domingo, 30 de dezembro de 2012

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

"Contrastes" ou ?



O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, manifestou-se hoje convencido que é possível atingir os 5% por cento de défice no final do ano, meta estabelecida pelo Governo em acordo com a ´troika'. VER MAIS


 
Os tribunais declararam 52 falências judiciais por dia em 2012. Particulares foram os mais afectados com 12.405 processos, e representam já 67% do total. Região norte é a que tem mais casos registados. VER MAIS

 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

"Dia de Natal"

Dia de Natal

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

António Gedeão

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Meu Postal de Boas Festas

Ao reler alguns posts anteriores choquei com este, escrito no natal de 2010 reedito-o porque infelizmente está actualizado e de que maneira.
Talvez porque os meus Natais nunca foram de grande felicidade. Talvez porque, apesar de tudo a minha família mais próxima, esteve sempre fisicamente perto. Os meus Natais nunca foram de grandes festas. Talvez porque alguns dos meus Natais foram tristes. Talvez porque alguns dos meus Natais foram passados no desemprego (sim no tempo em que nem subsidio para isso havia)
Encaro os Natais como períodos de uma certa tristeza, quando o contrário como manda o senso comum é que que devia valer.
Para além disso, continuo a olhar para este período como daqueles em que a hipocrisia mais se faz notar.
Como encarar a “felicidade” de um Natal, olhando para aqueles que não têm possibilidades de consumir o mais que trivial bolo-rei? Quando sei que muitos Pais não podem fingir de Pais Natais, metendo umas simples figuras de ”chocolate mesmo ocas nos sapatos dos seus filhos”, porque o orçamento não dá para isso e muito menos para um prato de bacalhau com couves na consoada.
Pode-se ser feliz num Natal destes? Pode-se ser feliz num Natal que antecede o princípio de um ano que ameaça lançar para o desemprego, para a miséria, para abaixo do limiar da pobreza muitas e muitas mais famílias? Pode-se ser feliz, quando o futuro nos é apresentado, muito mais difícil e onde a única certeza, é precisamente a incerteza sobre o nosso futuro colectivo.
Aos meus amigos e amigas que por aqui me visitam , desejo o melhor possível. No Natal, no início do próximo ano e no seu decorrer.
Abraços.


Como para a mim a solidariedade não é uma palavra vã deixo-vos em baixo uma canção (pedida por empréstimo ao José Mário Branco) que fala precisamente nisso.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

"Quando um homem quiser".


Um dos mais belos poemas de Ary dos Santos. Desta vez na voz de Viviane. Um bom Natal para todos.

Post scriptum: Já depois de editar este post (se assim se pode chamar) estive com um amigo que me acompanha nestas andanças. Disse-me que perdi a pedalada e encho o blog de vídeos, mas que o pessoal gosta é de ler.
De facto, tenho usado e abusado na publicação de vídeos. Em geral ponho os outros a falar por mim. As músicas são aquelas com que me identifico, claro que tenho muito para dizer, mas confesso que ando assim um bocado para o engasgado.
Pronto não há mais desculpas.
Reitero os votos de um bom Natal.

 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Manuel Freire - "Poema da Malta das Naus"



Poema de António Gedeão.
Música de Manuel Freire.


POEMA DA MALTA DAS NAUS

Lancei ao mar um madeiro,
espetei-lhe um pau e um lençol.
Com palpite marinheiro
medi a altura do Sol.

Deu-me o vento de feição,
levou-me ao cabo do mundo,
pelote de vagabundo,
rebotalho de gibão.

Dormi no dorso das vagas,
pasmei na orla das praias,
arreneguei, roguei pragas,
mordi peloiros e zagaias.

Chamusquei o pêlo hirsuto,
tive o corpo em chagas vivas,
estalaram-me as gengivas,
apodreci de escorbuto.

Com a mão esquerda benzi-me,
com a direita esganei.
Mil vezes no chão, bati-me,
outras mil me levantei.

Meu riso de dentes podres
ecoou nas sete partidas.
Fundei cidades e vidas,
rompi as arcas e os odres.

Tremi no escuro da selva,
alambique de suores.
Estendi na areia e na relva
mulheres de todas as cores.

Moldei as chaves do mundo
a que outros chamaram seu,
mas quem mergulhou no fundo
do sonho, esse, fui eu.

O meu sabor é diferente.
Provo-me e saibo-me a sal.
Não se nasce impunemente
nas praias de Portugal.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sonhos, ilusões ou vice-versa?

Desde muito cedo aprendi a sonhar com um mundo justo onde o homem não vivesse à custa da exploração dos seus semelhantes.
Digo desde muito cedo, porque soube também demasiado cedo o que era isso, quando com 10 anos saí da escola primária e fui directo para a fábrica de vidros trabalhar por turnos. Também demasiado cedo fui confrontado com o facto do meu avô paterno ter passado 14 anos nos carceres fascistas porque foi uns dos que em 18 de Janeiro de 1934 quis realizar o sonho de acabar com a ditadura fascista que oprimia o povo Português.
 
Durante a minha vida sempre acalentei o sonho de um dia viver numa sociedade onde cada um de nós a ela desse a nossa capacidade de trabalho e dela recebesse o que necessitava em todos os campos. Em cada dia que passa começa a nascer em mim a sensação de que que este sonho continua a ser lindo, mas cada vez mais se torna numa terrível ilusão.
 
Começo a sentir que ainda tem de nascer o homem novo capaz de concretizar esse lindo sonho. Sou dos que pensa que “a Democracia é o pior de todos os sistemas, mas ainda não foi inventado outro melhor”. O que conhecemos em alternativa, ruiu como um castelo de areia destruindo o “sonho” de milhões de homens que nele acreditavam.
 
Não sendo um estudioso da matéria em termos do nascimento de novas realidades que pelo mundo se vão desenvolvendo, vivo preocupado com o pior animal que a natureza criou, sim o homem com todos os defeitos que o leva a cometer os mais monstruosos actos com a ambição de poder, politico e económico. Vão sobrevivendo naturalmente aqueles que lutam por justiça.
 
Este post não é mais do que o seguimento do anterior em jeito de rescaldo de alguns acontecimentos dos últimos dias  e me levaram a sentir que o meu sonho estava de novo vivo, mas que aos poucos se foi tornando numa verdadeira desilusão.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

"No Comboio Descendente"

Há dias que por razões profissionais passo bastante tempo frente a um monitor. Com esta invenção das janelas mantenho sempre 2 ou 3 abertas.
Subescrevo algumas Newsletters que me vão chamando a atenção para o que de mais relevante se vai passando no País e não só. Claro que também vou dando uns saltos ao facebook e ao blogguer, para aliviar os “apertos” do dia-a-dia. Pouco de bom chega, salve-se a boa disposição que alguns amigos ainda mantêm e conseguem tratar alguns assuntos com humor.
 
Para quem vive intensamente a situação politica e económica do País e percebe a queda a pique em todos os itens da nossa economia é com uma forte angustia que acaba o dia, até porque quase sem dar por ela, embarquei neste “comboio descendente”.
 
Mas verdadeiramente a minha grande angústia deve-se a que o pior governo, o mais desacreditado, o mais incompetente de que há memória depois de Abril continua a sua brutal caminhada na destruição do que ainda vai restando e não há quem lhe ponha travão. Retórica, análises aprofundadas discursos inflamados existem de facto, mas na prática não passam de um verdadeiro “seguro” de vida até 2015 porque na verdade é para aí que se preparam a "tropas". O resto é mesmo só para Inglês ver. 
 Entretanto o acto de fazer politica está cada vez mais desacreditado com todos os perigos que isso comporta.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Um azar nunca vem só.

Apesar de conhecer esta história (que presumo verdadeira) há bastante tempo, tive que fazer uma longa busca para a reencontrar. Não a publico com o objectivo de pôr ninguem a rir com o mal dos outros (coisa em que somos especialistas). Mas estava a pensar em tudo o que nos tem acontecido e do que ainda mais nos que nos vai acontecer e ocorreu-me esta tragédia.
A leitura não é fácil, mas acho que vale a pena usar os truques habituais, nem que seja com uma lupa.