quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Preocupações

Ouvi e li em qualquer lado que a Democracia não adoece. Ou vive ou morre. Não consigo estar de acordo com esta ideia. De facto a nossa Democracia está doente. Formalmente está aí. O simples acto de escrever e publicar este texto prova isso.

Mas tal como um ser humano a quem foram extraídos alguns órgãos, possa sobreviver durante muito tempo, há sempre algo que não está lá e como tal não funciona tudo bem.

Numa Democracia assente em partidos políticos não é nenhum exagero afirmar que para além das questões económicas ou financeiras do País, da Europa e do Mundo, em Portugal já há muito se nota um afastamento crescente dos cidadãos em relação ao leque de Partidos políticos existentes em Portugal, vejam-se os números de abstenções nos diversos actos eleitorais. Pode pôr-se a questão, de quem é a culpa? Deixo isso para os estudiosos da matéria. No entanto para mim está claro que as lideranças político partidárias, foram perdendo ao longo dos últimos anos a força necessária para exercerem essa mesma liderança. Se nuns lados a longevidade e a repetição do mesmo discurso de sempre, afasta ou pelo menos não capta novos eleitores, noutros as mudanças constantes e o aparecimento de um fenómeno de se olhar para a politica numa perspectiva carreirista mandando os pressupostos ideológicos dar uma curva, levaram a um afastamento crescente dos cidadãos, mantendo-se por lá os “aparelhistas e interessados”.

Tudo isto fez com que parte da sociedade começasse a procurar outras formas de intervir que não passasse pelos partidos e organizações por eles controladas. Fenómenos como o 12 de Março de 2010 e 15 de Outubro de 2011, mais o que entretanto se prepara mostra claramente que há muita gente que não se reconhece nas tradicionais formas de luta.

Entretanto à falta de consistência ideológica, à falta de objectivos a atingir, torna esta massa imensa de gente, presa fácil de quem pretende aproveitar o justo descontentamento da generalidade da nossa população para fins que já não são tão inconfessáveis como isso. Intenções como as manifestadas por uma triste personalidade a que os órgãos de informação deram todo o eco, não se trata de uma manifestação de senilidade, mas é a mostra de que aventureiros Caudilhistas estão atentos e podem espreitar a primeira oportunidade para afogar a Democracia de que vamos dispondo.

Sou dos que pensa que há soluções. A solução passa pela esquerda Política e se quem tomou conta dos seus Partidos, o não percebe com a necessária urgência que a mesma esquerda se refunda e renove, antes que seja tarde.

6 comentários:

Teófilo Silva disse...

Espero que tenha razão. Mas eu sou mais pessimista em relação ao actual estado da nossa democracia. Para mim está moribunda infelizmente.
Quanto a caudilhos, temos um bom exemplo em Portugal.

Um abraço

Unknown disse...

Bom dia amigo
Tudo quanto se refere a democracia absorve-me por inteiro. Estamos mal e a caminhar para - o sabe-se lá...

Hoje penso que os partidos foram uma maneira de colocar no topo aqueles que pela sua habilidade e palavras conseguiram arrastar as multidões.

O poder não se fia em caras bonitas nem em quem fala demagogicamente.
De um lado dizem uma coisa e do outro fazem o inverso.

Nas campanhas políticas andamos a atirar pedras de todos os lados, sem apresentar programas validos e capazes de nos ellevar ao nivel da Europa e do mundo.

O povo saturou-se.
Os partidos hoje são carreiristas e dentro deles são muitos os oportunistas.

Gente que nunca soube o que é ter de se levantar às duas da manhã para ir a um posto Médico.

Gente que nunca soube o que é carregar uma mala de livros com o estômago vazio para conseguir um curso.

Gente que não sabe o que é viver sem nada.
Gente que nunca conheceu a fome nem o desemprego.

A eles os Tribunais e a Justiça protegem e absolvem.

Fê blue bird disse...

O mal meu amigo é a descrença.
Já não acreditamos em nada, acho que é aqui que está o cancro da nossa democracia.

beijinhos

Pedro Coimbra disse...

É curioso que o Luís fale em carreiristas.
O que é que fizeram os líderes dos principais partidos fora da política.
O Passos Coelho parece que cantava....
Aquele abraço

Júlio Gouveia disse...

Apesar de raramente comentar, tenho seguido quase diariamente o seu blog e felicito-o pelo caminho que tem percorrido. Identifico-me com muitas das opiniões e comentários e tenho apreciado bastante alguns dos debates ideológicos que aqui ocorreram.
Felicito-o também pela forma como comunga no blog as interpretações dos seus estados de alma.
Parabens.
Entretanto, a propósito das suas "preocupações" junto um link de uma entrevista para mim bastante interessante:
http://www.youtube.com/watch?v=tv4WyOQedj4&feature=player_embedded

Maria João Brito de Sousa disse...

Gostei! Vou seguir... ou tentar seguir! :)