Para quem sofre de uma doença crónica é com grande
satisfação que lê na imprensa especializada ou não, o anúncio de uma possível cura
que ainda o possa safar a tempo de ir desta para melhor. Mas a satisfação passa
depressa quando a anunciada descoberta, ainda não passou de ensaios de laboratório,
normalmente usando ratos para esse fim. No fundo estes anúncios e não lhes
retirando a importância científica, destinam-se a publicitar os laboratórios farmacêuticos
que subsidiam os estudos e assim asseguraram a patente do tal medicamento que
uns anos mais tarde, será comercializado com a sua marca. Entretanto os doentes
carentes dessa nova descoberta, quando a mesma se tornar medicamento, já
passaram todos para o outro lado e apenas foram cobaias e criaram a necessidade
da tal descoberta salvadora. Claro que não ignoro que foi assim que algumas
terríveis maleitas foram erradicadas do seio da humanidade.
Este intróito não tem nada a ver (não terá?) com a questão
que queria levantar. Ontem foi um dia, não de grandes acontecimentos mas, um
teve particular importância. De facto uma moção de censura por muito que se a queira
desvalorizar, não é um acontecimento habitual e muito menos um instrumento
constitucional vulgarizado. “Ganhador ou perdedor” foi a partir de algumas que
se deram das grandes modificações na correlação de forças que geriram
(mal ou bem) os destinos do nosso País.
Algumas notas evidentes.
1. O PCP o proponente mostrou um profundo
conhecimento da realidade do nosso País e dos malefícios que lhe têm sido
impostos pelo celebérrimo acordo da Troika, com os acrescentos de quem quer ser
mais Troikano do que a respectiva. Mas quanto a mim mostrou também que qualquer
alternativa de poder credível não passa por ali.
A forma isolada sem (pelo menos conhecida) qualquer tentativa de juntar aos
seus votos, outros mesmo que dispersos, assim o demonstrou. Claro que o B.E lá
juntou os seus, como teria que ser.
2. O PS tentou mostrar uma unanimidade que se sabe
não ser autêntica e lá obteve a sua vingançazinha por o PCP há pouco mais de um
ano ter contribuído com o seu voto a ajudar a derrubar o Governo de José Sócrates.
Para além disso não fez mais do que se ter tornado verdadeiramente, o Partido
do NIM. (nem coiso nem sai de cima).
3. Quanto à maioria, claro aquela gente, como outra
gente, noutros tempos recentes está ali para dizer que sim com a cabeça.
Entretanto e tendo em conta a “desvalorização” da militância
colectiva e partidária não faltam por aí iniciativas que se propõem transformar
em alternativas a este estado de coisas. Não tenho nada contra, até porque eu
próprio subscrevi e divulguei pelo menos uma delas. Mas será que os timings
propostos não estarão a ser demasiado atirados para a frente?
Estamos num País em que cada dia que passa há demasiado “doente
a morrer “ porque o tal remédio “milagroso” continua no laboratório e como tal
os pacientes estão proibidos de usar os já existentes. Ou seja. Se tem tosse
tussa, até encontrarmos a cura!
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