No rescaldo daquilo que se tornou o acontecimento mais
falado e escrito desta semana (não me refiro aquele que o devia ter sido) e
deixando análises mais profundas para os “entendidos” volto ao assunto porque
me parece que este acontecimento não foi isolado. Aliás, há muito que
aconteciam coisas parecidas e que acabavam por passar despercebidas por nunca
terem tido a amplitude deste.
Num país onde a oferta superou largamente a procura e o aparecimento
de médias e grandes superfícies comerciais nasceram como cogumelos por tudo o
que era sítio, era claro que ao decrescer significativamente o poder de
aquisição de grande parte da nossa população “isto um dia tinha que acontecer”.
O que me preocupa não é o rescaldo do que já aconteceu, mas
o que vai acontecer. É expectável que a “concorrência” que anteriormente já
assumia aspectos que rondavam a selvajaria, seja intensificada e vai ser o ”salve-se
quem puder”.
Apesar das leis existentes e que não foram actualizadas de
acordo com as novas realidades, eventuais coimas não passam de trocados e
claramente o crime, neste como noutros casos compensa. Quem conhece o
comportamento desta gente em relação aos fornecedores (para mal dos meus
pecados, conheço bem) sabe quem vai acabar por pagar a factura, especialmente
os que ainda vão conseguindo, porque muitos já não o conseguem , uns porque já
faliram e outros vão a caminho disso.
Mas toda esta conversa para levantar uma questão de fundo.
Num País onde se fizeram (e fazem) negócios fabulosos envolvendo altos
responsáveis em exercício de funções, num País onde se fizeram e fazem chorudas
fortunas à custa da utilização de cargos políticos e influências ainda não bem
esclarecidas (será que algum dia o serão?) Criticar, gozar famílias que pouparam
numa oportunista promoção, 100 a 300 euros é justo? Podemos dizer que toda essa
gente (ou parte) deixou de ir às comemorações do 1º de Maio por isso? Acho que
não! Admito um ou outro caso, mas a generalidade já não ia, tal como uma outra
grande parte não foi a um lado nem a outro.
Para além da crise económica e financeira há uma outra que é
a de valores e princípios, infelizmente a começar por aqueles que deviam
funcionar como bom exemplo, o que infelizmente não acontece, antes pelo contrário.
3 comentários:
Mas eu pergunto: "quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha?" Pois não será que as crises que enfrentamos seja lá em que país for, não se originam dos desmandos e da corrupção dos governantes? Tomo como exemplo as crises que ocorrem cá no Brasil onde falta dinheiro pra tudo: educação, saúde, segurança e tantas outras atribuições dos 3 níveis de governo e ao mesmo tempo fica-se sabendo das cifras milionárias que são desviadas, surrupiadas à população.
É escândalo atrás de escândalo sendo que o maior de todos é o abandono em que se encontra uma imensa parte da população.
Beijokas e meu carinho.
A dos valores e dos princípios é a pior de todas porque não se muda por decreto. Leva aaaaaaaaaaaanos a ultrapassar.
O que mais me revolta, Rodrigo, é que como já avnetara há dias na caixa de comentários a propósito de um outro post que o meu amigo escreveu sobre o assunto, quem vai pagar a festa são os agricultores...
Abraço
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