Durante algum tempo era quase o dia em que não mandava para
aqui e ali uns palpites. Era tempo em que a disponibilidade rareava. Hoje, atirado
por várias razões para a inactividade vou lendo e “mastigando” tudo o que por
aí se vai dizendo e depois de tudo pouco resta a acrescentar.
Recordo o tempo em que uma bobine magnética ou uma cassete nos
chegava trazendo uma música, do Luís Cília, do José Mário Branco, do Zeca, do
Adriano, do José Jorge Letria e de alguns outros que cantavam coisas que nos proibiam
de ouvir mas que e por esse facto a apetência era ainda maior e a nossa irreverência
de jovens ávidos de fazer couro com as palavras cantadas que à “surraipa” bebíamos
e cujos meios de gravação e reprodução eram tão retrógrados que para além de
ter que perscrutar as entrelinhas ainda tínhamos que repetir a audição para
receber a mensagem no seu todo, isso “receber a mensagem”.
Recuso-me a fazer comparações entre a minha juventude e a
actual. As perspectivas de vida de uma e de outra têm diferenças abismais. Se
no primeiro caso havia uma sociedade a virar do avesso, no segundo, parte disso
foi sendo feito. Se no primeiro caso frequentar e concluir o simples ensino secundário
era uma raridade, no segundo não frequentar o universitário foi-se
transformando na excepção.
Ainda recordo a avidez com que terminei a minha quarta
classe (guardo o diploma) condição indispensável para poder trabalhar na
abundante oferta de empregos na indústria vidreira onde ingressei aos 10 anos. Estranho,
mas era encarado com a maior das normalidades.
Bem, este tema tem “pano para mangas” (que saudades do
João Gobern) mas como tudo o que escrevi nesta tentativa de post foi inspirada numa notícia que me levou a ouvir uma canção, fico por aqui deixando os respectivos
links, coisas de um Sábado à tarde.