domingo, 24 de julho de 2011

Cuidado com as Imitações

Estimado ouvinte, já que agora estou consigo
Peço apenas dois minutos de atenção
É pra contar a história de um amigo
Casimiro Baltazar da Conceição

O Casimiro, talvez você não conheça
a aldeia donde ele vinha nem vem no mapa
mas lá no burgo, por incrível que pareça
era, mais famoso que no Vaticano o Papa

O Casimiro era assim como um vidente
tinha um olho mesmo no meio da testa
isto pra lá dos outros dois é evidente
por isso façamos que ia dormir a sesta

Ficava de olho aberto
via as coisas de perto
que é uma maneira de melhor pensar
via o que estava mal
e como é natural
tentava sempre não se deixar enganar
(e dizia ele com os seus botões:)

Cuidado, Casimiro
cuidado com as imitações
Cuidado, minha gente
Cuidado justamente com as imitações

Lá na aldeia havia um homem que mandava
toda a gente, um por um, por-se na bicha
e votar nele e se votassem lá lhes dava
um bacalhau, um pão-de-ló, uma salsicha

E prometeu que construía um hospital
Uma escola e prédios de habitação
e uma capela maior que uma catedral
pelo menos a julgar pela descrição

Mas... O Casimiro que era fino do ouvido
tinha as orelhas equipadas com radar
ouvia o tipo muito sério e comedido
mas lá por dentro com o rabinho a dar, a dar

E... punha o ouvido atento
via as coisas por dentro
que é uma maneira de melhor pensar
via o que estava mal
e como é natural
tentava sempre não se deixar enganar
(e dizia ele com os seus botões:)

Cuidado, Casimiro
cuidado com as imitações
Cuidado, minha gente
Cuidado justamente com as imitações

Ora o tal tipo que mandava lá na aldeia
estava doido, já se vê, com o Casimiro
de cada vez que sorria à plateia
lá se lhe viam os dentes de vampiro

De forma que pra comprar o Casimiro
em vez do insulto, do boicote, da ameaça
disse-lhe: Sabe que no fundo o admiro
Vou erguer-lhe uma estátua aqui na praça

Mas... O Casimiro que era tudo menos burro
tinha um nariz que parecia um elefante
sentiu logo que aquilo cheirava a esturro
ser honesto não é só ser bem falante

A moral deste conto
vou resumi-la e pronto
cada qual faz o que melhor pensar
Não é preciso ser
Casimiro pra ter
sempre cuidado pra não se deixar levar.

6 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

"De forma que pra comprar o Casimiro
em vez do insulto, do boicote, da ameaça
disse-lhe: Sabe que no fundo o admiro
Vou erguer-lhe uma estátua aqui na praça"

Andam as nossas praças,
cheias de estátuas...
(Casimiros da canção, há poucos...)

Fê blue bird disse...

Não conhecia esta preciosidade.
As coisas que aprendemos não é verdade ?
Desculpe meu amigo não ser visita mais assídua, mas o pouco tempo que tenho para estar na net, está a ser preenchido ( com muito prazer meu) com as homenagens diárias aos meus amigos.
Beijinhos e boa semana

Janita disse...

Olá Rodrigo.

Gostei imenso destes versos totalmente desconhecidos para mim.

O Casimiro é que sabia, ser bem falante não chega para se ser honesto e isto de estátuas, promessas e boas intenções, não passam de falsas imitações.

Beijinhos e boa semana.

Janita

Ana Paula Fitas disse...

Caro Rodrigo,
... as vezes que eu cantei isto não têm conta... entre nós, jovens de uma geração que cresceu com os Sérgios Godinhos deste país, o Casimiro era uma estrela :)))
Obrigado pela boa escolha e pela evocação.
Um grande abraço.

Pedro Coimbra disse...

O que eu já pulei ao som desta música (ao vivo), Rodrigo!!
Abraço

Graça Sampaio disse...

Excelente este Sérgio Godinho! Gosto dele desde que o descobri nos inícos de 70.

"Cuidado Casimiro" é do 1º disco que comprei dele: "À queima roupa" - muito bom!