Ouvi com a devida atenção as discursatas da tomada de posse
do governo hoje empossado.
Talvez devesse, pelos “azares” que me aconteceram nestes últimos quatro
anos, reagir com a indiferença, com que quase metade dos portugueses (com
capacidade eleitoral) fazem.
É frequente ouvir por aí manifestações do estilo, de: “não
quero saber disso, são todos iguais” e por aí fora.
Talvez, porque me roubaram tudo de material que tinha, fruto
do trabalho de 48 anos, não me conseguiram roubar a minha dignidade e
cidadania. Nunca me calei e creio que só o farei quando perder o pio.
Naturalmente que também eu sou um “revoltado”. Também eu
chamo nomes feios à cambada que conduziu centenas de milhares de Portugueses a
situações completamente irreversíveis. Sim porque mesmo que se concretize uma
alteração significativa no caminho a percorrer nos próximos tempos, não tenho dúvidas
da irreversibilidade de muitas e muitas situações.
Quem ouviu as discursatas de hoje e tenha um conhecimento mínimo
da realidade deste País que dá pelo nome de Portugal, não pode ter deixado de
sentir que não era deste mesmo País que se falava em relação aos “sucessos
alcançados”. As centenas de milhares de Portugueses que partiram, as dezenas de
milhares de pequenos empresários atirados para a insolvência, as dezenas de
milhares de suicidas, as centenas de milhares de desempregados que aí continuam
e cujas estatísticas têm sido manobradas para que percentualmente tenham
descido e mais um rol de patifarias de difícil descrição que só por cegueira “ainda”
convencem os incautos.
Espero que alguns sinais à vista se concretizem e que o orgulho
de ser Português renasça em muitos de nós.