Amanhã realiza-se mais uma manifestação “Nacional” convocada pela CGTP e apoiada por uma série de estruturas de maior ou menor dimensão.
Claro que estou de acordo com esta, tal como estive com outras e numa delas até participei fisicamente.
A minha dúvida é se a repetição do mesmo tipo de acções sem objectivos mais concretos e mobilizadores não cansarão os seus participantes? Sim porque há sempre os que vão a todas, mas esses são cada vez menos, até porque a lei da vida é incontornável.
Sabe-se também que alguns sectores profissionais mobilizaram-se nos últimos tempos para este tipo de acções porque pela primeira vez lhes foram à algibeira, mas duvido que muitos desses profissionais se tornem manifestantes (militantes).
Uma manifestação chamada de Nacional que tem como objectivo dizer “Não à exploração, às desigualdades e ao empobrecimento e que outra política é possível e necessária!”. Quanto a mim é demasiado fraco, embora nas entrelinhas se leiam outras coisas. Mas porque não chamar as coisas pelos nomes? Como disse o Ary dos santos num poema que tenciono publicar amanhã “o povo não é livre em águas mornas”.
Mesmo que a manifestação de amanhã seja grandiosa, na melhor das hipóteses reunirá 2% da população Portuguesa (menos que o nº de funcionários públicos e afins da grande Lisboa) e o resto dos sectores profissionais e sociais condenados às desigualdades e ao empobrecimento? Muito menos que as pessoas que querem outra política e a consideram necessária.
E no resto do País? Será que para os organizadores, Portugal é Lisboa e o resto é paisagem?
Desculpem o meu aparente cepticismo. Mas acho que para problemas novos há que encontrar formas novas de mobilização popular e apontar objectivos concretos a atingir. As receitas por muito boas que sejam, têm que ser usadas com contra peso e medida, sob pena de cansarem.
8 comentários:
Caro Rodrigo
Concordo com tudo o que disse. Na verdade há que criar novas fórmulas e, se queremos uma realidade política diferente da actual, este tipo de manifestações não vai mudar nada. As pessoas já estão cansadas e a motivação para mudanças de peso nem sequer existe. Dir-se-ia que tudo isto serve apenas para convivência e encontro de amigos. Ficaremos todos na mesma. Subscrevo o seu cepticismo. :(
Abraço.
Rodrigo.
Para mim a maior manifestação que se fazia era no próprio local de trabalho. Estar presente e não fazer nada. Essa sim era uma verdadeira manifestação, não é ir passear para Lisboa, e quando as câmaras da televisão passem por perto, "fazer" briga com a polícia.
É que esse dia de trabalho que descontam ao empregado, é dinheiro que não sai da entidade patronal.
Beijo
O post não é controverso, é até transparente e linear nos aspectos aonde quer chegar...
Controverso, controverso é o confronto entre este dito e o escrito noutro lugar. Passo a citar:
"Em cada dia que passa sinto "uma raiva crescer-me nos dentes". Não vou estar lá, mas já agora peço-lhe que me junte ao seu contrário e à sua alma e me represente.
"A vitória é difícil mas é nossa"
Abraço
Rodrigo"
As águas mornas a que se refere o Ary não entraram nunca em contradição com as do Zeca: "Já é hora de ir para a rua gritar", pois sempre se referiram aos inventores de razões para ficarem em casa...
Caro L.O.L
O meu unico receio é de que a repetição até à exaustão possa levar a um cansaço pela repetição das mesmas formas de luta e quando fôr mesmo necessário, a resposta não seja dada.
Carlota
Já tinha lido essa opinião num outro local. A ideia até pode ser boa, mas julgo que impraticável. Dava imediatamente direito a um processo disciplinar. De qualquer forma...
Caro Rogério
Apesar do titulo que dei ao post possa não ter sido o mais feliz. Não sei onde encontra contradição entre o comentário que deixei no seu blog e o que escrevi hoje aqui.
Em lado nenhum me vê estar contra a manifestação. Mais só não vou lá estar por há razões que me impedem. O que lhe disse ontem foi com sinceridade.
Agora acho que posso expressar a minha opinião de que é preciso, mais, em mais locais e com objectivos claros. Só isso!
Uma forma de luta é sempre nova para quem nunca a usou. No quadro constitucional há direito à greve e à manifestação. São suficientes e devem ser usados. Quanto às contradições sublinho-as: No comentário que me vez me convenceu a representá-lo, aqui, me convenceu do contrário. E isso porque: Acha uma forma repetitiva; nunca será representativa, mesmo se for grande; é centralizada; é fraca e pouco concreta nos objectivos. Se eu dissesse isto a alguém hesitante, ele acabaria por desertar num instante. Acho que nem eu, nem meu contrário, nem minha alma o irão representar. Vou reuni-los em plenário... talvez decidam o contrário
Caras e caros amigos
A manutenção deste blogue é uma forma de ir publicando coisas que me agradam e outras que considero oportunas.
Sempre achei que um post não é uma obra acabada e como sou daqueles que me engano e muitas vezes tenho duvidas, admito sem qualquer preconceito opiniões contrárias. Vivemos tempos em que a discussão é imprecindível. Os tempos que vivemos e os problemas que enfrentamos obrigam-nos a isso. Não há manuais onde encontrar a melhor forma de proceder. Leio com muita atenção as correcções e opiniões contrárias.
Abraços (amanhã é um dia importante).
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