Não sei bem qual a figura que usava a expressão que uso no título deste post, mas recordo-a ao ler o que por aqui e ali se vai dizendo a propósito e a despropósito das próximas eleições legislativas e autárquicas.
Apesar de serem eleições diferentes, a quase simultaneidade e tendo em conta que a estas se antecederam as Europeias, considero que o resultado de umas influenciam as outras e as próprias pré-campanhas e campanhas acabam por se misturar.
Para alem dos resultados finais a mim preocupa-me sobretudo a representatividade dos órgão eleitos, ou seja quantos eleitores representam os eleitos a sair das próximas eleições porque das mais recentes já estão as contas feitas e sabemos que do conjunto de eleitos mais de metade dos eleitores, neles, não se revêem porque pura e simplesmente não votaram.
Porque me lembro bem como eram as “eleições” nos tempos negros do fascismo e de como eram “escolhidos” pelo regime os eleitores com “direito” a voto e o que foi preciso fazer, mesmo já depois do 25 de Abril para que toda a gente com mais de 18 anos tivesse esse direito, é com grande mágoa que vejo milhões de cidadãos deixarem que outros (e cada vez menos) escolham por si.
A questão que se põe é? De quem a responsabilidade? Será que são os eleitores, que na sua maioria, gradualmente se foram transformando numa espécie de”zombies” a quem tudo o que diga respeito a questões politicas, passa ao lado? Sabemos que votações a 100% só em determinados “Países” onde o voto é “obrigatório” e por “procuração”, mas num País em que há pouco mais de 30 anos se reconhece aos seus cidadãos o direito ao voto em liberdade e mais de metade desses cidadãos e duma forma crescente, não o exerce, algo está mal e mesmo preocupante.
Mas mais preocupante é ver os nossos políticos fazerem como Pilatos e contribuir com os seus comportamentos para esta situação e simultaneamente fazerem apelos piedosos ao voto e ao combate à abstenção, quando as suas práticas afastam cada vez mais eleitores das urnas de voto.
Quando Portugal e o Mundo em geral enfrentam ao que dizem os “especialistas” a maior crise das ultimas décadas é deprimente ver o tipo de discussão que se trava, que me parece, sinceramente afastar cada vez mais os cidadãos da discussão que permita encontrar soluções e entusiasmo para juntos lutarmos contra as adversidades do presente.
Quantos às questões locais e como este post já vai longo para post, fica para depois, quando a areia começar a assentar.
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