Há dois anos atrás escrevi no meu blogue uma carta ao
Joaquim Carreira. Hoje procurando alinhavar algumas palavras, não encontrava
nada de novo e à falta de melhor repito esta publicação, homenageando-o neste
dia, após 3 anos da sua partida.
Sabes meu caro ? De vez em quando dão-me assim uns sintomas esquisitos e ponho-me a escrever para quem nem sequer o endereço conheço. Parvoíces, mas…Pronto como já cá não estás deu-me para isto, podia ser pior.
Faz exactamente hoje um ano que decidiste ir embora, eu bem
te pedi para aguentares, mas “teimoso” como sempre, tinhas que escolher esta
data histórica para que tanto contribuíste uma vida inteira, partires. Acho que
já disse em qualquer lado que nos estragaste a festa. Não, não estragaste nada,
talvez contribuísses para que ela fizesse mais sentido. Sim porque comemorar
Abril faz-se com festa mas também com a noção de que Abril aconteceu porque
muitos como tu abnegadamente e sem esperar nada em troca deram o corpo às
balas, à tortura, ao degredo e à clandestinidade, abdicando duma vida própria
para que hoje estejamos a comemorar a liberdade.
Mas olha por cá as coisas não estão nada famosas. As forças
revanchistas apossaram-se do poder, não porque a direita ultraliberal “ganhasse”,
mas porque a esquerda incapaz de criar entre si uma plataforma mínima de
entendimento lhes cederam o poder de mão beijada.
Sabes? Isto está mesmo entregue aos “bichos” sim ao capital
financeiro internacional e o que por aqui, quem aparece aparentemente como
detentor do poder, não são mais do que mandaretes dos ditos. Pronto mas isto é
muitos mais complicado e também não te estou para chatear interrompendo o teu
merecido descanso.
Mas tenho uma má notícia, o Miguel Portas, sim aquele
jornalista que vinha, aí há duas décadas, conversar connosco a
propósito da nossa luta para repor a Democracia interna no nosso Partido,
também decidiu partir, ontem. Não sei bem se vai ter contigo, mas se for, tens
umas boas horas de conversa, há isso tens!
Um grande abraço querido companheiro. Descansa em Paz que a
gente por cá vai aguentando a “penada”.