sexta-feira, 22 de julho de 2011

"Refundação" Adiada?

Realizam-se este fim-de-semana eleições directas para "eleger" o Secretário-geral do PS. ( grafei de propósito o "eleger" porque já há tempos que está "eleito") dados os vícios de que enferma a nossa democracia, que torna um acto eleitoral deste tipo (e outros) um mero formalismo.
Aparentemente isto só diz respeito aos militantes deste partido.

Repito convictamente a velha ideia de que o melhor sistema Democrático é aquele em que vivemos. Ou seja a representatividade democrática deve assentar nos Partidos políticos. Algumas ideias que vão sendo difundidas de que o mal está nos partidos e nos políticos, parece-me bastante perigosa.

Agora uma coisa são os políticos que se entregam a causas e as servem. Outra coisa são os políticos que se servem dessas mesmas causas.
Infelizmente a nossa Democracia pariu uma geração de políticos que muito mais se aproveitam das causas que dizem defender do que as servem. Naturalmente que há excepções.
A má reputação de que gozam os políticos Portugueses obriga a que tudo seja repensado e que os militantes que o são por opção ideológica, imponham as mudanças necessárias para acabar com a teia de interesses que à volta dos seus partidos se instalou.

Li já hoje que (Link) há uma fraca mobilização para o voto no secretário geral do PS a eleger entre hoje e amanhã . Pelos números apontados vão votar pouco mais dos que os membros do chamado “aparelho” A grande massa de inscritos ao exemplo do que já aconteceu anteriormente não vota, deixando para os outros a decisão de quem vai dirigir um grande partido democrático nos próximos tempos.

Quando falo em representatividade democrática ela só existe quando a mesma começar no interior dos próprios partidos, só assim ela se transmite ao País.
Seja qual for o candidato eleito, dos dois com hipóteses, se só votarem pouco mais de 20.000 militantes num universo de 116.000 a representatividade fica ferida de morte e as condições para fazer a tal “refundação do PS” fica seriamente comprometida.

Um Secretário-geral eleito pelo aparelho, que trocado por miúdos não são mais do que Deputados, Presidentes e vereadores de Câmaras, membros das juntas de freguesia, Presidentes de Federações e concelhias mais os restantes membros, mais umas centenas de assessores chefes de gabinetes etc…etc… Será sempre um Secretário-geral refém dos apoios que “interessadamente” lhe foram sendo manifestados, em muitos casos conforme as modas iam parando. Naturalmente que também haverá neste conjunto gente que dá o seu apoio convictamente sem esperar nada em troca.

Tenho pena, mas parece-me que ainda não é desta.

5 comentários:

Anónimo disse...

Onde é que eu já li este tema e de uma forma mais sucinta?

Anónimo disse...

Partilho do seu ponto de vista,Rodrigo. Não sendo militante, tenho vários amigos no PS e ainda ontem à noite, à conversa com dois deles, me diziam que gostam muito do Assis, mas não vão votar porque Assis representa a continuidade e ficaram desagradados com a intempestiva intervenção de Seguro na noite eleitoral.
Creio que será uma das menos participadas eleições par SG no PS e o vencedor (seguramente Seguro) não criará o elan necessário para que o cidadão comum se empolgue num futuro acto eleitoral
Como afirmou Ferro Rodrigues, é preciso ter coragem para assumir o lugar de SG neste momento. Concordo em absoluto.
Desculpe se me alonguei.
Abraço e bom fds

Manuel Veiga disse...

democracia-espectáculo! - a isto chegamos... no PS, pois claro :

sempre prá frentex.

cumprimentos

A.Tapadinhas disse...

Na Europa, como em Portugal, e mais concretamente no PS, não há políticos com a envergadura dos seus antecessores... Infelizmente!

Abraço,
António

Agradeço a sua visita e palavras elogiosas:
"Visualizar uma bela imagem, seja ao natural, em foto ou pintura, permite-nos por algum tempo abstraírmo-nos das preocupações que nos apoquentam."

É uma missão muito nobre para um obra de arte... Pois, que se cumpra!
Bom fim-de-semana!

Carlos Albuquerque disse...

De acordo com o que aqui li, caro Rodrigo.
Dois candidatos; um empático, outro de verbo fogoso. De ambos, contudo, não salta a tal centelha para a "refundação" do PS como partido de Esquerda.
Na minha opinião navegam os dois no lago de águas contaminadas, e minadas, em que se transformou o Partido Socialista.
É como diz: Ainda não será desta!
Um abraço