terça-feira, 3 de abril de 2012

Apetece-me não me apetecer


Apetece-me não me apetecer...
embrulhar o dia,
na noite que vem,
sair sem ler,
a palma da mão a ninguém!

...E rasgar as Palavras uma a uma,
como se rompesse o meu peito com os dedos!

E os medos,
da Alma triste,
arranca-los sem temor.

E deitar fora a dor,
das Palavras que sangrando lamentos,
se esvaem na terra,
que, sedenta, as traga voraz!

Apetece-me não ser capaz,
de lhes restituir a vida.

E deixar cada letra perdida
na solidão!

Apetece-me apertar a mão,
aprisionar os dedos
e cerrar os olhos para não ler!

Apetece-me não me apetecer,
voltar a escrever...
Palavras que a terra, traga voraz!

Apetece-me, não me apetecer,
porque um poeta, nem sempre é capaz.


4 comentários:

  1. Se conseguisse dizer o que quero desta maneira!

    Muito lindo! Fui espreitar o autor. Tenho de o ler.

    Boa Páscoa, Rodrigo!

    Beijo

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  2. Adorei, Rodrigo!
    Grande abraço

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  3. Hoje fiquei por aqui e digo-te que me apetece ficar a ler. Apetece-me dar vida aos dedos e a cada palavra deste belíssimo poema.

    Cito:

    "..E rasgar as Palavras uma a uma,
    como se rompesse o meu peito com os dedos!

    E os medos,
    da Alma triste,
    arranca-los sem temor."

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