização e esfaziamento total da componente parlamentar do regime...
O trabalho parlamentar do PCP é louvável. Quanto a pertencer (ou não) a um governo "só" depende do voto. A afirmação de o PCP ser um contrapoder e a qualificação de "partido da contestação" só colhe para quem lhe faz barreira intensa (tantas vezes por omissão) às propostas que apresenta. Aconselho-o a ler atentamente "Os 50 compromissos"...
Cara Fada do Bosque
Fui membro do PCP até finais dos anos 80. Apesar de me ter afastado, como algumas dezenas de milhares de militantes, nunca me tornei anti-comunista. Tambem não aderi a qualquer outro partido. Embora o meu sentido de voto quando Jorge Sampaio assumiu a liderança do PS, foi para este partido.
O PCP chegou a ter mais de um milhão de votos que foi gradualmente perdendo até chegar aos actuais (trezentos e tal mil).
Em relação à pergunta que me deixa, a mim já não precisa de dizer nada de especial. Agora a um leque muto grande de eleitores indecisos é necessário que lhe digam que votar no PCP é uma forma de reforçar à esquerda o numero de deputados eleitos e claramente assumir que quer fazer parte da solução e a solução passa por uma maioria de esquerda no Parlamente que obrigue a estabelecer o rumo certo. Não exclusivamente na aplicação dos 50 compromissos de que fala o Rogério mas nos que for possível e levar os restantes partidos de esquerda a estabelecer uma plataforma de entendimento.
Caro Rogério
No fundamental estou de acordo com a parte das afirmações (aliás estou mais vezes do que o meu caro pensa)
Vou-lhe responder (embora de uma forma incompleta) com uma atamancada peça de ficção.
Imaginemos:
1 O PSD é o Partido mais votado percentualmente mas só com maioria relativa.
2 Os deputados do PSD + CDS não têm a maioria absoluta.
3 Após a derrota, Sócrates (se lhe restar alguma vergonha) demite-se.
4 Se o pressuposto 2 estiver certo, significa que PS+PCP+BE têm a maioria absoluta de Deputados.
5 Se o pressuposto 3 estiver certo o provável é que o substituto (mesmo que provisório) será certamente alguém que perceberá que terá que corrigir a deriva de direita da era Sócrates.
Para que este cenário possa realizar-se é importante que o PCP e o BE consigam atrair os votantes órfãos do PS. Como? Mostrando que são capazes de fazer parte da necessária solução para o País, forçando a constituição de um governo de esquerda encontrando uma plataforma de entendimento com as necessárias cedências de parte a parte.
Sonho? “sem sonhadores não os há”
À conta de tanto pontapé no traseiro só se estivesse empiteirada votava no Coelho... vou votando sempre à esquerda... nem que seja para mostrar ao PS que tem de tomar juízo e, esta, já não é a 1ªvez ;)
Bjos
Bem... o PCP através do seu líder Jerónimo de Sousa na TSF, deixou bem claro que faria acordo com o PS, se este não governasse através do plano da tróika, um plano que segundo o jornal de negócios esvaziou a campanha eleitoral. "Claro que uma reestruturação da dívida será necessária!" afirmou. Depois de tudo o que tenho lido, não há outra alternativa para que o País possa saír de uma recessão esmagadora! Aqui quem faz birra, e sob a minha perspectiva, é o PS, pois decidiu seguir um plano que segundo dizem os obrigou a demitirem-se do governo, mas que agora até já serve os interesses do País. Quais interesses, quais carapuça... Depois para se saber qual a dimensão do problema, o PCP quer saber através de uma auditoria, quanto devemos e a quem. Espero que nunca recuem nestas condições. Quem está aqui com a razão caro Rodrigo, é o PCP como podemos concluir neste excerto de um artigo no JN:
“Por outro lado, o BCE está a agir como se estivesse determinado a provocar uma crise financeira. Começou por subir as taxas de juro, apesar do mísero estado de muitas economias europeias. E os responsáveis do Banco Central Europeu têm vindo a advertir contra qualquer forma de alívio da dívida – com efeito, na semana passada um membro do conselho de governadores deu a entender que até mesmo uma reestruturação suave das obrigações gregas seria motivo para o BCE deixar de aceitar essa dívida como colateral para os empréstimos aos bancos gregos. A isto juntou-se a declaração de que se a Grécia procurar um alívio da dívida, o BCE desligará a ficha do sistema bancário grego, que é crucialmente dependente desses empréstimos”, destaca Krugman.
“Se os bancos gregos forem à falência, isso poderá muito bem obrigar a Grécia a sair da Zona Euro – e é muito fácil de ver como é que isso poderia dar início a um efeito dominó em grande parte da Europa. Assim sendo, no que anda o BCE a pensar?”, questiona-se o economista.
Artigo integral
Vamos sempre dar ao mesmo... o destino da Grécia, com o poder total concentrado à Direita.
Cara Fada do Bosque
Se leu a resposta que dei ao Rogério, verifica que para mim está claro que com Sócrates à frente do PS nada feito. Agora não tenho duvidas que uma forte votação no PCP com votos provenientes dos desiludidos do PS, pode fazer com que as coisas se alterem.
Isa
Claro como água. Desculpe mas não tinha vito o seu comentário e já que estou numa de responder à letra. Só lhe digo que acho que tem razão.
A propósito não consigo fazer comentários nalguns blogues entre eles o seu. Acho que mandaram uma "virose" para quem não "alinha" ou anda desalinhado.
Rodrigo... meu caro, não tinha lido, não... passei aqui a "correr".
De qualquer forma agora entendi e espero que assim seja! :)
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