Um poema de Miguel Torga
Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!
7 comentários:
Olá amigo
Obrigado por ler este poema e ao mesmo tempo ouvi-lo numa voz que nos faz estremecer interiormente.
Uma guitarra, um contrabaixo e uma voz poderosa. ADOREI!!
Aquele abraço
Belo poema, Rodrigo. Abraço.
E os dia da ira chegarão e... não ficará pedra sobre pedra!
Beijo
Laura
Rodrigo.
Vivemos mesmo dias de Ira, enraivecidos, revoltados, apetecendo-nos fazer tudo para mudar, mas pouco ou nada podemos fazer.
A sensação de impotência é horrível. Verdadeiras angústias paradas!
Excelente interpretação cantada deste belo poema de Torga.
Obrigada, Rodrigo!
Um beijo.
Um dia este poema, verso a verso se há-de inverter
Nesse dia, seremos nós os seus cantores
Que bela junção!
Abraço
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