Farto de Voar
Sérgio Godinho
Farto de voar
Pouso as palavras no chão
Entro no mar
Sinto o sal de mão em mão
Tenho um barco na vida espetado
Só suspenso por fios dum lado
E do outro a cair
a cair
no arpão
no arpão
Levo a dormir
Sonhos que andei para trás
Ergo o porvir
Trago nos bolsos a paz
Tenho um corpo na morte espetado
Só suspenso por balas dum lado
E do outro a escapar
a escapar
de raspão
de raspão
Ponho a girar
Cantos que ninguém encerra
De par em par
Abro as janelas para terra
Tenho um quarto na fome espetado
Só suspenso por água dum lado
E do outro a cair
a cair
no alçapão
no alçapão
Farto de voar
Pouso as palavras no chão
Entro no mar
Sinto o sal de mão em mão
Pouso as palavras no chão
Entro no mar
Sinto o sal de mão em mão
Tenho um barco na vida espetado
Só suspenso por fios dum lado
E do outro a cair
a cair
no arpão
no arpão
Levo a dormir
Sonhos que andei para trás
Ergo o porvir
Trago nos bolsos a paz
Tenho um corpo na morte espetado
Só suspenso por balas dum lado
E do outro a escapar
a escapar
de raspão
de raspão
Ponho a girar
Cantos que ninguém encerra
De par em par
Abro as janelas para terra
Tenho um quarto na fome espetado
Só suspenso por água dum lado
E do outro a cair
a cair
no alçapão
no alçapão
Farto de voar
Pouso as palavras no chão
Entro no mar
Sinto o sal de mão em mão
9 comentários:
Muito bom.
Abraço
Há um certo desânimo na voz do Sérgio e na letra desta canção.
Podemos e devemos parar de voar quando as forças nos faltam, mas só até as recuperar de novo.
Tudo vale a pena...Como disse o poeta.
Um beijo e bom Domingo, Rodrigo.
Esta canção foi feita para mim!
Nem imagina como estou cansada de voar!
beijinhos e bom domingo
Vês meu amigo
Que o desânimo
já não se detém, escondido
e todos o trazem na canção,
na alma, no coração?
As canções fazem sentido
mas seus ecos se perdem
num mal estar, seu inimigo
Mas do que canções, precisamos de acções... escolha as que quiser
Faça as que puder...
O poema é uma maravilha, Rodrigo.
Aquele abraço e votos de boa semana!
Eu aprendi a voar e não quero parar. Por cima de toda esta.....coisa que anda cá em baixo!
Abraço
«Só suspenso por fios dum lado» - assim andamos nós suspensos por fios! Que desânimo!
Eu pensava que conhecia todas as canções do Sérgio, mas desta não me lembrava - muito boa e, infelizmente, muito atual.
Beijo
Andei fora da bloga uns dias, mas vim recuperar as leituras atrasadas. É bom saber que já termnou o intervalo, caro Rodrigo
Abraço
“Só suspenso por fios dum lado”…
Será que me engano, ou o desânimo é inequívoco e manifesto?…
Hoje é já dia 10 de Outubro e o último ‘post’ do autor do ‘blog’ é de 07/10. Coisa rara!…
É apenas uma constatação de facto.
Há ainda fios dum lado e, penso (quero acreditar), que serão suficientemente fortes para neles nos içarmos e ganhar novo fôlego para voltar a voar evitando o alçapão…
É apenas mais uma forma de interpretar as palavras do poeta, descortinando nelas algo mais que o mero desânimo…
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