quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Más Memórias...

Um emigrante é um português de segunda
Cavaleiro andante que traz no peito Portugal
Pelo estrangeiro para ganhar a vida, vagabunda
E as lágrimas correm quando chega o Natal.

Traz com ele um velho fado e uma guitarra,
Um garrafão o presunto e o chouriço do país
Aquece-se com as brasas da sardinha assada
E canta um fado, pois que o fado é a sua raíz.

Deixa a família, mulher, filhos, e os amigos
Deixa a aldeia ou a vila que um dia o viu nascer
Deixa o mar deixa a praia e deixa o trigo
Do seu Alentejo onde ele queria um dia morrer

É um emigrante português que não é jamais ouvido
Mas que no seu peito alimenta do seu País a saudade.
Não esquece Portugal, mas por ele é esquecido
Pois que de lá não vem nem um pouco de amizade

Alberto da Fonseca

4 comentários:

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Caro Amigo Folha Seca,
Lindo e belo poema que revela como eram os poertugueses de antão.
Conheço o ilustre poeta Alberto da Fonseca, e aqui ficam os meus sinceros parabéns, por mais este belo poema.
Abraço amigo.
Ps- a mim o Natal pouco diz, e no peito penso que trago o coração o meu país é todo aquele que me trate bem e não onde me deram à luz.

Rosa dos Ventos disse...

E a emigração é um fado bem triste que cada vez se canta mais, infelizmente!

Abraço

tano disse...

impresionante

Vento Norte disse...

Caro amigo,
Felizmente que os nossos emigrantes já nada têm a ver com as imagens tão bem retratadas no poema.
Apesar das agruras, emigrar naquele tempo representava correr atrás de uma vida melhor e esperança para quem ficava. O presente é mais perverso. Pese embora as tecnologias e os meios que hoje nos aproximam, é o melhor da nossa juventude que debanda, o futuro em quem famílias e país investiram para além das posses e hoje vão ajudar a enriquecer outros países. Partem deixando o nosso Portugal muito mais pobre e a nossa saudade maior. Talvez tenha que ser assim para darmos motivo à nostalgia e ao fado que queremos património mundial.
Voltamos a poder cantar com o Adriano

Este parte, aquele parte,
E todos, todos se vão,
Galiza ficas sem homens
Que possam cortar teu pão.

… Abraço