segunda-feira, 27 de junho de 2011

Tempo de Incertezas

Vejo no horizonte nuvens negras surgindo, carregadas de algo desconhecido que me inquieta.

Pena não trazerem água, para abafar o calor que me sufoca, para apagar os foguetes duma festa que não apetece e que me rouba o descanso, para trazer de novo o cheiro a terra pois depois da tempestade há sempre a bonança. Essa tempestade pode até não ser carregada de dor, amargura, tristeza, e por ai adiante.

Essas nuvens deviam despejar sobre os pântanos da nossa sociedade uma espécie de “chuva dissolvente” que provocasse ondas e afogasse os parasitas e dissolvesse os coios onde se acoitam. Sim talvez tivesse que durar algum tempo. Talvez até provocasse vítimas inocentes arrastadas na corrente da lama onde “chafurdamos “ talvez se salvassem algumas das espécies que nos continuavam a sugar o “sangue fresco”. Mas seriam tão poucos que um simples mata insectos manual, chegava para nos defendermos.

Chega de nuvens negras. Quero ver de novo o sol raiar no horizonte. Quero acreditar que não está tudo perdido. Quero viver e ver viver. Quero cumprimentar de novo as pessoas com um sorriso. Quero acreditar no que ouço, vejo e leio. Quero acreditar numa imprensa, numa rádio e televisão ao serviço da verdade, da formação e educação.
Quero ver gente a sério e não farsantes por aí a debitar postas de pescada sobre tudo e todos
Quero discutir de novo o futuro do meu País. Quero de novo ter opinião própria e não previamente formatada.

Estou farto de respirar ares que me intoxicam. Só quero que me digam a verdade. Sim isso tão simples.
Quero deixar de desejar ser ignorante, sim muito ignorante, talvez até louco, pois o ignorante e o louco não sofrem tanto.
Só quero olhar para o futuro e acreditar que ele existe.

Dissolvam essas nuvens. Porra!

10 comentários:

Ferreira, M.S. disse...

Caro Folha Seca,
Neste momento deveria tentar construir um sentimento mais positivo sobre o que está para vir mas também não consigo. Pegando nas palavras que escreve, penso que o Futuro existe mas já não nos pertence...
[... esta é a parte onde deveria aparecer uma asneira para amenizar a frustração... e que eu opto por preencher com uma tagarelice qualquer]
Abraço

Ana Paula Fitas disse...

Caro Amigo,
... desculpe mas fez-me lembrar o comentário alentejano sobre a Barragem do Alqueva, agora cheiiiinha de água em terras desertas...
Abraço solidário.

Rogério G.V. Pereira disse...

Como eu o compreendo...
Mas lhe digo
não ser este o tempo de incertezas
Pois não faz parte das conhecidas verdades
que quem semeia ventos (mesmo que mascarados de brisas) só pode esperar colher tempestades?...

Mar Arável disse...

Procure nas suas mãos

mais que um destino

Janita disse...

Caro Rodrigo, o que mais me doi é colhermos tempestades de ventos que não semeámos.
Alguém os semeou, mas não nós, os que vivemos neste tempo de incertezas temendo um futuro carregado de nuvens negras.

Aguardemos que soprem ventos mais favoráveis.
Beijo.

Janita

Carlos Albuquerque disse...

Caro Rodrigo.
Algo de estranho se passa com o blogger. Tem-me sido difícil entrar no seu blogue (demora imenso tempo a abrir) e, quando o consigo, é-me impossível publicar comentários. Aparece uma janela a dizer ERROR e o comentário esfuma-se!
Vamos ver se desta vez fica o rasto da minha vinda.
As nuvens de que fala também eu as vejo. Mais do que vê-las, sinto-as! Quase lhes toco.
Foram plantadas, a 5 de Junho, por gente (utilizando uma expressão sua)de opinião formatada, isto é, sem opinião, ou, melhor dizendo, que segue o rebanho como carneiros...
O terceiro parágrafo do seu texto tem um aroma a revolução! Subscrevo-o, por inteiro.
A direita que chegou ao poder (não importa agora dizer com que ajudas...)está a montar-nos o cerco, asfixiando-nos. É ver, todos os dias, o jaez dos comentadores, analistas, politólogos e jornalistas, nas televisões, nos jornais e na rádio.
Não sei, francamente não sei, como nos libertaremos de tal cerco.
Sinto os rios da Esquerda cada vez mais secos, os leitos transformando-se em lama. Oxalá que as tais nuvens negras possam despejar "chuva dissolvente" para que não nos deixemos encrostar na terra ressequida.
Um abraço

folha seca disse...

Caras e caros
Como já deve ter dado para perceber não sou um homem das letras. O que escrevo é "determinado pelo estado de espírito do momento".
Quando na Segunda Feira escrevi este post estava num local (o mesmo onde me encontro agora) onde a minha visão é muito abrangente. O horizonte estava esquísito. As preocupações eram e são muitas. Saíu aquela prosa, não como ensaio mas um olhar para a realidade como a sinto e vejo.
Sou dos que pensa que não chega constatar é preciso agir. É preciso na diversidade de ideias e opiniões encontrar a unidade possível e juntar no meu clamor o nosso não. Como é que se faz? Acho que ninguem sabe. Apenas sei que não é tempo para conformismos, não é tempo de ficar à espera que uns tantos clamando por uma legímidade duvidosa, destruam o que resta do nosso País.
Abraços

Jluis disse...

um dia...
á muito tempo atrás...tive um primo que me comentava o seguinte:
"...Uma empresa é como um saco de batatas!(entenda-se aqui batatas como colaboradores)...por mais cuidado que tenhamos em andar constantemente a rodar as batatas, a muda-las de posição para não ficarem "amachocadas", no dia que vejamos uma a ficar podre ou a "grelar" devemos ter a capacidade de a jogar fora de imediato, correndo o risco de, a não o fazer, passado, pouco tempo teremos todo o saco de batatas podres e "greladas", porque quisemos por algum motivo poupar ou reaproveitar a batata....
Nunca me esqueci destas sábias palavras.
Este comentário somente para fazer uma analogia com a nossa sociedade...mudamos os governos,os governantes, tentamos mudar o nosso rumo e o nosso destino...mas nao vimos ou não quisemos ver a batata a grelar e a apodecer...deixando-a contaminar as restantes.
Redutora conclusão:
Somos todos culpados!
Vivemos tao obsecados com a economia que nos esqueçemos de VIVER, olhar, observar. Economia essa que nos vai asfixiar.
A sociedade mudou, o que em tempos eram valores (de sociedade)...hoje nao valem nada!
Espero estar errado...
perdoem-me a intromissão no bloge.
Cumprimentos
Jluis

folha seca disse...

Caro Jluis
Penso conhecer o primo que um dia a prósito duma situação concreta usou o exemplo que referes.
Infelizmente acho que tens razão no que dizes. Perderam-se muitos dos valores que mantém uma sociedade sã.
Ainda a propósito uma sugestão que deixaste num post anterior. Pensava fazê-lo e espero viver o suficiente para o fazer. Pensava por esta altura já ter algum tempo para isso. Mas as voltas saíram trocadas.
Volta sempre.
Abraço

Jluis disse...

hoje...é um daqueles dias que se espera ansiosamente chegar ao final do dia de trabalho, que para mim é por volta das 02.00...mais coisa menos coisa...chegar a casa dormir e esquecer, pois amanha ás 09.00 nos vamos de novo lembrar já tive muitas más noticias...daquelas tipo nuvens negras, porém de algo conhecido que de repente se torna desconhecido, no fundo também poderia aqui escrever que se prende com valores do antigamente...Ok. os dias são outros...mas existem valores que se deveriam de manter sempre...em especial a honestidade, mas efectivamente o que era antes hoje já não é...tanta semântica só para não dizer logo que já levei mais uma "porrada" nas canelas....é o que dá dar crédito a quem não o merece! enfim....
porém uma boa noticia...o facto de uma sugestão minha neste blogue ter sido levada em consideração. O narrar uma historia que eu adorava ver escrita!
Obrigado.