sábado, 5 de novembro de 2011

Esta geração não se rende!

Abril apanhou-me com 19 anos, acabadinhos de fazer. Desde a primeira hora aderi entusiasticamente ao movimento dos capitães de Abril. Senti que finalmente estavamos a construir um País, em que a liberdade, a democracia, o fim da exploração desenfreada do homem pelo homem fossem realidades. Noites sem dormir, fins-de-semana ocupados na divulgação dum tempo novo que estava ali há espera que o construíssemos.

As forças derrotadas em Abril voltaram à carga. Veio o 28 de Setembro, vencemos. Veio o 11 de Março, vencemos. Veio o 25 de Novembro, fruto da divisão das forças Democráticas e da confusão instalada, ninguém venceu. Evitou-se sim uma guerra civil de consequências imprevisíveis. Creio que ainda há muito para escrever sobre este acontecimento. Tenho a ideia que apesar de tudo, venceu a inteligência e a Democracia sobreviveu.

Alguns anos de militância activa trouxeram-me algumas desilusões. Achei que, largos anos depois, estava na hora de viver a minha vida. Nunca deixando no entanto de estar atento e participar civicamente em todos os actos eleitorais.

Faço parte duma geração que secundarizou o acto generoso dos militares de Abril. Muitos de nós hoje perante a situação actual, nos interrogamos se valeu a pena? Sim valeu! Ouço e leio com frequência a pergunta se foi para isto que se fez Abril? Não, não foi! Mas Abril deu-nos algo que ainda não nos foi roubado. Deu-nos a liberdade. Saibamos usá-la e se no passado soubemos repelir os ataques que Abril sofreu, não é agora que nos vamos render.

2 comentários:

  1. Caro

    Se o 25 de Abril de 1974 valeu a pena?
    Considerando a intenção de uma maioria, direi que sim.
    E como eu teria gostado de continuar a assistir à alegria de um povo libertado das garras de uma ditadura.

    Os anos foram passando e não soubemos - ou alguém não quis que soubessemos - manter a chama acesa.

    Resisti na ideia de uma democracia até à "destruição" de Francisco Sá Carneiro.
    Não sendo eu social democrata, jamais poderei não reconhecer que ficou por ali a última esperança.

    A nossa geração ultrapassou muitos obstáculos. Não vai desistir, tenho a certeza.
    Mas, e falo por mim, já sem a força de outros tempos.

    Um abraço.

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  2. Meu amigo eu tinha 16 anos acabadinhos de fazer, portanto sei, senti e ainda sinto tudo o que o amigo acabou de escrever.
    Não podemos desistir (embora muitas vezes tenha essa vontade)nem nunca nos renderemos.
    Todos juntos podemos e devemos fazer a diferença.
    O meu abraço sempre solidário e amigo

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