quinta-feira, 23 de agosto de 2012

"Como um sonho acordado"


Nota: Diário da viagem, Fernão Mendes Pinto
 
“Como um sonho acordado "Embarcado num jurupango, com o Mouro Coja Ale, feitor do capitão de Malaca, fomos surgir no rio de Parles no Reino de Quedá. Nesse tempo, estava o rei celebrando com grande aparato e pompa fúnebre as exéquias da morte de seu pai, que ele matara às punhaladas para casar com a sua mãe que já estava prenhe dele. Para evitar murmurações mandou lançar pregão que sob gravíssimas mortes ninguém falasse no que já era feito. Mas Coja Ale era de sua natureza solto de língua e muito atrevido em falar o que lhe vinha à sua vontade. E foi assim que preso por soldados fui chamado ao rei e olhando para onde ele me acenava, vi jazer de bruços no chão muitos corpos mortos todos metidos num charco de sangue. Entre eles o mouro Coja Ale. Por mais de uma grande hora estive como pasmado, debaixo de abano, sem poder falar, arremessado aos pés do elefante em que el-rei estava. Depois de perdoado pelas lamentações e desculpas toscas, mas que vinham ao momento muito a propósito, me fiz à vela muito depressa pelo grande medo e risco de morte em que me vira"
Retirado da Net.

5 comentários:

Anónimo disse...

Admirável tema. Tenho o álbum "Por este rio acima". O melhor de sempre da música portuguesa. Devo ter ouvido este tema na minha juventude umas mil vezes. Gostei desta versão. :)))

Rogério G.V. Pereira disse...

Arrepia
Arrepia-me a estória
Arrepia-me a nossa História

Mas sendo a que temos
é contra-natura negá-la

Melhor será cantá-la

Muito belo, meu caro. Muito belo!

Anónimo disse...

Delicioso, Rodrigo. Apesar de um pouco confrangedor...
Abraço

Pedro Coimbra disse...

O Rodrigo está-me sempre a dar a conhecer coisas que não sabia existiram.
Gostei muito!
Aquele abraço e votos de bom fim-de-semana

mfc disse...

Uma ligação perfeita entre o som de Fausto, do Sérgio e do Zé Mário e o excerto da Peregrinação...