sábado, 12 de setembro de 2009

Post Largo das calhandreiras 12 Setembro 2009

Mudando de assunto
Correndo o risco de entrar em campos, pouco habituais neste fórum, atrevo-me a trazer para aqui um tema que considero oportuno e duma forma enviesada (embora a ele não me vá referir)tenha a ver com as questões tratadas sobre a industria vidreira e a sua decadência.

Recordo o tempo em que quando me dirigia a uma drogaria ou loja de ferragens para comprar um parafuso ou chave de fendas, ser posto perante a pergunta, quer Nacional ou importado? Em geral preferia logo o importado. Comprar o importado era sinónimo de estar a comprar o melhor, pois como muitos de nós interiozei que comprar o vindo de fora era sempre melhor, independente do preço.

Esta realidade levou muitos pequenos e médios fabricantes a perceber que só com um grande esforço, na melhoria da qualidade dos produtos que produzia, se poderia quebrar esta tendência absurda de os Portugueses preferirem o “importado” ao Nacional independentemente da sua origem. Lembro ainda que, quando jovem e queria comprar umas calças de ganga parecidas com as usadas pelos meus heróis dos filmes de cow boys tinha que escrever para um determinado endereço, que secretamente me foi fornecido, dando a altura e largura da cintura aos pés e meter o valor respectivo em notas, claro, no sobrescrito e lá recebia as tais calças que depois de umas banhocas com elas vestidas e uma sarrafadas com areia na praia das Pedras Negras, lá ficavam parecidas com as vestidas pelos meus heróis dos filmes do teatro Stephens e nas televisões do Zé Folia; Quim Matos, ou sede da Ordem, porque a oferta em termos de media, era nessa altura muito escassa.

Toda esta conversa porque sinto que a nossa"necessidade" de comprar muito e barato nos leva a cair permanentemente em barretes, o que me tem acontecido com alguma frequência, sendo a vergonha tanta que nem me atrevo a reclamar. Ele é o restaurante que anuncia o prato do dia a 4.5€ e ou fico cheio de fome ou vou a correr para a casa de banho mais próxima com uma diarreia inesperada e sem “justificação”. Ele é o candeeiro que vem sem lâmpada e entre o apertar e desapertar o parafuso, a rosca foi-se e a solução passa por a segurar com um arame. Ele é o conjunto de chaves de luneta compradas a um preço espectacular, mas que depois de uns tempos a enfeitar a prateleira de ferramentas lá da garagem, que mostro com orgulho às visitas, mas quando é usada pela primeira vez, me deixa com metade na mão e a outra na porca que não cheguei a desapertar. Ele é as febras, mais as costeletas e lentriscas anunciadas num folheto promocional que comprei para um churrasco com os amigos e sem perceber bem esses convidados nunca mais aceitaram os meus convites. Ele é o detergente de marca branca e a metade do preço que enfiei na máquina de lavar e a roupa saiu esquisita e a carecer de nova lavagem e lá foram os 50% poupados. Enfim só falo naquilo que a mim me aconteceu e recentemente, porque quando sou enganado (e já o fui tantas vezes)faço um esforço para esquecer (para não me sentir o vacão da história do Relaxoterapeuta).

Passando à nossa realidade. É conhecido o esforço que muitas das nossas empresas, fizeram para modernizar,inovar e criar produtos de qualidade comparáveis ao que de melhor se fazia lá fora. Sabendo até que em diversos sectores ultrapassámos esse patamar.

Outra questão prende-se com o comportamento das nossas autoridades no que respeita à fiscalização. Se montamos uma qualquer actividade num “vão de escada” sem licenciamento e sem inscrição nas entidades oficias respectivas, safamos-nos vendendo sem facturar (acho que a expressão usada, é “ao negro”) e aí ninguém nos chateia. Se fizermos tudo como manda a lei, é uma carga de trabalhos. São finanças; é o ministério do trabalho e do ambinte mais o da economia; é a delegação de saúde; é a protecção civil e os bombeiros, para não citar a famigerada ASAE, que vem verificar se não faltam uns azulejos nos WC do pessoal e se existem autocolantes suficientes a proibir fumar; a proibir comer; a proibir beber e mais uma porrada de coisas que seria fastidioso enumerar. Ou seja neste País o problema é ter uma morada fiscal. “Se não a tiver,safamos-nos”.

Sobre questões alimentares deixo aqui uma nota: Sabemos que as empresas que produzem alimentos e têm a sua actividade em território nacional, desde a padaria ao produtor de carnes, passando pelo produtor de frutas, são fiscalizados e reprimidos ferozmente (esta expressão é apenas coincidência, com a outra do animal feroz) no entanto se dermos uma volta pelos hiper; super, minis mercados e até algumas mercearias, verificamos a existência de uma panóplia de produtos alimentares à venda de origens tão diversas e se perguntamos quem fiscaliza a sua salubridade e condição alimentar, dificilmente encontramos alguém que nos dê uma resposta concreta. Entretanto, vimos ouvimos e lemos, noticias sobre o fecho compulsivo de umas centenas de padarias; pastelarias; talhos e peixarias; unidades produtoras de alimentos dos vários ramos e até fábricas de rações para animais,como aconteceu recentemente na nossa região.

Perante o que disse, perguntar me-ão? Estou contra que as normas de higiene e segurança alimentar sejam rigorosamente aplicadas? Claro que não! O que sou contra é que só os alimentos produzidos em Portugal sejam rigorosamente fiscalizados. E os outros? Das proveniências mais diversas e por vezes suspeitas? Quem fiscaliza?

Entretanto lá vamos enchendo os carrinhos de compras, com produtos baratos que nos enfiam através de promoções cupões e outras coisas acabadas em ões e vamos assistindo ao cada vez maior número de desempregados, até que um dia quando menos o esperamos a mesma sorte nos bate à porta, mas se tivermos sorte, talvez consigamos arranjar um empregozito(das centenas prometidos) no novo empreendimento comercial a construir nos terrenos do campo da Portela, ou então um subsidiozito do fundo de desemprego, que complementaremos com umas horitas extras, numa qualquer actividade exercida por aí num "vão de escada".
Calhandrado por folha seca às Sábado, Setembro 12, 2009 0 bitaites
S

5 comentários:

zé lérias disse...

Sei dos excessos de zelo. Porém, é preferível a existência desta ASAE do que nenhuma. Pelo menos evitamos comer muita porcaria portuguesa em alguns restaurantes e afins. Já nos chega a que advinha vir do estrangeiro...
Abraço

folha seca disse...

Caro zé lérias

Em nenhuma altura me insurgi contra a existencia de orgãos fiscalizadores que zelem pela nossa saude,o problema está em como o fazem e quem são os alvos.
O meu caro não desconhece que mais de 60% do que comemos vem de fora, das proveniencias mais estranhas e não me refiro só a matérias primas mas a produtos já embalados e até prontos a comer. Nestes casos não há fiscalização, porque a haver as nossas autoridades teriam um trabalho muito grande a notificar o eventual infractor.

Abraço

folha seca disse...

Já agora meu caro zé lérias, acompanho o seu blogue há já algum tempo e não é para "pagar favores" mas não lhe consigo mandar bocas, porque nisto dos blogues sou um perfeito curioso... se ler isto diga-me só como é que a tal ASAE agiria perante alguem que vende um burro morto... eu sei que a anedota já tem mais tempo vida que a dita... e já agora se achar diga-me, como é que lhe posso mandar umas bocas de vez em quando... e não é para retribuir nada.

Abraço e mais uma vez bom fim de semana.

Anónimo disse...

"O que sou contra é que só os alimentos produzidos em Portugal sejam rigorosamente fiscalizados. E os outros? Das proveniências mais diversas e por vezes suspeitas? Quem fiscaliza?"

Ler:

China - leite em pó:

http://www.directorioalimentar.com/Noticias/China-Leite-ASAE-diz-ser-incapaz-de-garantir-importacao-paralela-mas-reafirma-reforco-da-vigilan.html

China - soja:
http://www.qualigenese.pt/qualigenese/noticias/detalhe.asp?p=1&id=90

Ucrânia - óleo girassol:

http://dianafm.com/index.php?option=com_content&task=view&id=10778&Itemid=2

Irlanda - carne de porco:

http://dianafm.com/index.php?option=com_content&task=view&id=13285&Itemid=2

folha seca disse...

Caro anónimo

Agradeço os endereços que me mandou. Aparentemente o objectivo é pôr em causa o que afirmei. No entanto, se reparar as acções efectuadas pela ASAE e noticiadas, referem-se a prodecimentos adoptados após denuncia de autoridades Europeis e outras, no dia a dia continuo a manter que os produtos de fabricantes Portugueses são sistematicamente fiscalizados e os produtos importados não. Salvo se ouver um alerta internacional dirigido a um produto especifico.

De qualquer forma agradeço os seus esclarecimentos.

Cumprimentos