Houve tempos em que os intelectuais marcavam a vida do país.
Um manifesto, um ensaio, um romance, um poema, um simples artigo podiam abalar
o marasmo estabelecido e sublevar as consciências. Por isso, de vez em quando,
filósofos, romancistas, professores, jornalistas e poetas eram presos. Não só na
vigência do Estado Novo. Antes do 5 de Outubro, agora outra vez banido, já
Guerra Junqueiro tinha acabado com a Monarquia. Durante a Ditadura, livros,
poemas e até canções, apesar da censura e da repressão, foram subvertendo o
regime antes de ele ser derrubado. Mas parece que a Democracia tirou espaço e
voz aos intelectuais. Ou porque desistiram, ou porque não intervêm, ou porque
foram abafados pelo frenesim da notícia e do comentário, ou ainda porque não há
lugar para eles nos aparelhos políticos e outros que dominam a vida pública.
Mas eis que algo de novo aconteceu. Dois textos revolucionários, que são, em si
mesmos, uma sublevação. Não foram escritos por nenhum político, muito menos por
nenhum economista, mas por um filósofo e um poeta - José Gil, "O roubo do
presente", artigo publicado numa revista ; Nuno Júdice, e o seu romance
Implosão, editado pela D. Quixote. Não sei o que vai acontecer, sei que nada
ficará na mesma depois destes dois textos. Eles já abateram moralmente este
governo e o contexto em que subjaz. Vejamos José Gil: "Nunca uma situação
se desenhou assim para o povo português: não ter futuro, não ter perspectivas
de vida social, cultural e económica, e não ter passado porque nem as
competências nem a experiência adquiridas contam já para construir uma
vida." Resultado: "o português foi expulso do seu próprio espaço,
continuando, paradoxalmente, a ocupá-lo." "Este governo
transforma-nos em espantalhos..." VER MAIS
Por MANUEL ALEGRE*Ontem no "DN"
4 comentários:
Temos de estar de olhos bem abertos a todos os sinais.
Abraço
Os intelectuais marcam sempre a vida de um País.
Mas últimamente é preciso perceber de que lado eles estão. Também se converteram, muitos.
Abraço
Ele está é a esquecer-se dos "amigos" Soares, Guterres, Ferro Rodrigues, e, especialmente, Sócrates, os quais, para além de lhe espetarem uma série de facadas nas costas, ainda deram cabo do país.
Lamento, Rodrigo, mas esta gente não tem moral para apontar o dedo a ninguém.
Aquele abraço
que falem os militares...
abraço
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