segunda-feira, 30 de julho de 2012

Jorge Palma | Portugal, Portugal

Confesso que uma das minhas frustrações é o facto de nunca ter aprendido musica. Ainda tentei com o mestre Álvaro Domingues aprender viola. Mas o tempo e uma certa vontade de fazer muita coisa ao mesmo tempo, levou a que mal passasse do Dó. Neste blogue e mesmo num outro onde participei, sempre usei muito a musica como forma de transmitir o meu estado de espirito. Esta canção dada a conhecer em 2002 está actualíssima e tal como outro dos nossos grandes cantores disse: “a cantiga é uma arma”. Por isso volto a publicar esta canção. Para quem quiser acompanhar a letra, aconselho a ver o vídeo com o ecrã aberto.

domingo, 29 de julho de 2012

"Funcionários públicos vão ser mais penalizados do que os privados"

"No próximo ano, os trabalhadores do Estado não ficarão sem subsídios, mas voltarão a ser mais penalizados do que os colegas do privado". VER MAIS



Parece-me que quem escreve este tipo de notícias conhece mal a realidade do País.
Desde já afirmo que para muitos sectores da função pública é uma violência o que se está a fazer e contra ela me manifesto. No entanto apesar das arrumações que se estão a fazer não me pareçe que a função pública ameace falir e que mesmo com direitos retirados, os empregos estão garantidos e caso o não estejam, estão pelo menos as indemnizações a que têm direito, tal como a passagem à reforma mesmo que antecipada.

Vejamos o que se passa no privado.  
Grande parte das micro, pequenas e médias empresas vivem para o mercado interno. Quanto menor for o poder de compra da população em geral, mais dificuldade há em colocarem os seus produtos no mercado. Contam-se por 2 dígitos o número de falências diárias. Grande parte destas falências acontecem quando já não há meios para indemnizar os seus trabalhadores, restando-lhe o subsídio de desemprego quando a ele têm direito. Normalmente acontece que há um período em que subsídio de férias e de natal há muito deixou de ser pago tal como vários meses de salários, deixo aqui um exemplo dos muitos que infelizmente se conhecem (AQUI).

Esta ideia de que só os funcionários públicos são penalizados é falsa e está a ser utilizada para dividir os trabalhadores do púbico e privado. A intenção é evitar que a unidade aconteça pois quando efectivamente a unidade se concretizar, haverá mudanças muito sérias no que respeita à continuidade do esbulho miserável que tem vindo a acontecer a quem trabalha quer no público quer no privado.

sábado, 28 de julho de 2012

Fernando Tordo canta "Adeus Tristeza"

A tristeza não é um estado permanente, tal como a alegria ou mesmo a felicidade. Durante a minha vida conheci de tudo. Houve uma altura que um dos grandes cantores do século 20, escreveu esta canção (1983). Da primeira vez que a ouvi torneia-a num hino contra a tristeza que se tornou numa espécie de companheira que não me larga.

Num final de sábado em que procurei pôr a escrita em ordem, reunindo leituras, opiniões e tentando perceber o que por aí vem, apeteceu-me ouvir esta bela canção interpretada por este grande cantor. Partilho-a convosco.

Luisa Amaro | Canção para Carlos Paredes


Com Gonçalo Lopes no clarinete baixo. 16 de fevereiro de 2012, na Amadora. Concerto comemorativo do aniversário de Carlos Paredes, nos Recreios da Amadora.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

É só uma questão de fazer as contas"


Começa a ser bastante comum ouvir dizer que “já não vejo notícias”. De facto não apetece ouvir. Mas como sou dos que se recusa a fazer como a Avestruz lá vou “vendo, ouvindo e lendo”. Não, não vou escrever muito sobre este assunto, mas deixo aqui 3 links  para  quem se quiser dar à pachorra de os abrir e tirar as suas conclusões e  as quiser partilhar comigo, façam favor.
06 de Julho de 2012



27 de Julho de 2012

Recentemente todos percebemos para que é que servem as chamadas autoridades reguladoras, para quem não ficou convencido aqui está mais um exemplo.

"Estou a panicar de tanto panicar".

Não conheço a autora do texto que aqui publico a seguir. A maior proximidade que tenho é fazer parte de um grupo do Google onde este texto foi publicado. A Mãe que penso não conhecer pessoalmente faz parte desse grupo. Pedi autorização para usar este texto que já ontem tinha lido "pela rama" mas que hoje reli com atenção. Tirei os óculos algumas vezes para limpar, talvez pelo nevoeiro que por aqui faz. Ao contrário do que habitualmente faço, não ilustro com qualquer imagem este post. Não precisa, está aqui a imagem. Apesar de "grande" aconselho a sua leitura.

"Estou a panicar de tanto panicar.

O meu percurso universitário foi cheio de erros. Escolhi sem saber o que queria, mudei porque o curso exigia demais e tinha de trabalhar, mudei outra vez porque o dinheiro não chegou e tive de voltar para casa dos pais.

Sou da geração que não consegue sair de casa dos pais, a geração que, em vez de os deixar caminhar para o descanso, tirar umas feriazitas de educar e ver o pôr-do-sol, tem de viver à custa deles. Tem de pedir que pague pelos erros da filha que, inconsciente, aos 18 anos não sabia um diabo da vida. E, caramba, aos 22 continua sem saber. Tem de pedir aos pais que lhe paguem as propinas e que, além disso, suem mais um bocadinho entre call-centres, desemprego e precariedade para pagar a burrice do empréstimo que a filhota – que na altura prometia mundos e fundos, que foi das melhores médias do secundário, que queria ser bióloga e salvar as baleiazinhas e as florestas amazónicas – pediu, para não ter de trabalhar enquanto estudava.

A filhota, por se crer dona do seu nariz, e por ver o dinheiro a escassear, decide trabalhar para compensar. Sem dizer aos pais, claro, que tem de afirmar a sua dependência económica. E siga, vamos lá meter o rabinho num call-centre e azucrinar o juízo a gente que não tem dinheiro para gastar. A escola vai por água abaixo, que a filhota não consegue lidar com tudo. Porque isto de haver idade para erros é coisa do século passado, hoje em dia já tem de se nascer com o destino traçado e não há lugar, nem direito, para enganos. Experiência de vida uma ova.

Vamos lá então mudar de curso, e desta vez já na direcção certa. 'Bora lá para um curso de Letras, que no fundo sempre tive queda para a coisa. E... Ora, caramba, vou ter de mudar de trabalho que estou prestes a rebentar os miolos de tantas vezes ser tratada mal ao telefone. Vamos lá para outro call-centre. Mas calma, este já é melhor que o outro. O melhor da cidade. Este já não é telemarketing, este é Apoio ao Cliente. Uiiii, cuidado! 8h, quando não são 9h ou 10h, a ouvir gente chateada com a empresa a descarregar, aos gritos, em cima de nós. Um ano a aturar isto, e começo mesmo a pensar que sou incompetente. Isto de ouvir destas coisas 5 ou 6 dias por semana... Começa a ecoar cá dentro. E claro, durante este tempo, ir às aulas. E tentar encaixar umas horas de sono no meio. Esgotada e sem previsão de melhorias... Desisto pela primeira vez. Corro para os braços dos papás que me recebem com mimos, cama, roupa lavada e comida na mesa. E um amor inesgotável.

Vamos lá, tentar mais uma vez, no fundo nasci em Lisboa, pode que a capital me dê alento e me mude as sortes. Ora, ainda experimento um outro call-centre, que ainda é melhor que o anterior. É que não quero desistir da minha independência assim sem mais. Vamos lá, 6h parece ser exequível. Eh lá, mas calma que aqui as coisas são diferentes. Aqui os objectivos ainda são mais inatingíveis, aqui a malta ainda bate pior da cabeça, aqui... Ai jesus, como se aguentam! E bom, vamos lá escorregar do precipício, que estive a cozinhar uma depressão durante um par de aninhos.

É que sabem, eu tenho os melhores pais do mundo. Sempre me disseram, a mim e ao meu irmão, que o nosso destino está nas nossas mãos. Que somos nós que fazemos as nossas vidas. Que se nos empenharmos, somos capazes de qualquer coisa. Que o mundo está aos nossos pés. Que estudar é muito porreiro, que aprender é bué de fixe, e que a universidade nos abre os horizontes. Ler muito, aprender muito. É, eu sei. São mesmo os melhores pais do mundo. Só que as bacoradas que os belos dos nossos governos fazem trocaram-lhes as voltas e ainda se riem na cara. Eles, os melhores pais do mundo, continuam a dar tudo pelos filhotes. Continuam a dar cabo da sanidade mental deles, para abrir caminho aos filhotes. Que os garotos merecem tudo. Mas... Ora, troikices, FMIzices e botas elameadas de tanta vez que os nossos queridíssimos dirigentes políticos metem a pata na... O cenário sempre a ficar pior.

A filhota que, mudou pela 2.ª vez de curso e não está a trabalhar, acabou o ano lindamente. E experimentou a vida académica como deve ser: conheceu professores porreiros, outros que não deveriam dar aulas, estudou que se fartou e aprendeu imenso. Mas, principalmente, aprendeu que por mais que se estude e se seja merecedor... ou se tem um tacho muito grande, ou tem de se emigrar (ou se tem um cartão Relvas), como diz o Sr. PM. A filhota tem de pensar em começar a trabalhar novamente, quanto antes, se é que quer continuar a estudar. Que o subsídio do papá vai acabar não tarda, e depois… é melhor nem falar. Só que entre call-centres e supermercados, a filhota sabe que não vai conseguir estudar. E a filhota sabe que tem capacidades para muito mais. É fluente, nativa, em três línguas, que é bem mais que o nosso Sr. PM. Fala e escreve melhor português que o Sr. PM. Tem melhores ideais que o Sr. PM. Não tem mais experiência profissional que o Sr. PM, mas também não se quer formar em mentir descaradamente, por isso…

Emigrar os DIABOS! Os nossos pais lutaram, e lutam para nos dar o melhor. Vão buscar forças quem sabe onde. Retiram-lhes o sustento, vêm as hipóteses de emprego reduzidas quase a zero para si e para os seus filhos, vêm que sonhar começa a ser caro de mais. Mas mesmo assim lutam. E nós, LUTEMOS com eles! Lutar pelo nosso país, lutar por aquilo que é certo, por aquilo que vale. Não baixar os braços. Ganhar consciência política, ver que o mundo não se vê através de um iPhone. Que o grupo de amigos para a borga vai começar a escassear porque o dinheiro não chega. Que a única perspectiva de trabalho no futuro vai ser numa caixa de supermercado ou num restaurante. Ou num call-centre, claro. E pagar dívidas alheias que não acabam, porque irá sempre haver mais. E ver os nossos pais desolados porque roubaram o futuro dos seus filhos…

Há que perceber, rapaziada (e raparigada, não excluo ninguém), que não é altura para bens supérfluos. Há que mudar a direcção, há que procurar um futuro que não seja precário. Há que escorraçar quem nos enterrou, retirar a areia dos olhos, há que sair fora e respirar. Há que lutar. Aqui não se desiste. LUTEMOS!"

Clara Cuéllar

Três Cantos - Que Força é essa.


Eu sei que é a enésima vez que publico esta canção, mas porra cada vez que a oiço é como que tomar um calmante (especialmente quando a trautei-o).

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Será possível arrepiar caminho?



Para aí no final dos anos 70 do século passado, existiam entre 6 a 8 fábricas de vidro manual na Marinha Grande a funcionar. Claro que são conhecidos os célebres problemas do sector, nesses tempos algo conturbados. Na verdade e falando de cor penso que haveria para aí cerca de 3000 postos de trabalho nestas empresas que ao longo do tempo foram sendo encerradas. Outras nasceram, mas o destino acabou por ser o mesmo.

Recordo aqui um episódio que me marcou e que demonstra como os “Portugueses” em geral contribuíram para sepultar grande parte da nossa indústria.

Um dia fui convidado para ir beber um copo a uma cervejaria que tinha acabado de abrir. Logo reparei que grande parte dos copos eram de origem estrangeira. Dado que o proprietário até era filho de um industrial do ramo, inquiri-o sobre o porquê de numa terra onde a actividade principal era a fabricação de vidro e grande parte dos clientes viveriam dos rendimentos dessa actividade, do porquê? A resposta foi a de que havia que gastar o mínimo possível e como tal os tais copos serviam muito bem. Indignei-me e penso que se a memória me não falha nunca mais lá pus os pés.
Claro que a tal cervejaria há muito deixou de existir, tal como a totalidade das fábricas existentes também.

Este assunto poderia e deveria ser muito mais aprofundado e transportado para muitos outros sectores da nossa economia. A ânsia de comprar mais barato, a “mania de que o que é estrangeiro é que é bom” levou a que muitos sectores da nossa indústria sofressem em terras Lusas a concorrência que não lhes permitiu sobreviver.

Na verdade cada um de nós deve pôr a mão na consciência e para além de culparmos as políticas erráticas praticadas, quantos de nós somados a tantos outros não demos e continuamos a dar, o nosso contributo para a situação depauperante da nossa economia.

Sou dos que pensa que é possível arrepiar caminho, assim queiramos e a nossa consciência o determine. Se já não é possível ressuscitar o que morreu, salvemos o que está vivo!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Museu do Vidro - Marinha Grande

Visita guiada ao Museu do Vidro da Marinha Grande
Ontem um comentário no meu anterior post, feito pelo amigo “Vinagrete” (curiosamente um dos obreiros da concretização do Museu do Vidro) fez ressaltar em mim uma certa nostalgia. Dado que é tempo de férias e muita gente não se pode dar ao luxo de grandes despesas, que tal uma visita a este Museu que encerra em si grande parte da História da Marinha Grande. O Museu do Vidro encontra-se instalado no Palácio Stephens, edifício de inspiração neoclássica, construído na segunda metade do século XVIII. Este palácio que serviu de residência à família Stephens, mais tarde à do Engº. Calazans Duarte. Funcionava como apoio administrativo à então Fábrica Escola Irmãos Stephens mandada encerrar em 1994 pelo governo presidido por Cavaco Silva.

terça-feira, 24 de julho de 2012

"Vou andando por aí".


Alguns amigos têm-me feito sentir que ando um bocado calado e que provavelmente algo não está bem comigo.

Verdade. Apesar de me continuar a “crescer uma raiva nos dentes” a forma de a manifestar não tem sido por aqui, ou pouco. Não deixei de sonhar e de perseguir a utopia. Sei que mais tarde ou mais cedo esta cambada que se “está lixando” para o nosso povo será corrida a ponta pé, basta que para isso exista uma alternativa credível e mobilizadora. Mas para que isso seja possível é necessário que quem tem responsabilidades (até históricas) demonstre essa vontade. Que a liderança seja isso, isso mesmo. As lideranças só funcionam com aliados e os lideres só serão isso mesmo se demonstrarem que o são, não se fabricam, não se nomeiam quanto muito são eleitos, eleitos mesmo. A eleição seja em que patamar for, não pode ser uma farsa e muito menos uma sucessão dinástica.

Sim, penso que uma das grandes razões que faz com que os Portugueses estejam (talvez como nunca) apáticos e a afastar-se das tradicionais formas de luta é esta. Portugal sofre de um grave problema de falta de liderança, que motive, que aponte caminhos que faça acreditar que é possível evitar o desastre. Não falta quem nos “púlpitos” erguidos há muito e nos que se vão erguendo diga coisas certas (em geral para consumo interno) mas não chega.

Alguma ausência em termos de comentários e até de opiniões expressas não se deve a nada de especial. Alguma falta de tempo e o ter de enfrentar alguns problemas de ordem profissional (a crise atinge quase todos, apenas a uns mais depressa do que outros) retiram-me alguma motivação. Mas vou andando por aí, ai vou, vou.

Palavras certeiras

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Carlos Paredes.


Podem faltar-me as palavras. Nunca me falta a vontade de ouvir boa musica. Lá para onde estejas amigo, mando o meu obrigado pela obra que nos deixaste.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Jorge Palma - Maçã de Junho


Maçã de Junho - Jorge Palma
"No Tempo dos Assassinos" - 2002

És a estrela da alvorada
E a madrugada junto ao cais
És tudo o que eu vejo em ti,
És a alegria e muito mais
És a minha maçã de junho
És o teu corpo e o meu
Amo-te mais que à vida,
Que a vida sem ti morreu

És a erva perfumada,
Debruada a girassóis
O trago do café quente
Nas manhãs entre lençois
És a minha maça de junho
E a minha noite de verão
Anda, vem comigo,
Vamos,dá-me a tua mão


És o encontro na estrada,
És a montanha e o pôr do sol
O vinho bebido em festa,
És a papoila e o rouxinol
És a minha maça de junho
E a minha estrela polar
Sem ti eu não tenho norte,
Sem ti eu não sei amar.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Boas Férias


Pronto, estamos a meio de Julho e com bastante calor. Já se nota muita gente de férias e como é óbvio algumas ausências por estas bandas.
Para além da temperatura climatérica adivinhava-se um Verão quente também do ponto de vista político. Mas claro como diz a canção “eu gosto é do verão” e tirando o fogacho de ontem, alimentando a anedota das “cadeiras” népias e claro a luta vai de férias.
Lá mais para os finais de Agosto e princípios de Setembro vamos ter as diversas rentrées e não vão faltar motivos para alimentar os discursos das costumeiras iniciativas dos diversos partidos políticos. Vamos certamente voltar a ouvir o Passos a dizer que estamos no “bom caminho” o Seguro a falar na “oposição violenta” o Jerónimo com uma “lista de malfeitorias” e o Louçã idem.

Entretanto a degradação da nossa sociedade continua a passos largos. A economia e o tecido produtivo vai vivendo à míngua até se aguentar, o número de desempregados, até é capaz de estabilizar (tendo em conta a sazonalidade) e naturalmente um número imprevisível de empresas que encerra para férias, não volta a abrir.

Entretanto como, alternativas, quem tem responsabilidade para as criar não está nisso interessado, preparemo-nos para suportar até 2015 (com mais ou menos escalracho) com este “governo” ao serviço da especulação financeira, lá vai levando este País às cinzas para que alguém faça o rescaldo.

Esperemos que assim não seja. Que a sociedade civil reaja e que dê o tal empurrão que se pretende.

Por cá, férias talvez uma semanita lá para Setembro.

Relvas no Jornal de Angola

Cá por mim já todos demos demais para este peditório... mas cá vai outra.

domingo, 15 de julho de 2012

Nevoeiro de Fernando Pessoa na voz de Gal Costa


Nevoeiro, poema de Fernando Pessoa, do livro "Mensagem", que foi musicado por André Luiz Oliveira e gravado por Gal Costa.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O EMPLASTRO


Não sei se aquela figura que aparece quase sempre a pôr-se na frente das camaras de televisão em muitos dos acontecimentos com direito a reportagem televisiva, age por contra própria ou alguém o usa, no mínimo para pôr os repórteres nervosos. É que a sua capacidade de movimentação é estranha. Sabemos que ganhou uns dentes novos antes e provavelmente agora trata-se de os mostrar (há métodos publicitários com grande imaginação e disfarce). Na verdade onde aparece, dá nas vistas.

Não sei bem porque é que me fui lembrar dessa figura infeliz. Mas ao dar uma volta pelas notícias, aparece em tudo quanto é sítio, a rocambolesca estória do ministro Relvas. Surgiu-me assim de repente a interrogação se isto não é de propósito. Queimado com as chamadas pressões sobre um jornal e respectivos jornalistas, ficou claro que era um ministro a prazo. Tão ao gosto dos Portugueses passámos a ter em quem bater, assunto para escrever, anedotas para contar, etc…etc…

Entretanto vai escapando ou passou para 2º plano, o Passos, o Gaspar, o Álvaro e a restante equipa “Governativa”  que continua a fazer patifarias e a preparar outras de que pouco se fala. O importante é malhar no Relvas ao ponto de já provocar náuseas. Para mim é um caso de polícia e ao manter-se no governo (ou manterem-no) tem um objectivo, desviar as atenções, já que está queimado, mantém o pagode atento.

Enquanto isso assistimos à destruição do nosso País e cantamos a cantiga que anda na boca de toda a gente “ó Relvas ó Relvas”

quinta-feira, 12 de julho de 2012

PACO IBÁÑEZ - NO SIRVES PARA NADA.


NO SIRVES PARA NADA.
Cuando yo era pequeño
estaba siempre triste
y mi padre decía
mirándome y moviendo
la cabeza: hijo mío
no sirves para nada.
Después me fui a la escuela
con pan y con adioses
pero me acompañaba
la tristeza. El maestro
graznó: pequeño niño
no sirves para nada.
Vino luego la guerra
la muerte --yo la vi--
y cuando hubo pasado
y todos la olvidaron
yo triste seguí oyendo
no sirves para nada.
Y cuando me pusieron
los pantalones largos
la tristeza en seguida
mudó de pantalones.
Mis amigos dijeron:
no sirves para nada.
De tristeza en tristeza
caí por los peldaños
de la vida. Y un día
la muchacha que amo
me dijo --y era alegre--
no sirves para nada.
Ahora vivo con ella
voy limpio y bien peinado.
Tenemos una niña
a la que siempre digo
--también con alegría--, hija mía
no sirves para nada.
José Agustín Goytisolo

quarta-feira, 11 de julho de 2012

"Banco de Portugal prevê para 2012 algo que não acontece desde 1943"


Portugal venderá mais ao exterior do que compra. Será sustentável a prazo? Economistas esperam para ver.

Esta noticia cujo link para aqui transporto podia ser positiva e até animadora. Não sendo economista, no próprio artigo há da parte de alguns,  um certo cepticismo.

A mim parece-me que é uma falsa questão. A redução das importações deve-se fundamentalmente à quebra do consumo e à não reposição de stoks de produtos essenciais, nomeadamente bens alimentares que já escasseiam no mercado e como é normal quanto menor é a oferta maior é o custo,  o que tem consequências previsíveis.

Tenho algumas dúvidas se nalguns casos certas exportações (à bruta) têm assim um efeito tão positivo como se pretende fazer crer.

Deixo um exemplo: Um dos produtos nacionais de grande e crescente consumo é a nossa sardinha: Quem nos últimos tempos procurou consumi-la nas tradicionais sardinhadas e nas festas de Stº António e S. João, sabe a que preço as pagou e com qualidade muito fraca, dada a ausência de gordura.
As razões são diversas e daria para um post dos compridos. Mas uma delas deve-se a um aumento exponencial na exportação nomeadamente na congelada e em conserva.
Creio que comer uma sardinha se começa a tornar num luxo pouco suportável para um número considerável de famílias.

Temo que por este andar algo que não acontece desde esse tal ano de 1943 e nessa época, se repita. Refiro-me às tristemente célebres “ senhas de racionamento”

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Dias em que apetece ir para a rua Gritar!

O tempo nunca anda para trás (como pedia aquele cantor de outros tempos). No entanto sinto que nos tempos que vivemos há alguma semelhança com o período pós 25 de Abril de 1974. Na altura os meios tecnológicos eram muito escassos. Uma  policopiadora manual ou eléctrica uma resma de papel e sai um comunicado. Para não falar das rotativas que imprimiam jornais, alguns tempos depois, o offset com maior capacidade de impressão e qualidade.

Para defender uma ideia, convocar uma manifestação, contestar uma decisão eram estes os meios, mas não bastava escrevê-los e imprimi-los era necessários distribui-los. À porta das fábricas, das escolas, das repartições, dos mercados, enfim onde houvesse gente. Era preciso gente, gente militante que não só acreditasse em ideais mas que estivesse disposto dar o corpo ao manifesto (quantas vezes em terrenos pouco propícios, com os riscos inerentes).

Depois do fascismo era tudo de esquerda e todos os partidos quase sem excepção inscreviam nos seus programas a construção do Socialismo. Nos partidos esquerdistas e nos faz de conta havia uma grande disputa pela liderança ideológica. Quantos partidos (Marxistas-Leninistas-stalinistas -Maoistas -Trotskistas e mais umas istas) havia? Disputando a herança destes teóricos.

38 Anos depois qualquer um de nós, agarrado a um computador ou afim, com grande facilidade em poucos minutos difunde pela net uma ideia, certa ou errada, faz uma partilha faz criar opinião, difunde verdades ou mentiras (mesmo que involuntariamente) faz uma petição cria um manifesto, marca um congresso, recolhe apoios e cria adversários e apoiantes.

Sim. O maravilhoso mundo da Net permite uma ampla difusão de ideias, faz chegar com uma velocidade estonteante uma novidade, um escândalo ou mais uma vigarice.
Com grande velocidade passamos de uma boa para uma má disposição.

"Não apagues o amor" - Viviane

domingo, 8 de julho de 2012

Neste Domingo não há politica neste blogue.

Depois disto, o Eça não se venha queixar que está a ser pressionado ou que lhe colocaram pormenores da vida íntima na internet.

Surripiado ao Óscar Branco

sábado, 7 de julho de 2012

"A Festa Foi Bonita".


Mais uma bela canção do trovador, representante de uma geração inconformada

A festa foi bonita pá mas tu agora
voltas ao mesmo sítio onde estiveste
  voltas à mesma rua à mesma casa
  voltas ao mesmo copo que bebeste

E o mundo que sonhaste foi andando
  o sonho de justiça e a fantasia
  que ardemos toda a noite em fogo brando
  terá que se enfrentar com o dia a dia

Mas há uma coisa enorme que ficou:
  (e é nela que teces o amanhã
  que deste frente a frente resultou)
  a vontade de viver outra verdade
  a vontade de acordar noutra manhã

A festa foi bonita pá mas tu agora
  voltas ao mesmo leito onde dormiste
  e apesar do sabor que nos deixamos
  o termos que partir é sempre triste

O mundo que sonhamos está tão longe
  mas tudo o que esta noite se viveu
  garante que afinal pode ser hoje
  o mundo que se sonha e se esqueceu

Mas há uma coisa enorme que ficou:
  (e é nela que teces o amanhã
  que deste frente a frente resultou)
  a vontade de viver outra verdade
a vontade de acordar noutra manhã

"Uma epidemia de idiotas úteis"



Em 2011 foi votado no Parlamento um coiso (chamava-se PEC 4) com voto a favor do PS e contra do PSD, CDS, BE e PCP. Por causa desses votos, aconteceu o que era sabido por todos antes de votarem: caiu o Governo, houve eleições, ganhou o PSD e fez-se um Governo PSD/CDS. O meu ponto é: ao PSD e ao CDS aconteceu o que lhes interessava quando votaram; já o BE e o PCP tiveram o que não queriam, apesar de saberem antes que teriam o que tiveram se votassem como votaram. Os do PSD e do CDS fizeram o que queriam. Os do BE e do PCP foram idiotas úteis. Adiante. Um ministro das Finanças que faz um decreto de um coiso (cortes de subsídios, mas o que interessa é que era só para funcionários) que foi chumbado como anticonstitucional, pode ser um ministro incapaz porque não previu o chumbo. Pode, talvez. Porque podia também estar à espera de que alguém da oposição metesse o coiso no Tribunal Constitucional, fosse chumbado e, à pala do chumbo, o coiso passasse a aplicar-se aos funcionários e aos privados, o que seria para o ministro ganhar a taluda. Nesse caso, o ministro seria brilhante. Talvez, repito. Já os da oposição (alguns do PS e do BE) que, de facto, levaram o coiso à inconstitucionalidade e, como era de esperar nessa hipótese, ao alargamento (que eles não queriam) do coiso a todos os portugueses, esses, foram - sem talvez! - idiotas úteis. Temo que tenhamos aqui um padrão: demasiados idiotas úteis na política portuguesa.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Ary dos Santos. Retrato do poeta

Uma boa sugestão é sempre bem aceite. Obrigado caro "Quase anónimo"
in AMÁLIA/VINICIUS
Faixa 16 - Retrato do Poeta - José Carlos Ary dos Santos

Gravado num serão em casa de Amália Rodrigues em 1968, onde estavam Vinicius de Moraes, Ary dos Santos, Natália Correia e David Mourão-Ferreira.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

"Cavalo à Solta"


Vários cantores cantam Cavalo à Solta, de Fernando Tordo e Ary dos Santos, RTP 1986

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve, breve
instante da loucura

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura

terça-feira, 3 de julho de 2012

Ser independente sem ser apático. Tomar partido sem ter partido.

Ouve um tempo em que ter partido e não correr riscos significava que se era da UN ou mais tarde de A.N.P.

Mas havia outros que não o podendo mostrar, tinham Partido. Quase até à conquista da liberdade havia de facto 2 partidos em Portugal o do Fascismo e o que lutava contra o anterior.
Não é meu objectivo referir os sofrimentos dos que se atreveram a ser do Partido que durante décadas e décadas lutou contra o fascismo coisa que já fui fazendo e certamente  voltarei a fazer.

Sem pretender fazer história queria apenas recordar que das grandes lutas da classe operária e de outras camadas, das grandes acções eleitorais que a história nos transmite só foram possíveis e tiveram o impacto que tiveram porque a elas aderiram grandes camadas da nossa população naturalmente sem partido embora os mais conscientes e conhecedores soubessem que por trás havia um grande partido e claro que, pelas limitações existentes a ele não podiam aderir.
Teria que recorrer a pesquisas para os enumerar em grande parte, mas este escrito não é mais do que uma tentativa de acrescentar algo mais ao meu post de ontem.

Recordo as acções que se realizaram durante 1973 e uma vaga ideia das de 1969. Sei que as de 1973 durante a fantochada eleitoral assumiram quase um caracter insurreccional dada a convergência em torno da candidatura do MDP/CDE dos dois partidos então existentes embora um deles, o PS ainda mal acabava de nascer herdando no entanto o património político dos seus fundadores e suas organizações.

A campanha eleitoral de 1973, a denúncia da fraude em que estas eleições se tornaram, deram um contributo (impossível de quantificar) decisivo aos acontecimentos que se verificaram alguns meses depois, naquela radiosa madrugada de Abril.

Quantos homens e mulheres estiveram envolvidos, quantos arriscaram, quantos pagaram caro a ousadia, mesmo não sendo membros de qualquer partido.

Porque é que hoje, homens e mulheres independentes cujo percurso político foi sempre ”pelo lado esquerdo da vida” não podem promover iniciativas que se destinam a contribuir para alterar o caminho catastrófico por onde caminhamos.
Porque é que se pretende denegrir as pessoas que querem fazer coisas, porquê a sobranceria com que alguns dos partidos de esquerda olham para estes movimentos independentes, porque é que se pretende impedir que militantes desses partidos participem?

Talvez o que se pretenda não seja mais, de que a apatia, o desinteresse crescente em grandes camadas da nossa população mesmo sofrendo na pele o que sabemos, aumente e de facto a politica se torne uma coisa só para os políticos.

Pena que o toque não seja a UNIR.

"Página em Branco"

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Unidade. Precisa-se?

Estas letras que tento alinhavar em forma de post, que como é habitual não sei se chegarão a ser publicadas, não é mais do que um exercício repetido de passar ao ”papel” o sentimento de revolta e frustração que me acompanha de manhã à noite agravado pelas notícias que vou ouvindo e lendo.
Não sou nada apologista da ideia de que na política se aplica o velho ditado popular de que “ atrás de mim virá quem bom de mim fará” não! Não vou nessa e até acho que há culpados do ponto de vista politico que serão para sempre responsáveis por terem escancarado as portas à direita ultraliberal com os resultados que se estão a ver e (quase a generalidade dos cidadãos) a sentir na pele. Não me refiro a ninguém individualmente mas às estruturas politico- partidárias que em devido tempo não perceberam, que era preciso mudar de timoneiro. Penso que perceberam mas “enquanto o pau vai e vem folgam as costas”.

Escrever no fim de um dia sobre mais uma quantas patifarias hoje conhecidas, mais uns dados postos à vista, mais o aumento da sensação de que o desastre está aí e os esforços para acudir às vítimas é prejudicado por cada vez mais e mais precisarem de socorro, traz-me a sensação de que pregar no deserto já pouco adianta especialmente quando acabamos por passar a vida a “refilar” sobre aquilo que mais nos toca esquecendo muita vez que  tudo o que é mal feito acaba por em nós ter efeito, mesmo que não o sintamos de imediato.

Enquanto isto o que é que vemos? O mais puro oportunismo politico apontando claramente para um desgaste (gradual) da actual maioria e aí sim, em 2015 cá estamos para assumir as rédeas do poder. Mas se podemos centrar isto nas declarações do novel secretário do PS, não podemos ignorar que nas outras forças de esquerda também não aparece o necessário pontapé de saída. Enquanto isso, quando grupos de cidadãos se mostram capazes de “empurrar” os partidos tradicionais juntando várias tendências de esquerda e independentes o que é que vimos? Uma tentativa de desmobilização fazendo até com que alguns activistas sintam que estão a ir contra as orientações dos partidos onde militam e conhece-se o resultado de quando isso acontece.

Paciência!

domingo, 1 de julho de 2012

Canção de Domingo - Poesia de Mário Quintana musicada


Canção de Domingo

Que dança que não se dança?
Que trança  não se destrança?
O grito que voou mais alto
Foi um grito de criança.


Que canto que não se canta
Que reza que não se diz?
Quem ganhou maior esmola
Foi o Mendigo aprendiz.

O Céu estava na rua?
A rua estava no céu?
Mas o olhar mais azul
Foi só ela quem me deu!

Mario Quintana in: Canções