Não é muito frequente assistir ao lançamento de um livro em que sentimos que pelo menos uma virgula das que lá constam , é nossa. Naturalmente que neste caso estaría lá mesmo sem a vírgula. Mas deixo para os entendidos as palavras que neste momento há a dizer.
Almas Que Não Foram Fardadas é a primeira obra de Rogério Pereira. O autor, que revela paixão e vontade de partilha de emoções e factos, decidiu colocar, numa prosa pejada de poesia e expressões de oralidade local, uma vivência própria de quem enfrentou e viveu por dentro a Guerra Colonial em Angola (1969-1971), lado a lado com muitos nomes desconhecidos para a maioria mas muito caros para o autor, de um tempo que a actual geração praticamente desconhece.
A apresentação da obra terá lugar no próximo dia 28 de Janeiro (Sábado), às 16:30, no Auditório Municipal Maestro César Batalha, nas Galerias do Alto da Barra, no Concelho de Oeiras. A editora EMACO e o autor têm o prazer de convidar todos os que queiram marcar presença neste evento especial, que terá intervenções do Coronel Barão da Cunha (que apresentará a obra), de Eufrázio Filipe (ex-autarca e escritor) e de Jorge Castro (poeta), com leitura de algumas das mais belas passagens deste livro de memórias.
“Não é, apenas, mais um livro…”, refere Rogério Pereira, situando a sua escrita na preocupação de não fazer com que o tempo dilua a memória. “É um narrar de uma «viagem imposta», sem trama de personagens urdida em torno de um qualquer fio de outra história, que não seja aquela que é possível ir buscar à minha memória sobre gentes, lugares, afectos, cumplicidades e medos, tidos e havidos em Angola, na Guerra Colonial, entre 1969 e 1971. Eu, o Meu Contrário e a Minha Alma, as principais personagens, teremos a acompanhar-nos actores secundários, de entre gente de dois continentes: mouros, negros, índios, mestiços, falsos brancos e brancos mesmo, daqueles que se consideram com ‘pedigree’ e tudo. Eles, suas almas e contrários. Os lugares a contar, de onde os testemunhos são recolhidos, são: Luanda, Maquela do Zombo, Nharea, Umpulo e Nova Lisboa. Memórias minhas, que partilho”.
Autor do blog http://conversavinagrada.blogspot.com/ que alimenta com regularidade, Rogério Pereira nasceu em 1945, em Lousa (Concelho de Loures) descrevendo-se em três entidades: “Eu, Minha Alma e Meu Contrário, nascidas no mesmo momento e, a partir daí, sempre complementares, partilhando as várias experiências de vida, desde a Lisboa que nos viu crescer e frequentar o ensino de menino, à passagem pela indelével vertente militar (parte dela descrita no livro) e às muito variadas realidades profissionais”.
Da escola, que não lhe foi nada primária, a Alma do autor não se sentiu diminuída por frequentar como operário o ensino industrial, ingressando depois num curso médio não terminado, “não por cabulice mas por pressa de viver, casar e ser pai”.
Após quatro anos de serviço militar, o Autor e o Seu Contrário despiram uma farda que a Alma nunca vestiu, ingressando no mercado de trabalho, numa função fabril que, contudo, não durou muito. Seguiu-se uma carreira de consultoria em organização e gestão que o mesmo define como “um verdadeiro ‘boomerang’, lançado para novos rumos e com regressos festivos e melhorados em salário, categoria e respeito profissional”.
No que se refere à escrita, a sua lista é infinita, mas até à preparação do livro Almas Que Não Foram Fardadas, nada reflectira em letras sobre a vida. Apenas desenvolvera relatórios e textos para conferências em ilustres parlatórios, alguns artigos técnicos e os conteúdos do blog. “Só agora aconteceu a partilha de cenas da minha vida, com este livro meu”.
Escrito por Rui Cardoso.
9 comentários:
Com grande pena, não vou estar. Lembrar-me-ei de todos e do Rogério em especial.
Comprei o livro, não o cheguei a ler pois, entretanto, ofereci-o. Vou hoje ainda aos CTT buscar o outro exemplar que mandei vir.
Beijo
Um livro que espero ler, em breve.
A vivência de factos que não vivi e que me faziam falta para o meu "Delírios" ehehehehe.
Beijo e bom fim de semana
Como acha que me sinto, meu amigo?
Como acha que me vou sentir amanhã?
As palavras vão me faltar... resta-me certamente a energia para abraçar quem esse abraço de agradecimento tanto merece... Sabe que me chegou a levar às cavalitas para me obrigar a escrever a página seguinte? Claro que isto dito assim, em sentido figurado, apenas quer dizer que, sem o incentivo de amigos não sei se amanhã apresentaria tal livro.
Obrigado
Meu amigo, sinto este livro como se fosse um pouco meu também.
Tenho-o comigo, em destaque na minha casa.
Amanhã estarei convosco,infelizmente não fisicamente, mas de alma e coração.
E eu sei que se lembrarão de mim.
Estou emocionada.
beijinhos aos dois
Até amanhã
camarada
Rodrigo.
Este livro contém um pouco de todos nós!
Tem muito da nossa emoção, da nossa alegria e do carinho que todos sentimos pelo seu autor.
Aqui para nós...tenho uma ideia! Se tudo correr como espero, amanhã o Rogério vai ouvir o meu tchim...tchimm, bem perto...
Um beijo, Rodrigo.
Logo, lá estarei convosco...em pensamento.
Rodrigo
Peço-te que faças chegar ao Rogério o meu abraço. Sim porque sei que vais estar lá. Sou parte também dessas Almas que foram e sofreram na Guiné, mas não posso estar lá na apresentação do livro.
Foi muita emoção ver o carinho deixado nos comentários .
Creio que o lançamento do primeiro livro é como gerar um bebe.
Uma espera emocionante até o dia do nascimento é pura emoção.
Deixando meu carinho para o Rodrigo e a você que tão bem o representou aqui uma linda homenagem .
Um linda semana beijos no coração.
Evanir.
Boa sugestão de livro. Só falta mesmo ler.
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