sexta-feira, 24 de abril de 2009

24 de Abril 1974

Como dizia o Sérgio "vem-me à memória uma frase batida" recordo o dia anterior á revolução do 25 de Abril.

Era um jovem com com 19 anos de idade, trabalhava e estudava desde os 10 anos( no que toca aos estudos, foram interrompidos muitas vezes porque não dava para tudo) há minha frente tinha um muro completamente opaco, ou seja tinha pela frente um futuro completamente imprevisível. A única coisa que sabia é que daí a pouco tempo, tinha a tropa pela frente e consequentemente a guerra colonial e tudo que a mesma podia trazer. Ainda hoje recordo o "Maria" um jovem da Moita colega de trabalho que ao despedir-se antes de embarcar para uma das ex-colónias, nos dizia que não nos voltava a ver, o que efectivamente aconteceu pois muito pouco tempo depois veio a morrer na guerra.

Conheço a incerteza com que os jovens de hoje encaram a vida, os problemas e angustias que vivem. Mas ter pela frente como única alternativa de vida a incerteza do que pode acontecer depois de transposto aquele muro, é de facto inimaginável...

Mesmo que o 25 de Abril não tivesse trazido mais nada( e trouxe de facto muito mais) teria valido a pena.

2 comentários:

vinagrete disse...

A 24 de Abril de 1974 estava em Angola e o 25 de Abril só foi conhecido e festejado em minha casa, no dia do meu aniversário, a 26 de Abril.
No dia 26, com 26 anos de idade completados nesse dia, vivi com a minha família um dos momentos mais marcantes da minha vida que já vai longa.
Ouvidos colados ao rádio e atentos a todos os sinais que vinham de várias fontes, fomos consolidando a certeza de que não se tratava de um boato e que, finalmente, uma revolução tranquila tinha acabado com uma ditadura de quase 50 anos e foi o pronúncio da libertação de muitos povos em Àfrica.
As perseguições, o despedimento político do meu pai na altura das eleições do Humberto Delgado em 1958, a prisão do meu tio Arlindo, a prisão e tortura de muitos amigos,entre eles a de um homem que aprendi a admirar, Joaquim Carreira, estava agora a ser reparada. Sem vinganças, sem sangue. Foram as flores, e de entre elas os cravos vermelhos, o símbolo da liberdade conquistada. Exibidas ao Mundo, no cano de uma G3 e nas bocas dos canhões, foram o ícon de uma revolução nunca assim vista.
Por tudo isto e pelos progressos conquistados, apesar de avanços e recuos, valeu a pena e deve ser, para todos nós, motivo de grande orgulho, mas também de responsabilidade de passar à geração pós-25 de Abril a mensagem de que a sua liberdade se deve a um movimento militar de flores, sem paralelo na história e à luta e sacrifício de muitos homens e mulheres que sempre acreditaram.
Decorridos 36 anos eu acredito e sei que tu também.

Anónimo disse...

VIVA A LIBERDADE!