quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Engrenagem


José Mário Branco -- Margem de certa maneira (1973)

Engrenagem
 
Do berço à cova sem parar
caminho fora sempre a andar
cá vou levando a minha vida

Um minutinho a descansar
a vida inteira a trabalhar
suor sem conta nem medida

Pra ter um companheiro nesta viagem
vou meter um pauzinho na engrenagem

Do berço à cova sem vagar
enxada à terra barco ao mar
a mão e a máquina a compasso

Os bois no campo a lidar
E o serventio a trabalhar
todos com o mesmo cangaço

Pra ter um companheiro nesta viagem
vou meter um pauzinho na engrenagem

Do berço à cova sol a sol
por pão, amor e futebol
dor no sapato e dor na espinha

Canta-se o fado em lá bemol
morde a sardinha no anzol
E o tubarão segura a linha

Pra ter um companheiro nesta viagem
vou meter um pauzinho na engrenagem

Do berço à cova sem parar
caminho fora sempre a andar
cá vou levando a minha vida

Um minutinho a descansar
a vida inteira a trabalhar
suor sem conta nem medida

Pra ter um companheiro nesta viagem
vou meter um pauzinho na engrenagem

 

6 comentários:

  1. Às vezes é mesmo preciso, Rodrigo (meter um pauzinho na engrenagem).
    Vai sendo tempo disso.
    Aquele abraço

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  2. Sempre... sempre actual!
    Um abraço.

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  3. Sempre... sempre actual!
    Um abraço.

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  4. Sempre... sempre actual!
    Um abraço.

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  5. Há quanto tempo não ouvia isto!!

    Vamos ter de arranjar um pau bem forte para a engrenagem... a roda vai desgovernada. Muito.

    Beijo

    Laura

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  6. Passo para deixar um forte abraço e votos de bom fim de semana, Rodrigo

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