terça-feira, 4 de outubro de 2011

"O Imperativo da Convergência à Esquerda"

Desde Sábado que tento alinhavar algumas palavras sobre o que penso relativamente ao nosso futuro imediato. Falta de capacidade para passar ao “papel” o que penso, falta de disposição, falta de tempo, na verdade depois de alguns rascunhos não saiu nada de jeito. Claro que não ia desistir. No entanto hoje ainda antes de iniciar o meu dia de trabalho tinha no meu mail um texto enviado através duma newsletter da Renovação Comunista. Esse Texto é escrito por Carlos Brito ex-militante Comunista com décadas de vida dedicadas à luta antifascista o que o levou a largos anos de clandestinidade e outros tantos às masmorras fascistas, suspenso entretanto da actividade partidária, como medida disciplinar aplicada pelo seu Partido por delito de opinião.

Porque me identifico palavra a palavra, com o que escreve, trago para aqui o seu texto e pus em destaque o acesso ao mesmo.

17 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Carlos Brito foi uma das vítimas mais mediáticas das purgas que op PCP foi levando a cabo, Rodrigo.
Houve muitos mais.
A diferença é que não tinham a notoriedade pública de Carlos Brito.
Um abraço

Anónimo disse...

A velha ideia reformista de que a direcção do PS pode voltar à esquerda tem já mais de 30 anos.Mesmo com esta derrota do PS e da sua politica,os novos dirigentes parece não aprenderem nada.Insistem nas mesmas politicas e não se demarcam da desastrosa governação de Socrates.Portanto é o Ps a as suas politicas que têm de virar à esquerda e não a esquerda consequente à direita,por muito que Carlos Brito proclame aquilo que não foi capaz de fazer quanto era dirigente muito responsável do PCP.

folha seca disse...

Caro Pedro Coimbra

As “purgas” derivados de vários processos de dissidência, em várias épocas foram uma realidade. Carlos Brito é de facto um dos últimos dissidentes e uma das figuras mais conhecidas dos ex-militantes do PCP. Mas lembro-lhe por exemplo José Saramago que esteve num dos primeiros processos de dissidência (3ª Via) e a constituição do INES (instituto de estudos sociais) apesar de não ter sido expulso ao exemplo de outros e decidindo manter-se membro do PCP, abandonou as tarefas que tinha, nomeadamente a Presidência da Assembleia Municipal de Lisboa.
Esta é uma questão que me é cara (talvez perceba agora porque uso o nick “folha seca” mas um dia escreverei mais sobre o assunto.
A questão que o texto de C. Brito trás é diferente. No campo das esquerdas há responsabilidades de todos. Agora a questão põe-se em relação ao futuro e na capacidade de arrepiar caminho e tentar evitar o “desastre” que se adivinha.
Abraço

Caro anónimo

Penso que a resposta que lhe podia dar, está incluída na que dei ao Pedro Coimbra.
Cumprimentos
Volte sempre

Anónimo disse...

Também eu me revejo nas suas palavras, mas elas não surtem qualquer efeito junto da esquerda, nem no seio do PS que, na era Sócrates, aniquilou qualquer possibilidade de convergência à esquerda. Não será com Seguro que as coisas irão mudar, infelizmente...

Anónimo disse...

O PS não tem outra posição que não seja juntar-se à indignação e ao protesto.Não pode ser o menino bem comportado à espera que este governo caía por si.Porque atélá estão em causa muitas coisas e até o próprio estado democratico.
Portanto não pode branquear o passado recente porque o PS não rompeu e não quere romper com esta politica de desastre nacional.
Fazer apelos para unidade fazendo de conta que não percebe o essencial é estar a iludir o fundamental.Nesta medida são importantes todos os esforços para trazer os militantes do PS^à unidade e a luta contra as medidas de governo.E cabe à direcção do PS essa enorme responsabilidade.Mas,advinho e espero enganar-me,que isso não acontecerá também com esta liderança.

folha seca disse...

Caros Carlos Barbosa de Oliveira e caro Anónimo.

Também não estou muito "Seguro" de que esta "nova" liderança do PS faça a inversão necessária, como também não estou seguro de que a direcção do PCP perceba que há muitos militantes, simpatizantes e apoiantes do PS que se sentem mal quando vêm o seu partido ser atacado sistemáticamete sem que se separem as águas. Estou seguro que não é com vinagre que se apanham moscas. Estou também seguro de que o tal papel de vanguarda assim não é cumprido.
Agora estou seguro que "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura".
Penso que no PCP já há quem perceba isso. Veja-se a intervençõa de Manuel Carvalho da Silva na ultíma manif.
Abraços

O Puma disse...

Cada Partido tem na sua história
purgas nem sempre maléficas
No caso do Carlos Brito parece manter respeito pelo seu próprio desmpenho

entretanto as convergências políticas não se desejam por crónicas nos jornais - isto é podem desejar-se mas não passam disso mesmo - e já é alguma coisa

folha seca disse...

Caro Puma
O que publiquei, ou seja fiz link ,não foi uma crónica de jornal, mas sim um documento da Renovação Comunista. Claro que as purgas até podem ser úteis, desde que seja para expulsar o que provoca certas maleitas. No caso acho que a purgas foram exagerads e atrás do que afectava o organismo foram expulsos orgãos essenciais. Outro problema: as purgas destinan-se a expulsar do organismo os parasitas que o contaminam. Temo que não tenha sido exactamente esse o resultado.
Abraço

Rogério G.V. Pereira disse...

Caro Rodrigo

Seu post me levanta algumas considerações sobre coisas que provávelmente irão acontecer, por exemplo:

- muito provávelmente o PS se irá abster na votação do orçamento pª 2012 e o PCP e o BE votarão contra

- muito provávelmente o PS irá votar ao lado do PSD a nova futura lei para o Poder Local e o PCP e o BE votarão contra

- muito provávelmente o PS fará orelhas moucas ao apelo claro (e não dissonante das posições do PCP) para esse partido cortar de vez com as politicas neo-liberais enquanto o PCP e o BE tomaram desde ínicio tal posição indo ao ponto de nem se encontraem com a troika

- muito provávelmente a voz de Carlos Brito era considerada pela consideração que teve com o PCP e que o PCP lhe tinha. Muito provávelmente a sua consideração se situa (merecidamente) por ser um dissidente...

- Quanto ao meu Zé, manteve-se fiel ao PCP embora o acusem de "borregar", um homem daqueles, vejam bem...

folha seca disse...

Caro Rogério Pereira
Provávelmente irá acontecer muito daquilo que preconiza.
Mas provávelmente muitos dos que ainda se revêem no PS não vão estar de acordo e poderão contribuir para fazer inflectir as posições erradas do PS.
Em relação a Carlos Brito, considero que as pessoas valem pelo que dizem, mas sobretudo pelos actos que praticaram e praticam. Nada apaga o que fizeram.
Quanto ao seu Zé (que não conheço) só lhe digo que hoje ao comemoraram-se 101 anos do fim da monarquia ainda há uns tantos Zés (outros) que lhes são fieis.
Abraço

Carlos Albuquerque disse...

Dissentir do PCP não é dissentir da Esquerda!
Estou, total e inequivocamente, de acordo com o que escreveu Carlos Brito.
Conheci-o pessoalmente, há muitos anos, era ele ainda dirigente destacado do PCP. Conversámos algumas vezes. No texto que agora li Carlos Brito mantém-se fiel a si próprio, renovando a inquietação de que a Esquerda se deixe irremediavelmente enclausurar, como já naquela altura me dizia.
O PS?
Talvez! Vamos ver, embora a actual liderança me suscite muitas dúvidas.
Acabo como comecei: Dissentir do PCP não é dissentir da Esquerda.
Abraço, caro Rodrigo.

folha seca disse...

Caro Carlos Albuquerque
Lamentávelmente continua a existir no PCP (e não é só na sua direcção) a ideia de que quem saíu ou foi forçado a saír passou a ser anti-comunista. Erro crasso.
Também tive a oportunidade de conviver durante alguns anos com Carlos Brito em trabalho partidário. Lembro-me perfeitamente que no interior do partido lutava contra a ortodoxia dominante.
Hoje vai um Abraço Republicano

Rogério G.V. Pereira disse...

Não conhece o "meu" Zé?
José. José Saramago?

folha seca disse...

Caro Rogério
Peço desculpa por não ter identificado o seu "Zé". Se tivesse escrito o "nosso Zé" aí percebia logo. Tambem não entendo o "borregar". Quanto ao manter-se fiel ao PCP. Também acho que sim. Mas com divergências claras e inequivocas. Não vai querer que lhe lembre pois não? Já não volto a falar na 3ª Via, no INES, nas eleições para a CML, sobre Cuba e mais algumas minudências...
Abraço Republicano

Rogério G.V. Pereira disse...

Meu Caro,

Julgo que qq comunista que tenha alguns anos de o ser, terá tido (eu tenho) opiniões divergentes com a direcção do seu colectivo. Em alguns casos essas divergências até serão levadas em conta, outras não... Uns passam a não identificar-se mais e insistem em manter posições rejeitadas pela maioria ou até mesmo a procurar organizar, por dentro, tendências. Outros saem... É a vida.

Rogério G.V. Pereira disse...

Não estava muito virado para comentar o texto do documento da “Renovação Comunista”, assinado por Carlos Brito, por o julgar inócuo e inconsequente para a resolução do problema, que de facto é, a divisão da esquerda. O facto de assim pensar, não me impede de constatar que o meu caro a ele se agarrou e faz dele estandarte o que, para mim já passa a ser razão suficiente para rever a posição inicial de pura e simplesmente não lhe ligar. Até porque sendo publicado em vésperas da manifestação de 1 de Outubro e terminando o documento como termina, o tomei (e continuo a tomar) como uma mera afirmação de presença da RC.
Mas então vejamos alguns aspectos do que o documento diz e do que penso (continua)

Rogério G.V. Pereira disse...

(continução)
PONTO 1 “Tamanha ambição, (a da direita de Passos Coelho) aliada a alguma inexperiência e a muita incompetência política, não deixa, no entanto, de provocar contradições e rivalidades no seu interior, originando zonas de fragilidade e de prováveis grandes tropeções.”
É um tremendo e perigoso erro de análise, como ponto de partida. Em Julho do ano passado afirmei que não me parecia haver nem inexperiência nem incompetência de PPP ao este comunicar a sua estratégia contra a constituição. Num post que editei em 26 de Julho de 2010 intitulado “Pactuar com a estratégia de Pedro Passos Coelho é entrar num labirinto de onde dificilmente se sairá. Deprecia-la, também não é caminho....:
” Quando se define, como Pedro Passos Coelho fez, uma estratégia labiríntica muitos se apressam a dizer que ela não leva a lado nenhum. Cuidado, PPC tem todo o percurso na mão, conhece os atalhos sem saída conhece os atalhos sem saída e, como foi ele que a desenhou, sabe que a única saída é a que conduz a uma consolidação dos interesses da classe que defende, dos ricos e dos poderosos... Nesse post e nos seguintes alertava sectores de esquerda para duas ideias que na altura defendiam: uma igualzinha à que CB vem agora referir no documento ao qualificar como incompetente e inexperiente, quando a meus olhos o não era (e vê-se agora que não era); segundo, a resposta do PS não só não foi firme como se abriu à discussão numa postura de principio de grande flexibilidade (tudo isto está dito naquele post e nos que se lhe seguiram em 8 e 16 de Agosto e depois em 29 de Outubro do ano passado. Tire deste primeiro ponto as conclusões que quiser.
PONTO 2 – Carlos Brito diz que o PS “Elegeu um novo líder pouco comprometido com o passado”. Acho a benevolência de CB é um achado. Dizer que José Seguro está pouco comprometido só porque se remeteu ao silêncio e porque, em minha opinião, refugiou nesse silêncio para depois poder aparecer de mão lavadas é um tacticismo que não me faz adivinhar nada de bom. Quem cala consente e José Seguro (em minha modesta opinião) consentiu TODAS as politicas seguidas pelo PS
PONTO 3 – Carlos Brito diz a propósito dos votos de rejeição do PEC IV: “Nem reconhecem que a sofreguidão com que embarcaram e colaboraram no derrubamento do desacreditado governo de José Sócrates, sem olharem a consequências, tendo-o feito, para mais, nos termos e nos prazos escolhidos pela direita, acabou por favorecer, pelo menos objectivamente, a chegada desta ao poder.” Este é um argumento que anda muito por aí e que “ignora”:
Primeiro: Que PCP e BE tinham votado contra todos os PECs anteriores não por serem do PS mas porque TINHAM ALTERNATIVAS não só de orientação politica de sentido diferente como de medidas radicalmente diferente e que NUNCA aprovariam tais medidas. Sócrates não foi confrontado com essa surpresa nem tal votação é uma traição aos valores da esquerda
Segundo: O PEC IV, vinha com referências de forte aceitação da direita europeia (Sócrates antes de o discutir em Portugal, discutiu-o com Angela Merkel) o que fez, muito provavelmente, Sócrates pensar que o PSD iria deixar passar mais um, à semelhança do que tinha feito com todos os anteriores. Só que dentro da estratégia labiríntica definida por PPP´há mais de um ano, chegara a altura de tomar o poder
Terceiro: Para quem conhece bem o PCP como Carlos Brito, devia de saber que o PCP não entra em jogos de poder. Toma posições face a politicas e a princípios.
Se os perigos são grandes? São. Eu já os adivinhava grandes quando apontavam PPP de incompetente e imaturo. Mas não é um documento com as análises e posições da RC que resolve o problema.
Desculpe pela extensão e obrigado