Creio que discutir a legitimidade do governo hoje (ontem) empossado já não é mais do que discutir o sexo dos anjos. Compreendo que algumas amigas e amigos bem-intencionados, possam ter algumas dúvidas, tendo em conta a tradição. Ou seja parece que o “normal” é que o partido mais votado indique o primeiro-ministro e o governo empossado passe ou não na A. Republica. Desta vez não passou e o assunto está mais que esmiuçado.
Escrevo estas linhas num dia em que toda a gente opina, não para explicar o que quer que seja, mas somente para manifestar algumas preocupações.
Tal como centenas de milhares de Portugueses (em directo ou em diferido) ouvi as intervenções do presidente da Republica (o empossante) e a do Primeiro Ministro (o empossado). Se do primeiro ressaltou a contrariedade e a ameaça de que ainda era ele que mandava, do segundo a segurança e a demonstração de que este País tem futuro.
Andando por aqui e ali chego a esta hora da noite com uma preocupação: A direita, tudo vai fazer para criar o máximo de dificuldades a uma transição normal. As esquerdas parecem-me demasiado quietas e caladas. Não estamos em tempo de ver como é. Ou estamos com a opção tomada e trabalhamos e lutamos para que tenha êxito ou a oportunidade de uma viragem à esquerda de um sonho de décadas e agora possível, pode vir a tornar-se um pesadelo.
Amigos, camaradas e companheiros, do BE, PCP e PS. Não nos distraiamos!
P.S: Naturalmente que este apelo é também dirigido aos independentes de esquerda (onde me íntegro).