Sem dúvida que um dos temas mais referidos nesta discussão pós eleitoral, foi o número de cidadãos eleitores que não usaram o seu direito ao voto. Se juntarmos aos referidos os votantes em branco a percentagem ultrapassa os 70%, embora saibamos que os cadernos eleitorais não estão devidamente actualizados.
Apesar do muito falado e escrito, não vi até ao momento uma referência às razões reais que levaram a um tão grande número de abstencionistas. Não vi em lado nenhum a iniciativa de perguntar aos homens e mulheres que abdicaram de exercer o seu direito ou mesmo dever cívico.
Seria fastidioso trazer para aqui o número de pessoas que nestes três últimos anos viram as suas vidas destruídas, fruto das consequências de uma política económica e social desastrosa e já não acreditam que qualquer dos partidos existentes em Portugal, lhes restitua as suas vidas. Salve-se um ou outro fenómeno localizado, mas que no seu todo não altera a realidade.
Infelizmente sei do que falo e também eu senti vontade de ficar em casa, mandando às urtigas um direito que custou tanto a obter. Talvez só por isso e por respeito aqueles que tanto deram (muitos as próprias vidas) para que hoje possamos ”escolher” os previamente escolhidos para nos representarem nas instâncias europeias.
Receio que os holofotes continuem virados para a luta pela chefia do principal partido da oposição e se continuem as esquecer os “excluídos” da sociedade e não se consiga motivar grande parte deste eleitorado a voltar às urnas.