sexta-feira, 24 de abril de 2015

De um dia para outro.

Há 41 anos exactamente neste dia e a esta hora (embora se sentisse um leve cheiro no ar) era quase impossível imaginar que estávamos na véspera de um dos acontecimentos mais marcantes do século XX. Era um jovem operário vidreiro com 19 anos. A única perspectiva de vida existente, era a de ir daí a algum tempo ir para a tropa e mais que certo ser enviado como carne para canhão para uma das “províncias ultramarinas” combater numa guerra que sabia ser injusta e sem sentido. A outra (em preparação) era dar o salto para França não por cobardia mas por convicção. Enquanto por cá andasse ia dando o meu modesto contributo no combate ao regime fascista que nos oprimia.
Mas de um dia para o outro tudo se alterou. As dúvidas iniciais foram sendo esclarecidas o povo da grande Lisboa veio para a rua em apoio dos corajosos militares e rapidamente aqui chegavam ecos de que desta vez era a sério. O regime fascista foi derrubado.

Hoje 41 anos depois sabemos que nem tudo correu bem. Mais do que historiar, sou dos que me interrogo dos porquês. Estamos longe da grande capacidade de mobilização popular vista nesses tempos. A classe política actual é olhada com desconfiança. Muitas das conquistas de então vão sendo roubadas. Portugal de Abril já não é o País em construção a que muitos de nós aderimos entusiasticamente.

Que neste Abril saibamos erguer bem alto os nossos sonhos e continuar a transmitir aos mais jovens que só com a luta e a participação cívica é possível inverter o caminho e voltar a ter o direito ao sonho.

sábado, 4 de abril de 2015

Páscoa e bons "Padrinhos".

Em véspera do dia de Páscoa e como não tenho nem nunca tive afilhados e os padrinhos já foram, dei comigo a pensar no significado desta palavra “padrinho” sim porque madrinha é na nossa sociedade apenas o prolongamento do dito padrinho.
Pelo que sei e nesta área é muito pouco, padrinho significa uma espécie de segundo pai e consequentemente segunda mãe, ou seja em caso de uma qualquer fatalidade e pela tradição católica (nem sei como é nas outras) os padrinhos (e madrinhas) devem-se substituir aos pais (corrigiam-me por favor, se não for assim).

Ora bem. Como não me perguntaram se queria ser baptizado e em qual das religiões existentes à época, lá me lavaram a cabeça numa das pias da igreja católica, não me lembro mas deve ter sido mais ou menos isto. Nem me lembro sequer se barafustei, mas pelo que ainda hoje vejo, imagino que sim.
Mas esta conversa que não desata daqui tem outro objectivo, falar (ou tentar falar sobre padrinhos). Acho que sempre ouvi a utilização da expressão “padrinhos” muitas vezes relacionada com outros aspectos da vida que não o sentido canónico/religioso, mas no que diz respeito à “sorte” na vida. Embora me pareça que esteja um pouco em desuso esta expressão, ainda me lembro que por estas bandas quem ascendia a um lugar um pouco mais elevado, era por ter um canudo (coisa rara, noutro tempo) ou por ter um bom padrinho, para conseguir um emprego numa determinada empresa (independentemente do lugar, era precisa a cunha de um padrinho) consta até que um tal de primeiro-ministro deste desgraçado País, só lá chegou graças ao seu “padrinho” (um tal de Ângelo qualquer coisa).

Como dentro de alguns meses vamos eleger novamente uma catrefada de deputados e nessa altura a Páscoa já lá vai, certamente que os “padrinhos” vão continuar a ter a sua importância. Quatro anitos como deputado da Nação, vale mais que um bom folar e é a esses “padrinhos “que há que tratar bem. Né!?